Capítulo 7 (A.f)

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Vendo Jacob se reunir com os mestres da caça para formarem um ataque estratégico, Ji-ham se questionou do porquê Pheli'n não estava com eles, mas sim, ao seu lado, colocando pólvora nos canhões.

Ou! Por que está aqui? ― perguntou, largando o trabalho.

― Que? Como assim? ― Pheli'n não conseguia prestar muita atenção na pergunta, preparando os canhões com uma euforia eletrizante mesclada ao nervosismo.

― Não devia estar com os mestres da caça? Você é um deles, não é? ― Ji-ham continuava suas perguntas.

― O Jim... Não é melhor conversarmos sobre isso depois? ― Pheli'n sugeriu, pois definitivamente uma guerra não era o melhor momento para trocar papo. Até porque, o barulho constante de tiros obrigava eles a terem que gritar para se ouvirem.

― Não! ― Ji-ham afirmou. ― Eu tenho certeza que matar uma fera é a única condição pra se tornar um mestre da caça... Então por que você não é um?

― Porque eu recusei! ― Pheli'n gritou. Tanto pelo barulho, quanto por já estar irritado com as inconveniências de Ji-ham.

― O que? POR QUE!? ― Ji-ham estava indignado. Ele não via qualquer motivo para alguém negar esse tipo de oportunidade.

― "Por que"? ― Pheli'n não acreditou que Ji-ham estava lhe cobrando explicações, ainda mais em um momento tão inoportuno. ― Estamos em guerra! Qual o seu problema!?

― Qual o SEU problema!? ― Ji-ham persistia na sua indignação. ― Ganhou a oportunidade dos sonhos! Por que recusou?

― Talvez seja o SEU sonho, mas não o meu!

― Mentiroso! ― Ji-ham esbravejou. ― Quem não quer ser um mestre da caça? Aposto que ficou com medo de enfrentar mais monstros, por isso recusou!

― Não foi eu que me escondi nos lençóis quando a batalha começou! ― Pheli'n deixou sua raiva sair, humilhando Ji-ham com a situação do dia anterior.

Ji-ham paralisou naquele momento. Era como ouvir seu pai falando... A voz ríspida ecoando humilhações e desprezos por dentro dele. Sua mãe teria vergonha de você!
Uma dor aguda percorreu seu interior, palavras e gritos ficaram presos em sua garganta. Piscando os olhos, ele sentia a umidade se acumular, deixando sua visão embaçada. Lembranças como aquela, lhe davam o desejo desesperado de gritar e chorar, mas ele não faria isso na frente de terceiros. Preferiu se agarrar ao ódio, pulando Pheli'n na intenção de esmurra-lo, enquanto berrava de raiva.

― Você não é melhor do que eu!

― Não vem! ― Pheli'n gritou, antes de empurrar Ji-ham para o lado e subir em cima dele. ― Você é insuportável! Folgado! E um interesseiro de merda!

― Vai se fuder! ― Ji-ham empurrou Pheli'n e passou a ficar por cima dele novamente. Os olhos estavam vermelhos de raiva e sentimentos melancólicos que foram reprimidos. ― Você não me conhece!

― A pior parte eu conheço. Se é que você tem alguma boa! ― Pheli'n falou, ainda estando por baixo. Tentou se mexer, mas as coxas de Ji-ham estavam envolta de seus braços, prendendo-os contra o corpo.

Ji-ham então levantou seu punho cerrado, pronto para dar um soco em Pheli'n. Ele puxava o ar, fungando como uma espécie de choro de ódio. Seus lábios tremiam, assim como suas mãos, quando de repente, tudo ficou quieto. Uma quietude tão repentina que chamou a atenção de ambos.
O navio não balançava mais e os tiros pararam. Curiosos, Pheli'n e Ji-ham esqueceram um ao outro e foram para o convés ver o que estava acontecendo.
Lá, onde todos os marinheiros estavam despreocupados e até aliviados, eles puderam ver o capitão subindo ao navio com o chifre do rosado em mãos, enquanto o monstro já afundava sem vida no fundo do mar. Orgulhoso, o Capitão levantou o chifre para o alto, simbolizando a vitória do Inevitável.

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