Capitulo 18 (A.f)

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Na cabine do capitão, estavam os três; Jacob, Sarah e o capitão, ao redor da mesa, analisando o mapa que estava sobre ela.

― Estamos aqui... ― o Capitão apontava no mapa, uma parte do mar perto de duas ilhas extensas que formavam uma passagem do mar entre elas; mais conhecida como a Fenda das Sereias. O plano era desviar e passar ao redor das ilhas, pois no meio... No meio das ilhas as águas eram dominadas por seres carnívoros e impiedosos. Monstros, peixes-humanoides assustadores. ― A tempestade está nesse meio, entre nós e a fenda... ― o Capitão parecia pensativo.

― Parece tudo muito perto ― Jacob comentou.

― Isso não é bom ― Sarah acrescentou.

― E se parte dessa tempestade estiver dentro da fenda? ― Jacob questionou.

― Não está ― afirmou o Capitão. ― E mesmo se estiver, não será um problema.

― Como não?! ― Jacob elevou um pouco a voz. Sarah lhe deu um olhar de censura nesse momento. ― Sabe que perdemos a direção em tempestades, Capitão. Podemos acabar dentro da fenda!

― É só uma hipótese, Jacob! Algumas tempestades podem sim nos tirar da rota, mas essa não. Já vimos que é uma tempestade média, e não possui força para nos desviar ― o Capitão se mantinha firme na decisão.

― Ainda acho que devíamos desviar da tempestade...

― Jacob... ― Sarah chamou a atenção, vendo que ele estava deixando o medo falar mais alto do que devia.

― Dá tempo, Capitão! ― Jacob a ignorou e persistiu.

― Jacob! ― o Capitão segurou Jacob pelos ombros. Precisava acalmá-lo, pois estava muito nervoso com a tempestade. ― Sei que tem medo das tempestades...

― Sabe que não é delas... ― Jacob corrigiu. Um silêncio tomou a cabine por alguns segundos. Então o Capitão suspirou e voltou a falar.

― Em 20 anos não teve qualquer relato da Ceifadora cinzenta ― a verdade finalmente foi colocada sobre aquela mesa. A verdadeira preocupação de Jacob... O monstro tempestuoso que ataca e destrói embarcações durante a noite.

― Talvez não sobrevivam pra relatar... ― usando um pouco do sarcasmo, Jacob falou uma verdade inegável.

Ele sabia que era quase impossível sair vivo de um ataque da Ceifadora. Essa verdade marcou sua infância, deixando traumas e um pesadelo que ele jamais esqueceria.
O pesadelo no qual é um garotinho em um pedaço de madeira, boiando em meio às ondas e os raios verdes. Destroços do navio ao seu redor, enquanto tudo afunda: Navio, tripulação... Tudo. Exceto ele. O peso inexplicável de ser o único sobrevivente.
E como se o pesadelo já não fosse apavorante o suficiente, ao olhar para baixo, o garotinho assustado vê a arraia manta colossal nadar abaixo dele, revelando a inferioridade dos humanos perante sua grandeza. Um pesadelo que Jacob ainda revive durante as noites, como se os sonhos quisessem refrescar sua memória.

― Você sobreviveu ― Sarah se colocou na conversa, dizendo uma verdade crucial que Jacob parecia esquecer. ― E era só um garoto.

― Ai ― O capitão concordou. ― Foi forte para aquela criatura, e será ainda mais agora que é um homem. Jacob... Você é o caçador. Não se esqueça.

― Ai ― Jacob assentiu com a cabeça, mas ainda tinha um semblante inseguro.

Assim, eles voltaram a conversar sobre a melhor forma de lidar com a tempestade. A conversa não durou muito tempo. Eles dividiram os lugares onde cada marinheiro seria útil, para o Capitão depois avisar seus postos e deveres.

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