Capítulo 3

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— Que filho da puta! — Minha amiga disse revoltada assim que terminei de lhe contar sobre minha briga com Rodrigo.

Micaela se levantou do sofá onde estávamos sentadas e começou a andar pela minha sala com as mãos na cintura balançando a cabeça negativamente.

— Eu não acredito que aquele pedaço de merda teve coragem de te falar esses absurdos.

— Pois é. — Respondi desviando o olhar para minhas mãos.

— E como você tá depois de tudo isso? — Ela perguntou voltando a se sentar ao meu lado.

— Ainda estou chocada. — Dei uma risada sem humor e coloquei uma mecha do meu cabelo atrás da orelha — nós ficamos juntos por três anos e ele nunca me falou sobre as coisas que não gostava em mim. Poxa, até do sexo ele reclamou Mica.

Levantei o olhar para minha amiga e vi em seu rosto envolto de sardas um misto de compaixão e raiva passarem por seus olhos acinzentados.

— Do jeito que ele disse, fez parecer que estar comigo era uma tortura sabe?

— Desgraçado. — Minha amiga disse num sussurro e me puxou para um abraço. — Mel, presta atenção no que eu vou te dizer. — Ela se afastou e me segurou pelos ombros me fazendo encarar seus olhos que me observavam fixamente por baixo das sobrancelhas grossas — Você é incrível. Não importa o que aquele babaca tenha dito, você é linda, divertida, inteligente é basicamente a definição de um mulherão da porra.

Acabei rindo da última parte e minha amiga deu um sorriso também.

— Eu tô falando sério. E vamos ser sinceras, você vai ficar muito melhor sem aquele encosto na sua vida. — Soltei um suspiro concordando com um aceno de cabeça e tentando me convencer de tudo que minha amiga dizia. — Agora me fala, tem alguma coisa dele aqui? Nós podemos fazer uma mini fogueira e queimar tudo.

Dei uma gargalhada com a seriedade com que Micaela falou. Ela parecia uma criança planejando uma travessura.

— Você ri, mas eu tô falando sério. Já queimei as coisas de uma ex minha uma vez, digo por experiência própria que vai te fazer se sentir melhor.

— Na verdade, eu já fiz uma coisa que me fez bem. — Falei baixo e não consegui conter o sorriso malicioso que surgiu em meu rosto.

— Melissa... Eu conheço esse sorrisinho. Me conta tudo que aconteceu! — Micaela praticamente gritou e eu coloquei as mãos sobre sua boca.

— Eu vou contar, mas não grita. Daqui a pouco o síndico bate aqui, já basta a gritaria que foi minha briga com o Rodrigo.

— Ok. Vou ficar quietinha, mas me conta tudo e com detalhes!

— Tá bom, mas você pode me ajudar a arrumar aquela bagunça enquanto eu falo?

— Bora. — Mica respondeu já se levantando e quando chegamos à cozinha começamos a catar os cacos no chão.

— Bom, depois que o Rodrigo foi embora eu quis provar pra mim mesma que eu não era uma careta como ele disse — comecei a falar enquanto colocava alguns cacos no lixo. — Então eu coloquei aquele vestido que você me deu, me arrumei e fui pra uma balada.

— Você o quê?! — Micaela me olhou surpresa, o sorriso em seu rosto tão grande quanto o do Coringa.

— Isso que você ouviu. O Rodrigo disse que eu não fazia nada de diferente, que não saía da rotina, então resolvi fazer o contrário. Fui para uma balada decidida a transar com alguém. Eu queria basicamente sexo sem compromisso. — Falei ainda focada em pegar as coisas do chão e quando levantei o olhar vi minha amiga me encarando boquiaberta.

De Repente AmoraOnde histórias criam vida. Descubra agora