Depois do susto que tiveram com a descoberta da gravidez as coisas com meus pais voltaram ao normal. Ou pelo menos o mais próximo disso, já que agora, eu recebia ligações com uma frequência quase absurda onde eles sempre queriam saber como eu e o bebê estávamos. Como sempre acontecia aos domingos, eu fui à missa, e por não ter que fazer nenhuma leitura me sentei no mesmo banco que eles. Assim que a celebração acabasse eu iria almoçar na minha antiga casa, o que se tornou uma espécie de tradição desde que passei a morar sozinha.
Alguns minutos depois Clara apareceu e se sentou ao meu lado no banco de madeira escura. Eu a cumprimentei como sempre fazia e depois de trocarmos algumas palavras o padre entrou e ficamos em silêncio voltando nossa atenção para o altar. Não sabia se era apenas coisa da minha cabeça, mas em alguns momentos tive a impressão de que ela me observava.
A celebração seguiu como sempre e acabei esquecendo isso até que, quando a missa acabou e eu estava indo em direção ao carro dos meus pais, ela segurou delicadamente sobre um dos meus ombros e perguntou se poderia falar comigo.
— Mãe, pai, vocês podem me esperar um pouco? — Perguntei aos dois e eles se viraram para mim.
— Sim. Estamos no carro. — Minha mãe respondeu e depois se despediu de Clara com um sorriso.
— Pode falar. — Eu disse a minha amiga assim que a alcancei sob a sombra de uma árvore do lado de fora da igreja e ela abriu um sorriso amarelo.
— Isso é um pouco constrangedor, mas como sua amiga eu sinto que posso te falar — ela começou e senti meu cenho se franzir como resposta da confusão sobre o assunto — eu estava reparando e... Percebi que você engordou um pouquinho. — Ela falou baixo como se estivéssemos confabulando sobre como roubar um banco — mas não é uma coisa que se nota a distância nem nada do tipo. Eu só estou falando porque vou à academia alguns dias na semana e se você quiser nós podíamos ir juntas...
Eu definitivamente não esperava ouvir aquilo. Sabia sim que tinha engordado um pouco já que minha barriga estava crescendo a ponto de quase nenhuma das minhas roupas me servirem mais. Eu até tinha aproveitado o final do meu expediente no sábado para correr no shopping e comprar algumas roupas, incluindo o vestido que usava agora. Com comprimento um pouco abaixo da metade das minhas coxas ele era num tecido leve verde musgo e tinha a modelagem solta. Quando o vesti e me olhei no espelho gostei do que vi. Diferente de muitos que eu tinha provado, achava que ele não marcava tanto minha barriga, mas parece que eu estava errada.
— Clara — interrompi a mulher a minha frente no instante em que ela fez uma pausa para respirar porque estava falando tão rápido que eu ainda não tinha tido tempo de dizer nada — eu sei que engordei.
— Ai que alívio. Eu estava com medo de te falar e você ficar ofendida...
— Imagina. Tá tudo bem. — Clara sorriu visivelmente aliviada — mas aproveitando a deixa, eu preciso te contar uma coisa.
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De Repente Amora
RomansaEsperando receber flores e chocolates de presente no dia dos namorados, Melissa fica sem chão quando a única coisa que recebe do homem que acreditava que a amava é um pé na bunda. Magoada com o término inesperado e revoltada pelos absurdos que ouviu...