Esperando receber flores e chocolates de presente no dia dos namorados, Melissa fica sem chão quando a única coisa que recebe do homem que acreditava que a amava é um pé na bunda. Magoada com o término inesperado e revoltada pelos absurdos que ouviu...
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Conferi mais uma vez as horas no celular só para confirmar que estava encostado naquela árvore há quinze minutos. Não estava nos meus planos pedir que meu único dia de folga no mês fosse numa quinta-feira e não no fim de semana como fazia sempre, mas quando vi Melissa contando com aquele olhar triste como seria difícil ir sozinha à igreja depois da discussão que teve com a amiga eu simplesmente tomei uma decisão.
Não sabia nem quanto tempo fazia que eu não entrava numa igreja. Acho que a última vez tinha sido quando fui crismado no último ano da catequese, que só fiz porque minha mãe me obrigou. Depois que perguntei a Melissa qual igreja ela frequentava e em qual horário, me organizei para conseguir ir até lá. Quando cheguei dei uma olhada no lugar só para confirmar que ela ainda não estava lá e, depois caminhei até debaixo de uma das árvores da praça que me deixaria um pouco escondido para que, caso alguém olhasse ao redor não me visse de primeira. Com certeza seria estranho ver um cara todo de preto parado no meio da praça olhando para a porta da igreja. Agora, pensando melhor, já estava me arrependendo de ter escolhido essas roupas. Talvez não devia estar usando meus anéis também...
Enquanto pensava em todas as péssimas escolhas que tinha feito naquele começo de noite, a vi passar a alguns metros de mim totalmente alheia a minha presença.
Melissa estava simplesmente linda. Usava um vestido branco que olhando melhor, se parecia com uma camisa social que teve as mangas dobradas até metade dos antebraços. Ela tinha colocado um cinto preto abaixo dos seios fazendo com que sua cintura e a leve ondulação em sua barriga fossem perceptíveis e seu cabelo estava solto sobre seus ombros fazendo com que eu me lembrasse da sensação de tê-los entre meus dedos.
— Melissa — minha voz saiu rouca quando chamei seu nome e ela olhou para trás procurando saber de onde vinha o som.
Quando seus olhos castanhos pousaram em mim ela me observou da cabeça aos pés exatamente como eu tinha feito com ela segundos atrás.
— Nicolas? O que está fazendo aqui? — Ela perguntou com suas sobrancelhas se juntando em confusão.
— Bom, eu não consegui parar de pensar na conversa que tivemos na sua casa... Sobre aquela sua amiga provavelmente contar para todos sobre a gravidez — falei me afastando da árvore e indo em sua direção — então resolvi vir até aqui. Sei que não posso impedir que as pessoas te olhem torto, mas posso impedir que você passe por isso sozinha. — Eu então estendi uma das minhas mãos com a palma para cima enquanto pedia aos céus que ela não me expulsasse dali. — Que tal?
— Você tá me dizendo que veio até aqui e está disposto a entrar e assistir uma missa só pra não me deixar sozinha?
Confirmei apenas com um aceno de cabeça porque vendo ela colocar dessa forma me senti um pouco patético.
Melissa continuou me encarando sem dizer nada e tive certeza que iria rir da minha cara, mas para minha surpresa ela apenas colocou sua mão sobre a minha e eu instintivamente entrelacei nossos dedos.
