Esperando receber flores e chocolates de presente no dia dos namorados, Melissa fica sem chão quando a única coisa que recebe do homem que acreditava que a amava é um pé na bunda. Magoada com o término inesperado e revoltada pelos absurdos que ouviu...
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Smells like teen spirit do Nirvana explodia nos meus fones de ouvido quando tirei o refratário do forno. Queijo derretido cobria o macarrão que eu tinha misturado a carne moída e o cheiro estava bom pra cacete. Quando me virei para a bancada da cozinha dei de cara com o Davi parado junto a parede me encarando, na verdade, encarando o nosso almoço.
— Caralho! Eu odeio quando você faz isso. — Falei com ele sem ouvir direito minha própria voz e o vi responder alguma coisa, mas também não o ouvi por causa da música alta.
Assim que deixei o refratário sobre a bancada me livrei das luvas térmicas, tirei os fones e voltei a olhar para ele.
— Eu disse que tentei te avisar que tinha chegado. Mas você não ouviu... — ele apontou para o par de fones sem fio em minha mão — isso aqui tá com um cheiro bom demais. Já posso comer?
— Pode atacar. Só deixa um pouco pra mim beleza? — O provoquei enquanto ia em direção a mesa de cabeceira ao lado da minha cama guardar os fones.
Quando voltei a me aproximar da bancada que usávamos como mesa, encontrei Davi já de boca cheia diante de um prato tão cheio quanto e com um copo de refrigerante ao seu lado.
— Cara... — ele começou a falar assim que engoliu — eu já falei que te amo? Isso aqui tá foda!
Acabei dando uma risada enquanto também pegava um prato para mim, mas antes que eu começasse a me servir ouvi a porta ser aberta e rapidamente troquei olhares com meu amigo. No instante seguinte minha mãe apareceu em nosso campo de visão e a encaramos sem reação.
— Boa tarde pra vocês também. Não vão me convidar para almoçar?
— Oi tia... Como a senhora conseguiu entrar aqui? — Davi perguntou ainda com a boca cheia olhando perplexo para minha mãe que calmamente deixava sua bolsa sobre a minha cama.
— O Nicolas me deu uma cópia da chave. — Ela disse como se fosse óbvio e no instante seguinte Davi cravou os olhos em mim me fazendo dar um sorriso amarelo.
— Eu só dei porque a senhora pediu! — Tentei me justificar, mas ela me ignorou e pegou o prato que eu segurava.
— Você aprendeu a fazer o macarrão direitinho hein? — Minha mãe disse depois de observar o refratário à sua frente, mas como não teve resposta voltou o olhar para nós — e então, posso almoçar com vocês ou não?
— Claro que pode! Fica à vontade... — Respondi o óbvio porque mesmo sabendo que era a vontade de Davi, não expulsaria minha mãe da nossa casa.
Quando chegou à capital ela me disse que ficaria "alguns dias", mas não imaginei que seriam tantos. Já fazia uma semana desde que tínhamos ido conhecer os pais de Melissa, que para meu completo alívio pareceram gostar de mim e também caíram nas graças da minha mãe, e ela continuava hospedada numa pousada perto do meu prédio, já que mais uma pessoas na quitinete que eu dividia com Davi visivelmente não era uma opção.
