Capítulo 18

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Enquanto encarava o refrigerador cheio de iogurtes a minha frente dei um passo e senti uma fisgada na panturrilha esquerda

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Enquanto encarava o refrigerador cheio de iogurtes a minha frente dei um passo e senti uma fisgada na panturrilha esquerda. Involuntariamente fiz uma careta e quase deixei cair a cesta ainda vazia que eu segurava. Agora que já haviam passado alguns minutos desde que saí do estúdio, meus níveis de endorfina provavelmente tinham voltado ao normal e comecei a sentir as famosas "dorzinhas" que minha professora de pilates avisou que apareceriam. Eu tinha começado minhas aulas a duas semanas e já sentia dores em lugares do meu corpo que eu nem sabia que podiam doer.

Começar com o exercício só me fez perceber quão sedentária eu era, já que, nos primeiros dias, eu não conseguia nem me alongar direito e, quando tentei me defender, a professora riu e disse que o tamanho da minha barriga não servia de desculpa, já que ela tinha outras alunas em estágios de gravidez mais avançados que o meu e que faziam movimentos mil vezes mais complexos. Apesar de ser cansativo, era bom. Eu gostava da pequena rotina de sair do trabalho, passar em casa para trocar de roupa e ir para o estúdio. Mesmo fazendo pouco tempo eu já tinha percebido que deixar o sedentarismo trouxe algumas diferenças na minha vida do tipo, noites de sono melhores e mais disposição para fazer algumas coisas como, por exemplo, a caminhada que eu tinha feito hoje até o supermercado perto da minha casa.

Peguei o iogurte que queria e comecei a caminhar em direção ao hortifrúti quando de repente escutei algo que me fez congelar no lugar.

— Mel? — Assim que ouvi a voz atrás de mim, fechei os olhos amaldiçoando o momento em que decidi vir fazer compras ao invés de ir para casa. Lutando contra a vontade de fingir que não tinha ouvido ele me chamar respirei fundo e lentamente me virei em sua direção.

— Rodrigo... — Falei enquanto encarava os olhos castanhos que me observavam de volta. — Que coincidência... — Ele estava exatamente como que eu me lembrava, a única diferença era que o cabelo preto estava um pouco maior ao ponto de começar a formar pequenos cachos nas pontas.

— Pois é. — Ele deu uma risada sem graça — eu até procurei em outros lugares, mas só aqui encontro aquele queijo que eu gosto.

—  Ah sim — foi a única coisa que consegui dizer e logo um silêncio constrangedor se espalhou entre nós. — Aproveitou para fazer feira? — Perguntei apontando para o carrinho de supermercado a sua frente.

— Aproveitei sim. Eu cheguei de uma viagem essa semana e percebi que não tinha quase nada em casa, então...

— Hum — respondi sem saber o que falar e estava prestes a lhe dizer tchau quando ele voltou a falar.

— Você começou a malhar? — Rodrigo perguntou e de repente fiquei extremamente ciente do estado em que devia estar todo meu corpo: do all star surrado que eu usava, passando pela calça legging de cintura alta que cobria minha barriga a essa altura bem evidente, pelo croped folgado que se estendia até pouco abaixo dos meus seios e do meu cabelo que estava preso num rabo de cavalo, mas com alguns fios que teimavam em cair ao redor do meu rosto e sobre a minha nuca, consequentemente grudando em minha pele suada. Quando dei por mim estava apertando com força a alça de plástico da cesta que segurava numa tentativa, provavelmente falha, de não deixar transparecer meu constrangimento.

De Repente AmoraOnde histórias criam vida. Descubra agora