nota da autora, sempre me perguntam: endless foi escrita antes de memories. memories nasceu a partir de um capítulo de endless, então eu recomendo que vocês leiam endless antes de memories. (como se fosse a continuação, só que de memórias do passado!). acho q a ordem dos fatores não altera o resultado, mas penso assim!
boa leitura 😙
______________________________- Lá vem você com isso de novo! - Helô andava impaciente pelo apartamento.
- Aaaaiiiii! Pelo amor de deus Helô, eu só trouxe um vinho, nada demais. Quantas vezes eu já não fiz isso antes?
- Stenio. Olha bem pra mim. - Heloísa se posicionou na frente dele com ambas as mãos em seus ombros.
Sentiu seu estômago reviver borboletas e balançou levemente a cabeça, como se estivesse negando. Aquela era sua tentativa de matar as tais borboletas.
- Esse, Stenio, é exatamente o problema!
- Ué, a gente se conhece, a gente se dá bem.. Se a gente não puder continuar na amizade então qual o ponto de tudo que vivemos? Fala sério, Helô! Um vinho! Inocente!
- Me escuta. - Stenio continuava falando por cima da voz dela. - ME ESCUTA, PESTE!
Gritou ela, chamando a atenção dele. Stenio se calou na mesma hora e tentou olhar nos olhos dela.Helô balbuciava alguma coisa sobre o fato de conhecê-lo ser exatamente o problema.
- Quantas vezes você não já.. - Ele se distraiu olhando o contorno da boca dela. Será que se eles se beijassem depois do segundo divórcio ele ainda sentiria aquelas correntes elétricas passando por todo seu corpo? - .. veio aqui na amizade e aí BOOM! Quando eu vejo tu..
Stenio engoliu a seco com os flashbacks do gosto de Helô. Ele rapidamente perdeu seus pensamentos quando tinha começado inocentemente pensando no gosto do beijo, mas logo se visualizou entre as pernas dela. Ah, o arrepio definitivamente estava ali ainda e ele não precisava nem beijar aquela mulher para saber.
- ...vinhozinho bla bla bla e quando eu vejo BOOM! Tu acorda na minha cama. E eu que lute pra te botar pra fora né sua PRAGA!
Stenio riu descontraído. Ela gritando era divertida. Ele podia ouvi-la gritar por 100 anos e sabia que não se cansaria disso.
- A gente não pode se descuidar com você, Stenio.
Ele agora sorria. Aquela era uma frase que ela falava bastante. E o sotaque carioca puxando tudo deixava a frase ainda mais gostosa de ouvir. Só ela falava o nome dele daquele jeito.
Se distraiu completamente encarando o decote dela. Ela agora tinha um piercing microdermal no peito, como se os decotes que ela usava ja não fossem suficientes para atrair atenção suficiente. Ele ficou muito interessado por longos minutos encarando aquilo tudo enquanto conversavam.
- Mas ia ser tão ruim assim?
O corpo de Helô parecia um imã. Quando ela notou, estava engolindo a seco por ficar encarando os lábios de Stenio tempo demais. Assim que ela caiu em si, piscou prolongadamente e respirou fundo, dando apenas um passo para trás. Distante o suficiente, mas não tão distante como ela não gostaria de estar.
- O que? - Ela perguntou, um pouco tonta.
- O que o que? - Ele ergueu uma sobrancelha rebatendo a pergunta.
- O que seria ruim? Não entendi muito bem o que.. Você quis dizer.
Stenio deu um passo em direção à ela, acabando com aquela medida de prevenção de um passo para trás que ela havia acabado de dar. Ele se aproximou de forma a roçar o nariz no dela.
- Seria tão ruim assim, você se descuidar perto de mim? - Sussurrou ele no ouvido dela.
Helô fechou os olhos assim que ele se aproximou. Tinha algo tão embriagante naquele homem que toda vez que ela deitava a cabeça no travesseiro, ela não sabia definir o que era. Achava que era o combo Stenio Alencar. Só de estar perto dela, ela se desmontava toda, e sabia disso. Mas ele sabia exatamente como mexer com ela. Como se aproximar aos poucos, sussurrar pertinho de seu ouvido e de seu pescoço de modo a arrepiar seu corpo da cabeça aos pés. E a voz! Ele alterava a voz de modo que a entonação ficava perfeita para cada situação.
Helô não conseguiu responder. Nem tentou. Não experimentava dessa aproximação há 3 anos. Sentia que havia perdido a capacidade de se afastar tão rapidamente. Anos atrás, ela não iria pensar duas vezes antes de berrar enxotando ele dali. Mas ela sentia tanta saudade que isso passava a ser cada vez mais difícil.
Stenio aproveitou quando notou o que estava causando nela, deslizando a mão pela lateral de seu corpo. A palma da mão esparramara, deslizou de forma a pegar Helo pela cintura. Um puxão curto, delicado e firme, ao mesmo tempo, agora colara o corpo dos dois em um só.
- Trocou o perfume, você?
- Perfume novo, né?
Eles disseram em uníssono ao mesmo tempo, e depois riram colo bobos bem baixinho. Helô apoiou ambas as mãos no peitoral dele.
- Sai de perto de miiiiim... - Ela murmurou.
- Eu amo o jeito que você diz isso sem fazer força nenhuma pra se afastar. - Ele continuava sussurrando em sua nuca, perto de seu ouvido. - É tão difícil assim só ficar quietinha, dona Helô? Você é a doutora delegada.. Se você não me quisesse aqui, você teria se desvencilhado em segundos.
- Ah, eu mereço. O advogado agora pensa. - Ela resmungou ironicamente.
- É advogato pra você. - Ele piscou com o
olho esquerdo.Helo gargalhou. Ninguém no mundo causava tantas sensações nela ao mesmo tempo. Stenio era genuinamente engraçado, sexy, irritante e.. perfeito. Perfeito para ela.
- São 11 horas, eu estou cansada. - Helô deitou a cabeça no ombro dele, apoiando a testa em seu peitoral depois. - Você podia só respeitar o que eu quero, mesmo. Sem eu precisar fazer um escândalo e..
- Ah eu sei bem o que você quer, Helô. - Ele sorriu para si mesmo.
Se havia algo que todos aqueles anos de idas e voltas com Heloísa em várias fases de suas vidas o haviam ensinado era como cuidar de todas as suas necessidades.
Helo sentiu os dedos de Stenio acariciando sua cintura por debaixo de sua blusa. Seu coração acelerou, e ela sentia seu rosto queimar. Gaguejou.
- Eu não quero mais brigar... Nem.. Amm.. Acordar os meus vizinhos.. - Ela lutava para sincronizar seus pensamentos de forma a ser mais forte do que todas as sensações causadas pelo ex.
- Já sei. - Stenio deslizou os dedos por entre os cabelos de Helô, dando uma pegada leve e gentil, fazendo ela olhar para ele como ele queria. - Por que não fazemos um trato?
- Que? - Helô perguntou genuinamente confusa. Ela estava em transe. Piscou algumas vezes, repetidamente, tentando se situar. Engoliu a seco e respirou fundo, se afastando.
- Eu faço o que eu quiser com você por uma noite. E se você achar que realmente não sente nada, que realmente não me ama mais, que nunca me amou, que a gente é uma perda de tempo desgraçada.. Eu juro por Deus que nunca mais te incomodo. Juro mesmo! - Ele levantou as mãos para o alto como gesto de sinceridade.
- Há! - Ela riu forçadamente. - Você não vai fazer nada comigo em lugar nenhum, nunca, não! Pode ir embora daqui.
- Heloísa Sampaio Alencar... - Ele falou o nome dela completo em forma de repreensão.
- Tu não bota teu sobrenome no meu nome que eu te juro que eu vou - Helô apontou o dedo na cara dele.
De repente teve flashbacks dos dois divórcios deles e se frustrou mais do que deveria.
- Quer saber? Vaza. Vaza daqui. Nada de vinho. Nada de nada. Nada de aposta. Chega. Nada de Stenio. Não tem Stenio na minha vida.