Helô se comoveu muito com Stenio bêbado se declarando pra ela. Abaixou o olhar e sentiu uma lágrima escorrer em seu rosto.
- Você tá chorando? - Stenio assustou, levantando o rosto dela com o dedo, delicadamente. - Ah não, não chora não, me desculpa. Eu vou ficar quieto. Eu vou embora eu juro. - Ele se apavorou, secando a lágrima dela com o polegar.
Helô riu.
- É muito difícil me fazer de durona pra tu o tempo todo, criatura. Me emocionei, só isso, tá tudo bem.
Stenio ficou fazendo carinho no rosto dela com o polegar.
- Helô.. Você me ama? - Ele ficou olhando pra cara dela intrigado e confuso.
Ela sorriu leve.
- Eu ein, que isso agora?
- É sério. Eu precisava saber. Você raramente falava. E você não diz, não demonstra, eu vejo.. Pelas coisas que você faz, como reage a mim. Mas eu queria saber. Você ama? Eu? Assim. Nem que seja um pouquinho.
Stenio fez o sinal com os dedos de um pouquinho. 🤏🏻
- Um pouquinho assim? - Ela imitou o gesto.
- É. Nem que seja assim bem pitiquitinho o tanto. - Ele se distraiu muito, ainda bêbado, fazendo o gesto.
Helô não parava de rir.
- Sim. - Ela assentiu com a cabeça.
- Nossa mas você não fala as palavras nem matando né, Helô? Você sabia que eu posso morrer? Eu posso sair daqui bêbado, sofrer um acidente e morrer e você não vai ter dito.
- Para de falar besteira, peste. Parou. Eu ein? Coisa ruim.
- Se eu morrer você vai se arrepender viu? Falar assim noooossa podia ter casado.. Um dois três.. - Ele ficou contando nos dedos. - Três vezes com meu ex!
Helô deu um tapa na mão dele.
- Já mandei parar de falar besteira, credo.
Stenio gargalhou.
- É. Não vai ficar chorando o leite derramado depois! Eu to aqui todo pra você pô. Você que não quer.
- Eu não quero? Agora pronto, eu que não quero?
- Sim ué você que não quer eu te chamei pra jantar você me negou, eu te mandei mensagem você não respondeu.. Você acha que eu não te adivinho não?
- Você me adivinha agora?
- Adivinho. Não tem ninguém que te conhece melhor que eu, nem meus sogros.
- Agora pronto, Stenio. Inacrê! Você não me vê há três anos.
Stenio ficou olhando para ela seguindo-a com o olhar.
- Você nunca vai ser minha de vez, né? - Ele admitiu para si mesmo.
- Eu realmente acho que devíamos conversar sobre tudo isso quando você estiver sóbrio.
Stenio se levantou, ajeitando o sapato nos pés.
- Não dá. A doutora delegada só sabe fugir de mim e me evitar. O dia que você me falar uma verdade, eu fico chocado.
- Stenio, aonde você vai uma hora dessas?
- Pra minha casa. - Ele se levantou, todo torto, quase caindo.
- Stenio, dorme aqui no sofá.
Ele riu com desdém.
- Tchau, Heloísa.
Foi até a porta, abriu, e pegou o elevador.
- Stenio! Stenio!! - Ela parou na porta do apartamento e bufou contrariada. - Saco.
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- Ele tava DIRIGINDO? - Ela exclamou inconformada no hospital. - Gente, aonde já se viu?
- Ué Helô, você não viu que ele tava de carro? - Guida comentou, devolvendo a culpa.
- Mas é ÓBVIO que eu não vi, ele não subiu de carro até o meu andar. Agora vocês.. Vocês viram ele chegar de carro no restaurante. Vocês viram ele sair do restaurante de carro também.
Moretti balançou a cabeça negativamente, contrariado.
- Gente, agora tanto faz de quem é a culpa. Não adianta nada. É só esperar que ele esteja bem e que nada de muito ruim tenha acontecido.
- MEU QUERIDO. - Heloísa deu três tapinhas nas costas dele. - Você está falando com uma DELEGADA é óbvio que eu quero saber quem foi o sem noção que deixou um carro na mão do bêbado do meu ex marido.
- Helô, se acalma, toma uma água com açúcar. - Leonor chegou perto dando o copo de plástico na mão dela.
- Não quero nada, não pedi nada. - Ela bufou, incomodada. Se sentou e apoiou a cabeça entre as mãos. - Ah meu Deus, Stenio. Que que eu faço agora.
- Um acompanhante pode ficar no quarto do paciente Stenio Alencar. - A enfermeira apareceu. - Ele já saiu de todos os exames e já foi medicado. Quem aqui vai ficar?
Leonor tentou falar, mas Helô foi mais rápida.
- Eu sou esposa dele. Ex. Esposa. Enfim. É complicado, mas eu vou.
- Está bem, senhora, por aqui. - A enfermeira fez um sinal para que Helô a seguisse.
Heloísa deu uma última olhada em todo mundo que estava ali.
- To com meu celular.. Conforme for eu aviso vocês.
- Tá bem. Estaremos aqui no horário de visita, só chamar.
Helô assentiu. Seguiu a enfermeira e foi para o quarto dele.
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- E ele tá bem, tá Donelô? - Creusa perguntou ao telefone.
Helô só se permitiu chorar na hora que ficou a sós com Stenio.
- Eu não sei, Creusita. Eu to apavorada. Ele tá dormindo, tomou muita medicação pra dor porque quebrou o braço esquerdo, e a clavícula também. O rosto tá todinho machucado. - Ela falava baixo do lado dele, enquanto fazia carinho em seu cabelo. - Tá dormindo aqui. Não consegui nem falar, tá dormindo igual uma pedra. Ele sempre teve sono pesado, né? - Ela riu leve se lembrando. - Lembra? No primeiro divórcio se enfiava lá em casa dormia na minha cama não acordava nem com meus gritos. - Ela riu se recordando das memórias boas.
- Fique despreocupada visse Donelô? - Creusa tentou acalmar a patroa. - Com certeza ele vai estar bem já já.
- Creusa, eu vou levar ele pra casa comigo quando ele ficar bem. Você pode ajeitar tudo aí? Ir na casa dele se preciso, pegar umas roupas. Vou cuidar dele. Ele não tem ninguém, não dá pra ficar no apartamento dele sozinho todo quebrado desse jeito. O médico disse que ele vai ter alta em algumas horas porque já fizeram tudo que podia fazer.. Só tá em observação pra garantir que tá tudo bem.
- A senhora pode deixar. Quando cês chegarem vai tá tudo aprumado pra ele! Muito legal da sua parte ajudar ele nesse momento de necessidade viu Donelô? - Elogiou Creusa.
- Obrigada Creusita. Por toda a força. Quando estivermos indo eu te aviso. Obrigada.
Helô desligou, e respirou fundo secando as lágrimas.
- Acho que agora eu entendi o que você me disse, Stenio. Eu imaginei minha vida sem você, e foi.. Realmente.. Insuportável. - Ela sussurrou para ele, antes de beijar sua testa. - To aqui, meu amor. Sua Helô vai cuidar de você.