Capítulo 12

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Cinco dias se passaram desde que Yuexiu voltou de seu encontro com Shizhen. Quando retornou contou a Daji que ele confessara seus sentimentos por ela. Yuexiu admitiu que também sentia o mesmo. Os dois combinaram então de se encontrar sempre no mesmo lugar e horário quando pudessem.
Sua dama de companhia estava feliz por ela, mas sabia o que viria a seguir. Teria que ajudá-la nos próximos encontros. O que certamente as colocariam em perigo. Já havia quebrado a promessa feita a si mesma de qualquer forma. Essa confusão toda ao menos a impediu de ficar pensando em Yi e no beijo desastroso que não durou mais do que dez segundos. Os dez segundos mais longos da vida de Daji. Agora além de seu coração, Yi também levara seu primeiro beijo. Bastardo miserável! Praguejou mentalmente.
Enquanto Yuexiu terminava seu banho, Daji ouviu alguém bater na porta.
- Com licença senhorita. Trouxe o vestido da lady Wu.
- Está bem. Obrigada.
O tal vestido que usaria no festival de primavera era na verdade um hanfu, diferente dos que ela usava em sua mansão. O tecido tinha tons violetas e azul. Flores rosas com pequenos ramos em dourado se formavam na faixa que usaria em sua cintura combinando com a barra do vestido. Havia também um par de enfeites verde-azulado para o cabelo, que se uniam através de uma correntinha com pingente azul turquesa. A roupa de Yi seria parecida com a dela. Era o primeiro evento oficial juntos.
- Quem era? - perguntou Yuexiu saindo do banho.
- Trouxeram a roupa que a senhorita usará no festival - Daji esticou o braço para entregar à ela.
- Ah é, o festival... - suspirou sem ânimo.
- Não fique assim. Lembra como você sempre ficava empolgada nessa época?
- Tem razão, apesar de agora ser diferente. Me pergunto como está o meu pai - falou pensativa colocando o hanfu sobre a cama.
- O festival acontecerá ao leste do palácio, é perto da província Dang - elucidou tentando animá-la.
- Verdade. Talvez possamos tentar persuadir o imperador a me deixar ir até lá - respondeu mais empolgada.
- Decerto. Podemos tentar.
O sorriso no rosto de Yuexiu a deixava mais tranquila, e ela também sentia falta de seu pai. Não seria um pedido impossível para o imperador Wu conceder.

Em seu quarto, o lorde Yi cerrava os punhos tentando controlar sua ira. Com passos pesados ele transitava pelo espaço entre a sua cama e a cadeira almofadada ocupada com a roupa que usaria em alguns dias no festival com Yuexiu. Nem precisava vê-la para saber que certamente as roupas combinavam.
A roupa era idêntica em quase todos os detalhes. O enfeite de seu cabelo seria a única coisa diferente. Enquanto o de Yuexiu tinha predominância da cor violeta e verde-azulado, o de Yi destacava-se o tom dourado com poucos detalhes do verde-azulado no topo da cabeça. O dourado em suas roupas e acessórios era puro ouro em formato sólido e de fios. O império Wu era abastecido dessa riqueza graças à união com o império da Lady Wen Jiahui e a influência comercial do imperador Wu.
Aquele hanfu perfeitamente bem ornado era a prova concreta do compromisso que o aguardava. Yi apertou ainda mais os dedos contra a palma da mão para não rasgar aquela roupa. Seus olhos percorreram o quarto até encontrar seu reflexo no espelho. No canto da sua boca a marca já não era mais tão visível. Pousando os dedos sobre a boca ele fechou os olhos e deixou seus pensamentos o levarem até Daji.
- Que bom que ainda estava aqui - disse Bai entrando no quarto quase sem fôlego, sua aparição repentina fez Yi abrir os olhos atônito.
- Por que? Algum problema?
- O imperador Wu pediu para chamá-lo. Ele estará lhe esperando do salão de reuniões.
- Ele disse o que queria comigo?
- Não. Até parece que não conhece seu pai. O imperador Wu nunca adianta o assunto, principalmente quando é com você.
- Droga. O que pode ser dessa vez!? - perguntou retoricamente analisando em seu comportamento algo que pudesse explicar isso.
- É melhor ir vê-lo logo - aconselhou Bai.
- Certo, farei isso.

O salão de reuniões parecia ficar mais longe à medida em que Yi se aproximava. Cada passo que dava era trêmulo. Ele nunca o desafiava sem motivo, mas sempre temia as consequências de seus atos sobre a reputação da família. Não fazia ideia do que seu pai queria conversar com ele, e isso o fazia hesitar. Não sabia o que esperar e como reagir. Parando diante da porta ele a encarou relutante e respirou fundo tomando coragem.
Do outro lado o imperador tamborilava freneticamente os dedos na mesinha ao lado de seu assento. As palavras de Yuexiu não saíam de sua cabeça. Era a primeira vez desde que chegou no palácio que ela o procurava. Cada frase da conversa que tiveram minutos antes de Yi chegar ali ressoava em seus pensamentos.
Enquanto esperava Yi passar por aquela porta, ele relembrava do que conversara com Yuexiu.

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