Yi encarava a garota à sua frente com atenção, mas não importava o quanto a observasse, não conseguia sentir nada por ela. Yuexiu tinha uma beleza estonteante, e isso ele concordava, mais seu coração permanecia sereno. Mas a jovem ao lado dela fazia ele perder totalmente o foco do que eles foram fazer ali. Sentindo o irmão cutucar o seu braço, ele voltou a si.
— Shizhen me contou sobre o dia em que se conheceram, e também sobre os encontros.
— Eu sinto muito – era um pedido de desculpas para os dois.
— Não precisa ficar assim. Eu sempre soube que ele estava gostando de uma garota do palácio, só não imaginava que fosse você.
Shizhen sorriu para ela, que suspirou aliviada por ele não estar com raiva dela.
— E agora que sei de quem se trata, farei o que puder para ajudá-los – as duas paralisaram com o que dissera.
— Você nos ajudará?
— Sim.
Daji começava a ficar levemente desconfiada das intenções do lorde. Ele não teria ganho nenhum com isso.
— Yuexiu, sei que ainda temos muito o que conversar, mas peço que o escute e confie nele. Quando se trata de mentir, ele é o melhor.
Yi fitou o irmão com um olhar que dizia "A última parte foi desnecessária!!"
— O que foi? – indagou o irmão sem entender.
Yi sacudiu a cabeça em negação.
— Quando a Zheng Yuexiu for se encontrar com Shizhen, sua dama de companhia ficará no seu lugar – sua voz ficou mais baixa em tom conspiratório. — Dessa forma ninguém vai perceber.
— Mas todo mundo ira notar a diferença.
— Não necessariamente – disse despertando um olhar curioso delas. — Eu virei ao pavilhão Xiangyou, assim ninguém nos incomodará.
— O seu plano não é simples demais? – perguntou Yuexiu duvidosa.
— Não se preocupe, é bom o bastante. Teremos alguns guardas de prontidão, incluindo Lihua.
As duas não conseguiram evitar de olharem uma para a outra. Ela era a guarda pessoal de Shizhen, e só agora elas se davam conta de que ela sempre soubera da verdade.
— Creio que as senhoritas sabem que podem confiar nela. Não é?
— Sim, nós sabemos – respondeu torcendo para que ele não descobrisse sobre a ida na casa de seu pai.
— Acho que isso era tudo o que tinha a dizer. Eu lhe espero lá fora – disse para o irmão, levantando-se ele estendeu a mão para Daji. — Você me acompanha?
Ela deu uma boa olhada para aquela mão estendida à sua frente hesitante, mas não recusou entendendo o que pretendia.
— Claro.
Os dois saíram e fecharam a porta deixando-os sozinhos. Daji sentou em um banco de balanço e Yi a acompanhou.
— A sua esposa o rejeita e se apaixona pelo seu irmão e você quer ajudá-los?
— Eu não a amo, nem ela me ama. Tudo essa situação é provisória.
Ela olhou para a grama debaixo de seus pés, pensativa.
— De qualquer maneira isso não combina muito com você.
— O que? Sentar em um balanço de madeira?– fingiu não entender.
— Não. Se propor a fazer esse papel. Tem muitas garotas qua adorariam ficar com você.
Ele a olhou com uma cara feia, mas estava claro que apenas fingia incômodo.
— Você ainda tem uma péssima impressão minha. Mas espero que isso possa mudar com o tempo que passaremos juntos.
Ele a deixava desorientada sempre que falava tão próximo à ela.
— Eu acho que o modo como lhe vejo já está mudando um pouco – seu cérebro e a sua boca definitivamente não estavam conectados.
— Então eu ainda tenho uma chance.
Daji não pôde questionar, Shizhen saira bem na hora fazendo Yi reclamar baixinho.
— Está tudo com vocês?
— Estava – respondeu por entre os dentes.
— Atrapalhei algo? – perguntou tentando não rir.
— Vamos embora – disse passando pelo irmão.
— Até breve Yuexiu.
Ela acenou para ele com um sorriso.
— Como foi a conversa?
— A gente esclareceu o mal-entendido do nosso primeiro encontro, e eu acabei contando para ele sobre as saídas do palácio.
— Você contou?
— Sim, ele entendeu. Mudando de assunto, talvez tenhamos nos enganado sobre o lorde Yi.
— É o que parece. Ele pode não ser tão mal quanto eu pensava.
— Sim. De todo modo eu não gostaria de permanecer casada com um homem que gosta de outra.
— De outra? Ele disse de quem…
Quando Daji percebeu um brilho triunfante nos olhos de Yuexiu ela interrompeu a fala.
— Shizhen tinha razão – disse agarrando o braço da sua dama de companhia. — Vocês gostam um do outro.
— Fale baixo e se eles voltarem – falou tapando a boca de Yuexiu.
— Está bem. Está bem – disse segurando as mãos de Daji. — Você dará uma chance a ele?
— Ele não passa de um mulherengo, e ainda por cima tem umas atitudes bem pueris.
— Ora, Daji. Todo homem é um pouco infantil perto da garota que ele gosta.
— O lorde Shizhen não é assim com você.
— Ele sabe que eu gosto dele. Já o lorde Yi não faz ideia do que você sente por ele. Entende?
— Você quer dizer que eu…
— Sim – disse de modo estridente. — Dê uma oportunidade a ele. Apenas tente, por favor.
— Certo. Eu quero descobrir por mim mesma o quanto ele mudou.
Uma semana se passou e Lihua repassava seu esquema de vigilância com Key e Ziyi, os dois guardas de confiança de Shizhen. Assim como SuLong e Huang se tornaram os de Yi, sob as ordens de Bai. O lorde seguiu para o pavilhão como o combinado.
Antes dele chegar, Daji ajudava sua senhorita a sair dali. Com a barra do vestido em uma das mãos, Yuexiu subiu no parapeito externo e passou as pernas tentando não cair. Alisando o tecido ela limpou a poeira que grudara. A dama de companhia acenou para ela, que se afastava. A janela havia ficado para trás, era um obstáculo a menos agora.
— Como vai senhorita?
— Bem, até esse momento – ironizou para disfarçar o nervosismo.
— Você é sempre tão receptiva comigo – provocou, entrando no quarto. — Ela já saiu?
— Sim. Não faz muito tempo.
— Quer dizer que estamos a sós? – disse com um sorriso malicioso.
— Não tente nenhuma gracinha.
— Eu não estou pensando em nada demais – levantou as mãos em protesto. — É só que, enquanto eles estão em um encontro, o que ficaremos fazendo até acabar?
— Tem razão. Não tinha pensado nisso.
— Você podia me contar como era a vida de vocês antes de virem para o palácio.
— Ah, acho que não é uma história muito interessante.
— Conte. Eu quero saber tudo sobre você.
Daji nem percebeu quando começara a falar, ele tinha esse poder sobre ela sempre que falava com tom sedutor perto dela.
Enquanto isso, no jardim que se encontraram da primeira vez, Shizhen e Yuexiu aproveitavam o tempo juntos. Lihua, Key e Ziyi figiavam os corredores e o canto exterior. Os três sabiam que era arriscado, mas fariam o que precisasse para manter aquilo em segredo.
— Será que eles estão bem?
— O meu irmão tem sentimentos sinceros pela a sua dama de companhia. Tenho certeza de que está tudo bem.
Yuexiu balançou a cabeça.
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Minha Senhora Predestinada
Narrativa StoricaYuexiu costumava sair escondida para praticar qinna em sua província com a ajuda de Daji. Porém, as suas quase tranquilas vidas mudam completamente quando Yuexiu aceita entrar em um casamento por contrato para quitar as dívidas do pai. A única condi...