Minha Senhora Predestinada

Capítulo 13

As flores do jardim do pavilhão Xiangyou exalavam seu perfume que se espalhava com o vento no início daquela manhã. Yuexiu calmamente demorou no banho mais tempo do que precisava. Era a primeira vez que sairia com o lorde Yi e estariam a sós. Sem Daji. Sem o guarda pessoal dele. Ninguém além dos dois durante um dia inteiro. Mesmo que estivessem cercados por outras pessoas, elas não sabiam que o casamento não ia bem.
- Você recebeu as roupas?
- Sim senhorita, mas e se algo der errado?
- Com o seu pessimismo certamente dará - zombou da falta de coragem de Daji.
- Não diga uma coisa dessas - disse segurando as mãos de Yuexiu.
- Vai dar tudo certo. Eu só vou sair por alguns instantes e você estará lá.
- Alguns instantes? Você não levará apenas alguns instantes para ver o seu pai - disse ainda preocupada.
- Daji. Ainda temos duas semanas, só precisamos seguir conforme o seu plano.
- Vai dar tudo certo. Você está certa - disse sentando na cama.
- Claro que vai. Nós já fizemos isso várias vezes.
- Mas nós nunca trocamos de lugar.
- Confie em mim mais uma vez - pediu sentando ao seu lado.
- Tudo bem. Está quase na hora da senhorita encontrar com o lorde Yi, eu a ajudarei com o hanfu.
Yuexiu respondeu fazendo uma careta. Toda aquela pompa era algo com a qual ela não conseguia se acostumar.
Os tons violeta e azul realçavam sua pele clara. Daji apertou em sua cintura a faixa adornada com desenhos de flores rosas. Com Yuexiu sentada diante do espelho ela penteava seu longo cabelo.
Quando Daji decidiu aceitar ser sua dama de companhia, Yuexiu dispensou as outras criadas que a ajudavam. Elas precisavam de mais privacidade para organizar as saídas de Yuexiu, por isso Daji passou a servi-la pessoalmente.
- Está pronta senhorita - avisou sua dama de companhia prendendo a última mecha solta com o enfeite verde-azulado.
- Como estou? - perguntou levantando-se.
- Está linda, digna de uma princesa. Falta só um detalhe - disse colocando o véu sobre a cabeça de Yuexiu.
- Agora é só esperar ele chegar.

Em seu quarto no pavilhão principal, o lorde Yi terminava de prender parte do cabelo com o atavio deixando duas madeixas soltas na frente assim como o resto que ficara solto. Bai o observava enquanto ele terminava de se arrumar.
Yi estendeu a mão gentilmente para o seu reflexo no espelho. Quando seus olhos encontraram o do seu outro eu, ele abriu um leve sorriso.
- Vamos minha querida esposa...? O que achou? - perguntou virando-se para Bai.
- Você melhorou muito desde o primeiro dia - elogiou ele.
- Me pergunto como essas suas frases poderiam funcionar com Lihua. Talvez seja você quem precise treinar - comentou fazendo os dois rirem.
- Cuide apenas da sua vida - brincou Bai.
- Certo - concordou com as mãos para cima.
- Ah! O festival da primavera - suspirou Bai admirando o jardim pela janela. - Mas conhecido como o festival das flores.
- Se só tem flores para quê eu preciso estar lá? - perguntou ironizando sem precisar de resposta.
- Pare de ser tão birrento Yi. É um evento importante para o império.
- Tsc.
- Você está me enrolando, não é?
- Não sei do que está falando - respondeu dando mais uma conferida no espelho.
- Ela já deve estar à sua espera Yi.
- Ótimo. Então pode ir buscá-la e certifique-se de que ela esteja usando véu.
- Você realmente não pretende ver como é a sua esposa? - perguntou se aproximando dele.
- O que há de bom em saber como ela é? - questionou Yi.
- Dizem que na Província Dang ela era a beleza número um - atiçou Bai.
- Pode até ser, mas aqui no palácio Wu, Daji é a beleza número um para mim.
- Mas é com a filha do duque Zheng que você casou.
- É só um negócio de qualquer forma. Não foi comigo que ela se casou, e sim com os cofres do império Wu. E eu também não casei com ela, mas com as terras do duque Zheng - explicou Yi.
- Mas você precisa interagir com ela hoje.
- Nós nem chegamos a consumar o casamento, essa é a verdade. Nós não temos intimidade nenhuma - disse com certa amargura.
- Se esse é o problema, como marido dela você poderia...
- Calado!! - retrucou gritando. - Eu nunca encostaria um dedo naquela garota - completou envergonhado.
- É claro. Afinal, isso nunca aconteceu com nenh...
- Shiiuu!! Se falar mais alguma coisa eu faço você deixar o posto de guarda pessoal - ameaçou com o rosto vermelho.
Bai contraiu os lábios tentando não rir da timidez repentina de Yingge, erguendo as mãos em derrota.
- Tudo bem. Tudo bem. Retiro o que disse.
- Apenas vá e a traga. Eu estarei esperando na carruagem.
- Como quiser lorde Wu Yingge - cutucou ele.
- Saia Li Bai - disse empurrando ele para fora.
Fechando a porta ele suspirou com os ombros mais relaxados.
- Insolente.