Fim da meia noite •|Kim Taehyung|•

05

Love chorou até dormir 4hrs da manhã. Quando acordou era umas 3hrs da tarde. Ao sair do quarto depois de escovar os dentes e lavar o rosto, foi até a cozinha, na sala e no quintal de casa, mas não encontrou sinal de seu pai.

Talvez estivesse trabalhando, pensou love. Foi para a sala e se sentou no sofá com as pernas encolhidas contra o busto. A casa estava fria e meio escura por causa do tempo cinza lá fora, o vento batia nas árvores e arranhava a janela de vidro da cozinha.

Love olhava fixamente para a tv desligada, pensando se deveria chorar agora ou deixar para mais tarde. Era bobo pensar isso e um tanto quanto sem sentido, mas ao mesmo tempo que ela sentia que choraria por anos e anos sem parar, também sentia que as lágrimas estavam cedendo a cada minuto e ela poderia se afogar a qualquer momento.

Sem perceber, o tempo passou, love nem ao menos se mexeu ou desviou o olhar. O tempo estava mais escuro quando o pai de love abriu a porta com tudo e a fez sair de sua pose. Quando colocou o pé no chão, gemeu, as pernas dormentes e doloridas. Quando chegou na cozinha depois de séculos, viu seu pai com uma garrafa de tequila na mesa e um maço de cigarro pela metade ao lado.

Era uma má ideia utilizar fogo perto de álcool puro, pensou love ao ver aquela cena horrível.

Seu pai estava mesmo cedendo a algo que só colocava na boca em dias de feriado, momentos festeiros e dias especiais. Era assustador para love e triste demais.

Love:Pai...-chamou sua atenção baixinho.

Ele não desviou o olhar do copo vazio em suas mãos. Era como ver um cadáver a sua frente, sem vida, sem cor, sem atos, sem nada.

Love:Pai! Pare de beber. -mandou, indo devagar ate ele.

Era doloroso demais vê-lo mal daquele jeito. Não bastava o que aconteceu, agora iria sofrer o dobro por ver o próprio pai se matando lentamente.
Ele não reagiu a sua voz grave e mandona, o que fez Love bufar. Ele encheu o copo e virou tudo de uma vez na boca, gemendo no final pela ardência causada.

Love:EU MANDEI PARAR! -gritou, tirando o copo e a bebida de perto dele.

E pela primeira vez...Love se sentiu amedrontada a frente do próprio pai.
Ele havia levantado com tudo e derrubado a cadeira por causa disso.

Pai:CALE A BOCA, VAGABUNDA! ME DEVOLTA! ANDE!

Seus olhos logo se inundaram e seu peito doeu, mas isso não a fez dar-lhe o que pediu.

Love:NÃO! Não vou deixar que acabe com a sua vida pelo que aconteceu. Você não é assim, nunca foi. A mamãe pode ter ido cedo demais...-Respirou, tentando conter as lágrimas que escorriam em gotas grossas pela bochecha-, mas você não pode ir também! Eu estou aqui, papai, me veja. -tentou se aproximar dele lentamente, mas a única coisa que recebeu foi um tapa estralado no rosto.

Não conseguiu reagir com o que havia acontecido. Sua mente rápida e ágil havia parado na menção que a dor ia se intensificando e contaminando toda a lateral do rosto acertado. Sentiu algo ferroso na boca e algo escorrendo pelo nariz. Lentamente olhou para o próprio pai, que a observava sem nenhum vestígio de culpa, apenas ódio inundando seus olhos.

Não recebeu um pedido de desculpa, apenas foi arrancado os objetos da mão e uma porta da frente sendo batida com tudo. Ela tropeçou nos próprios pés, para não cair, encostou-se na parede e deixou-se escorregar até o chão. Incrédula.

Tocou abaixo de seu nariz e olhou para os dedos onde estavam avermelhados pelo sangue. E isso foi a gota d'água pra ela. Correu até a porta da frente se derramando em lágrimas e correu pela rua deserta, fria e tenebrosa. Quando chegou no parquinho se jogou na areia e permitiu-se chorar, gritar e surrar a areia amarelada. E para piorar a situação, chuva começou a cair.