Capítulo 1

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Michael

Ouço um barulho de chutes e pancadas, um sorriso espontâneo escapando dos meus lábios enquanto caminho pela mansão dos meus velhos. Encontrando os dois no jardim, papai, o homem cheio de músculos e alto, repleto de equipamentos de proteção, enquanto mamãe, em toda sua pequenez e fofura - brutalidade também -, o batia com força.

mais um dia comum na mansão Kavinsk.

Não sei porquê ele se submetia à isso, deixar que ela batesse nele mesmo que não o machucasse. Quando criança isso me intrigava muito, e, quando perguntei, ele me respondeu com "é sempre bom apanhar de mulher bonita". Preferi não comentar depois disso.

Mesmo com a idade, mamãe ainda tem um corpo e físico perfeito pela prática de exercícios, assim como meu pai. Eles são velhinhos duros na queda e vivem arrumando confusão por aí. Ou melhor, a minha mãe, já que a mulher por si atraía confusão como olhares de homens.

- Atrapalho? - perguntei, fingindo estar descontraído.

Mamãe pulou, soltando um gritinho animada e correu até mim se jogando em meu colo. Uma gargalhada fogosa escapando de mim.

- Senti saudades!

- Mamãe, estou apenas três dias sem vim aqui.

Desde que comecei com a minha mudança, tem sido mais difícil parar quieto e tirar um tempo para vê-los. Ainda mais com toda a papelada da empresa que eu já tinha assumido semana passada, e, sinceramente, não sei como papai não ficou louco, porque faz apenas uns dias e eu já estou enlouquecendo.

- Mas eu senti saudades - fez biquinho e sorri, tocando seu queixo levemente.

- Coisa linda - murmuro - Eu também senti sua falta - ela sorriu sapeca e saiu caminhando até a cozinha, meu pai averiguando sua bunda enquanto ela caminhava.

- Pare com isso, seu tarado! - ele sorriu ladino, os olhos azuis cheio de malícia.

- Você sabe que eu faço bem mais do que olhar para toda essa gostosura que sua mãe é, né?

- Eu já pedi para você não me dar informações sobre isso.

ele deu de ombros - Vai dizer que nunca ouviu os barulhos?

- Pai! pelos Deus! para com isso - gargalhou.

- Estou brincando, seu moleque! - fizemos um toque de mão, um punho contra o outro e ele acenou para mim - Já tem alguma queixa sobre o novo trabalho?

- Sim, muitas. Pai, decidi que quero viver de vender minhas fotos nu em sites duvidosos.

- É O QUE MICHAEL? - mamãe gritou.

- VOU VIRAR UM ATOR PORNÔ, MÃE!

- VAI TRAZER DINHEIRO?

arregalei os olhos com a sua audácia e papai sorriu.

- Sua mãe é louca, você já deveria saber.

- Acho que a idade não fez bem para a sua velha - um chute na minha bunda me acertou e praguejei com ela atrás de mim - Ai! mãe! doeu.. - ela passou a mão no meu bumbum e gargalhei, essa mulher é louca.

- Sobre a empresa.. - meu pai ficou sério, era sempre assim quando se tratava de negócios.

- Estou com dificuldades.. não estão falando tão bem de mim por aí.. - suspirei desanimado - Muitos duvidam da minha capacidade como CEO.

- O que você esperava? - mamãe pergunta - Que fossem beijar seus pés por causa do seu pai? Oras! arregace as mangas e mostre do que você é capaz.

meu pai assentiu - Sua mãe está certa, as pessoas normalmente têm medo do novo, do que não conhecem, você precisa conquistar o seu espaço e mostrar suas novas ideias.

- E quanto à publicidade? - perguntei, coçando a nuca e me sentindo envergonhado.

eu geralmente sempre sabia o que fazer, e quando não sabia, me sentia um inútil por isso.

- Não se pressione - disse calmo, ele olhou em volta vendo que mamãe tinha voltado para a cozinha e tampou o lado da boca, como se fosse me contar um segredo e me inclinei para a frente - Eu e seus tios costumávamos sair com várias modelos, o povo gosta de comentar sobre a vida dos outros, é uma boa estratégia.

- EU OUVI ISSO HENDRICK KAVINSK, EU OUVI!

gargalhei, murmurando um "se fodeu" para ele.

- AMOR.. ESTRATÉGIA DE NEGÓCIOS..

- VOCÊ VAI DORMIR NO SOFÁ!

estiquei os lábios - Boa sorte para você - ele me mostrou o dedo.

Caminhei até a cozinha sentando no balcão, mamãe preparando guacamole e pondo tacos para mim - particularmente, eu amo, se um dia eu amar alguém mais do que tacos, me casarei com ela - e sorriu boba.

- Estou feliz por você, orgulhosa principalmente.

- Eu sei, mãe, eu sei - suspiro - Mas estou com medo de desapontar vocês.

ela deu a volta no balcão parando ao meu lado e beijou minha bochecha.

- Estamos aqui para apoiar você, Michael, guiar você para que se torne um homem melhor do que já é. Você é o homem mais inteligente que eu conheço.

- Opa, e eu? - papai resmungou entrando na cozinha.

- Não sei, pergunte as modelos..

ele engoliu em seco - Você está brava comigo? - ela deu de ombros em silêncio, ele abriu a boca completamente chocado - Eu só quis dizer que isso pode ajudá-lo um pouco.

- Que seja.. - murmurou e saiu da cozinha.

- Você está encrencado, Pai.

- Levanta essa bunda agora e vem comigo na floricultura.

- Fazer o quê?

- Vou comprar rosas e preparar um jantar para ela.. e.. - ele parou - Você não vai querer saber a continuação disso.

- Tem razão, eu não quero.

Desci do banco caminhando atrás dele, mamãe tinha subido para o quarto e estava tomando banho. Não acho que ela esteja realmente zangada, mas ela adora fazer isso porque sabe como mexe com o homem que ela tem.

•••

A mulher que nos atendia, bem mais velha do eu, de cabelos castanhos e seios fartos não parava de olhar para o meu pai com malícia. Ele coçou a barba antes de pegar a carteira e pagar as rosas, uma tática velha que ele sempre usava para mostrar a aliança, levando a mão ao rosto, bem sutil.

Sorri enquanto o acompanhava até a saída do lugar.

- Boa sorte com ela - falei - Você vai precisar.

- Eu quem o diga.. mas darei um jeito, você sabe..

- Eu sei, você ama a mamãe.

- Amo vocês dois, boa sorte com a empresa, pode me procurar se quiser e, sério, pensa no que eu falei. Não é necessário um compromisso, você só pode sair por aí com alguém.

- Pode deixar, Pai, eu vou pensar - fizemos o mesmo toque com as mãos e caminhei até meu carro.

Não é como se a ideia dele fosse ruim, as pessoas se alimentavam disso, de fofoca pura e boa. E aparecer com alguém, quando absolutamente ninguém nessa cidade me via namorando ou acompanhado em algum evento, seria um bom motivo para o falatório. Mas primeiro iria conversar com meu braço direito dentro da empresa, e depois, pensar sobre isso.

Olhei em meu relógio, pensando em passar no clube, mas desisti, precisava focar em outras coisas agora. E também já não é mais a mesma coisa desde que ela chegou lá, e é melhor que eu me mantenha distante.

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Boa leitura! ❤

HERDEIROS #2 - Nos olhos do CEO Onde histórias criam vida. Descubra agora