tempos depois...
Michael
Salto do carro com a minha mãe atrás de mim e aperto a sua mão com força, para passar lhe a segurança e certeza de que estou aqui, com ela.
Meu pai segura a sua outra mão, o buquê de flores na minha mão livre e suspiro olhando para o cemitério.
- Você tem certeza, mãe?
- Tenho - diz - Você nunca veio visitá-los, acho que agora é o momento.
Caminhamos juntos até a lápide onde mamãe se agachou, colocando as flores entre as duas e sinto meu peito apertar, com uma dor que eu jamais havia sentido antes quando pensava neles dois.
Provavelmente porque eu não fazia ideia do que tinha acontecido, e o que mais me doía, era saber que meus avós foram apenas mais uma das milhares de pessoas que já haviam sido mortas apenas pela cor.
Quando mamãe conversava comigo quando eu era apenas um garoto, me dizendo que muitas vezes eu iria ouvir e sentir olhares diferentes sobre mim, eu não entendia suas palavras. Mas, a medida em que fui crescendo e compreendendo, eu percebia os muitos olhares que eu recebia, na escola, na faculdade e até mesmo entre os meus sócios.
Porém, isso nunca havia me afetado de verdade, acho que é isso que acontece, nós estamos fadados a viver e lidar com isso pelo resto das nossas vidas, aguentar o ódio que semeia entre as pessoas por nós, como se fôssemos bichos ou até mesmo de outro mundo.
Eu nunca mudaria quem eu sou, jamais, em nenhuma hipótese da minha vida, eu sentiria vergonha da minha cor, porque ela carregava o peso de uma luta, o peso da resistência e da força.
não tinha porque me odiar, apenas me orgulhar.
Me abaixo até conseguir passar meus dedos nas lápides e meus olhos ficam marejados, minha mente imaginando como deve ter sido horrível para a minha mãe ter presenciado a morte dos próprios pais e ainda sim, ela está aqui, de pé e construindo uma família incrível.
- Eles estariam orgulhosos de você - sussurro para ela, meu pai de pé apenas respeitando o nosso espaço e ela sorri fraco.
- Você ia amar os dois..
- Eu os amo, mãe - falo - Você não faz ideia de como me sinto orgulhoso por ser seu filho, por fazer parte dessa família.
- Eu amo você, meu filho - mamãe sussurrou - Você é o meu coração fora do peito.
Me levanto a puxando para um abraço, deixando que ela chorasse em meu peito e logo meu pai se aproxima, abraçando nós dois por trás e murmurando palavras de conforto para nós.
- Vamos encontrar Marina e Carlos para almoçar, você quer vir? - mamãe pergunta.
- Sim, eu quero.
- Ótimo, então vamos - meu pai diz.
•••
- O noivo chegou! - anunciou Marina, eufórica e me enchendo de beijos - Onde está Maddison?
- Estudando para uma prova da faculdade.
- Estou com saudades dela!
- E de mim em? - mamãe faz bico enciumado e sorrimos.
- Nunca vi tanta mulher ciumenta em uma só família - vô Carlos resmunga.
- Isso é verdade.
- Você fala como se não fosse ciumento, né, Carlos? - vovó retruca e meu pai franze o cenho.
- O que está havendo aqui? - pergunta.
- Estou interessado para saber - nos sentamos na mesa e começamos a fazer nossos pedidos.
- Seu avô surtou com ciúmes!
- Eu não surtei, aquele velho era um safado!
- Que velho gente? - mamãe pergunta, curiosa como é.
- Seu vô ficou com ciúmes do velho que estava sentado ao meu lado no bingo.
- Não acredito nisso - meu pai diz - Velho desse jeito e com ciúmes?
- Olha essa thuthuca meu filho - se defende - Morro de ciúmes.
- Ele não fez nada demais.
- Imagina - resmungou - Ganhou o prêmio e te deu! na maior cara de pau ainda!
- Tô chocado, vô..
- Acredita nisso? eu bem que devia ter batido nele com a minha bengala! safado!
gargalho.
- Você não acha que está velho demais para brigar com alguém por aí?
- Tô nada! eu aguento! essa belezura aqui é só minha.
Marina ri boba - Eu vou ser de quem eu quiser!
- Que isso, mulher!? quer me matar?
- Para com esse ciúmes bobo, homem! aguenta nem se abaixar direito!
- Mas consigo mover meu braço pra enfiar a bengala no rabo dele! - grita, as pessoas ao redor olhando para nós e gargalhando.
- É isso, vô!
- Quer saber? eu também concordo! - meu pai diz, mamãe o dando um beliscão - Se a minha mulher concordar, eu também concordo!
Gargalhei, morrendo de saudades da minha coisinha linda que estava em casa estudando.
Viver ao lado da minha noiva era de longe a melhor época da minha vida, Maddison e eu ainda brigávamos pela diferença enorme que existia entre nós, mas, iríamos ajeitando nosso relacionamento aos poucos até que enfim se torne estável e bom para ambos.
até porque, é isso que fazemos quando amamos alguém, conversamos, se for preciso, damos o braço à torcer para aceitar as escolhas do outro e tudo bem, é assim que relacionamentos crescem e tendem a prosperar.
Maddison sempre estaria como minha prioridade, mas acima de tudo, nosso bem-estar com relação ao nosso casamento, porque pelo menos para mim, não compensa manter algo onde não favorece para ambos.
E por isso, vou me certificar de amar essa mulher cada dia mais, à cada minuto e segundo em que eu estiver vivo.
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Boa leitura! ❤
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HERDEIROS #2 - Nos olhos do CEO
Romance"eu tinha que manter distância dele, mas todo o meu corpo ardia e gritava para que ele me tocasse." Maddison Blair é uma mulher forte, forçada a amadurecer cedo demais pela realidade que vivia, muitas vezes acaba sendo cabeça dura demais com as coi...