Capítulo 4

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Maddy

O despertador toca às dez da noite, me fazendo soltar um suspiro cansado e baixo, meu corpo pedindo para que eu fique na cama e não vá para mais um dia de humilhação. Mas a voz de Brad ecoa na minha mente, então, me encorajo a levantar e caminhar até o banheiro, tomando um banho rápido, me enrolo na única toalha que tenho e pego a mala com as várias lingiries que foram dadas pelo meu local de trabalho. Engulo em seco e, mais uma vez, passo por cima de tudo para vesti-la, o gosto amargo na minha boca sempre presente ali.

decepção.

Decepção por estar em uma situação sem saída, decepção por trabalhar vendendo meu corpo dessa forma. Por deixar que mãos passem pelo corpo e respiro fundo.

Não vá lá.

- Você não tem tempo para ficar chorando, Maddy.. – murmurei, vestindo um vestido qualquer dos poucos que eu tinha.

Não, eu não tinha dinheiro porque tudo que eu recebia, Brad aparecia para tomar de mim e também, me dar uma surra. Sempre me lembrando do quanto eu não valia nada e que nem mesmo vender meu corpo iria me fazer conseguir me livrar da dívida alta que tenho com ele.

Conheci Brad quando eu tinha dezesseis anos, ingênua, as emoções ainda à flor da pele, minha mãe era uma viciada em drogas que sempre arrumava confusão por tudo e trazia para dentro de casa. Meu pai, bom, esse eu nunca tinha conhecido. Brad e eu engatamos um namoro na mesma época, ele era legal e me ajudava com algumas coisas dentro de casa, como comida e até mesmo fornecia droga para os vícios da minha mãe, e também me ajudava a fugir quando tudo estava ruim. Mas desandou quando passei a morar com ele depois que mamãe morreu de overdose, as traições começaram a surgir, as decepções, as brigas, as agressões.. minha vida tinha virado um inferno, o homem que jurava me amar me causava medo.

Me perguntava se eu estava pagando por sempre pedir que minha mãe partisse de uma vez, não sou uma filha ruim, eu nunca fui, muitas vezes me virei para pagar a dívida que ela tinha com os traficantes e deixar que ela vivesse. Mas sempre tinha aquele um segundo de hesitação, aquele um segundo que me fazia repensar se eu realmente era uma pessoa de bom coração. Descobri que eu era, só estava cansada de tentar ajudar alguém que não queria ajuda.

Quando fugi para cá das garras de Brad, depois dele me bater na frente de toda a rua, ele iria me matar. E enquanto eu estava jogada no chão, sendo atacada por golpes de uma ripa de madeira, eu quis, céus, somente Deus sabe o quanto eu quis, melhor, eu desejei morrer. Mas os moradores da rua interviram e me ajudaram a fugir, me dando dinheiro para que eu conseguisse sobreviver pelo menos por dois dias. Mas nem tudo é um mar de rosas, ele me encontrou dois meses depois e iria me arrastar de volta para sua casa, mas consegui convencê-lo em pagar tudo que devo e enfim ele me deixar em paz, porém, não fiquei livre de apanhar outra vez.

suspirei desanimada, abrindo a geladeira e vendo somente duas garrafas de água, as prestações do kit net de um cômodo só atrasadas em cima da mesa, tombei a cabeça na porta da geladeira, eu estava ferrada.

Pensei em começar a esconder dinheiro de Brad, mas ele já sabia quanto eu recebia porque roubou meu primeiro salário, logo, ele saberia e acabaria comigo. E eu estou tão cansada.. tão cansada de lutar que sinto um nó se formar na minha garganta cada vez que abro os olhos. Algo do tipo "droga, ainda estou viva".

Tomo um gole de água e desço as pressas, me escondendo do síndico do prédio que me cobrava e ameaçava me por na rua todos os dias e corri pelas ruas sabendo que estava atrasada. Meu cliente chegaria daqui uma hora e eu estava longe de chegar na boate, estou ferrada. Maddison Blair, a ferrada.

Os seguranças abriram espaço para mim sorrindo como sempre e os retribui. Thiago estava encostado no balcão conversando com CJ, ela era uma mulher muito mais velha do que eu, tinha por volta dos seus 34 anos e trabalhava apenas como o braço direito de Thiago, meu chefe. Seus cabelos eram loiros e os olhos cor de mel, ela era bonita, isso eu tinha que admitir e sem contar que tinha uma energia e tanto.

HERDEIROS #2 - Nos olhos do CEO Onde histórias criam vida. Descubra agora