|Capítulo 00|

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P.O.V Adeline Swan

Às vezes, me vejo questionando o propósito profundo da minha existência neste vasto mundo. Desde o instante em que entrei nessa jornada chamada vida, uma sensação avassaladora de diferença me acompanha, como se houvesse duas entidades dentro de mim, uma aprisionada e pulsante em meu âmago.

O amor maternal sempre foi uma quimera distante para mim, uma ausência de carinho que tornava minha presença imperceptível para ela. Minha mãe nunca soube oferecer afeto, e em seu olhar, eu parecia ser apenas uma sombra, uma presença negligenciada. Quanto ao meu pai, um mistério paira sobre sua identidade, pois minha mãe afirmava que ele desapareceu quando ela descobriu sua gravidez aos 20 anos. Às vezes, o eco de arrependimento pela minha chegada parece ecoar na alma dela.

Sentada no fundo da sala, observo a professora desvendar os mistérios da matéria. Enquanto alguns alunos sussurram entre si, eu me perco na arte dos rabiscos em meu caderno, uma fuga silenciosa para um mundo onde as emoções são expressas mais do que em palavras.

Ao soar do sinal, comecei a recolher minhas coisas, aguardando que todos deixassem a sala antes de me levantar para partir. No entanto, antes de escapar, ouvi a voz da professora chamando meu nome, fazendo-me parar e encará-la.

— Sim, professora? — questionei, intrigada com a súbita interrupção.

— Adeline, sua inteligência é surpreendente, mas constantemente você parece habitar uma solidão, presa em um mundo criado por sua própria imaginação — a professora proferiu com seriedade, fitando-me intensamente.

— Prefiro o refúgio da imaginação, professora. — respondi casualmente, dando de ombros e consolidando minha posição.

— Adeline, você é uma jovem extraordinária. — ela se ergueu, postando-se à minha frente, insistindo — Deveria romper com esse isolamento e construir amizades. Se persistir assim, jamais experimentará a verdadeira essência da vida.

— Professora, desculpe, mas opto por meu cantinho. — resisti, firmando minha decisão — Afinal, ninguém realmente notaria minha presença. Bem, vou me retirar. — virei-me e deixei a sala.

(...)

No refeitório, eu estava em uma mesa isolada, mergulhada em meu almoço enquanto desenhava. De repente, algo atingiu minha cabeça, fazendo-me levantar abruptamente para encarar Tessa rindo.

— Ah, desculpe. — ela disse falsamente, provocando risos. Cerrei os punhos, cravando as unhas nas palmas das mãos. — Eu não vi você, afinal, ninguém te vê, né? — ela zombou, arrancando risos dos outros. Respirei fundo, me sentei novamente, escolhendo ignorá-la.— Ei, esquisita, estou falando com você. — disse Tessa, e senti um tapa na minha cabeça. Fechei os olhos com força, abrindo-os apenas quando ouvi um estouro. Todos olharam para a lâmpada queimada, enquanto Tessa se afastava. Ninguém entendia o que acontecera. Coloquei minhas mãos sobre a mesa, abrindo-as para revelar um pouco de sangue proveniente das unhas cravadas.—Você realmente é esquisita.

𝐒𝐇𝐀𝐃𝐎𝐖𝐒 𝐎𝐅 𝐃𝐄𝐒𝐓𝐈𝐍𝐘 ▍𝐀𝐋𝐈𝐂𝐄 𝐂𝐔𝐋𝐋𝐄𝐍Onde histórias criam vida. Descubra agora