6. Momento

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- Pai, preciso falar com você.

Portgas D. Ace chegou eufórico no Moby Dick. Ele estava extremamente empolgado com a ideia de sua melhor amiga de infância fazer parte de sua família. Além disso, ali ela estaria segura e protegida, o que era a real intenção do rapaz. O mesmo queria que ela fosse feliz e livre, e claro que o fato dela ser todas essas coisas enquanto estiver ao seu lado é ainda melhor.

Em sua enorme cadeira, Barba Branca olhou para seu filho que parecia ansioso. Claramente o capitão do navio já sabia do que se tratava tal conversa, e já sabia qual seria a decisão final.

Ele a queria como sua filha.

Grace Penelope não era interessante apenas pelo poder de sua fruta, mas parecia uma pessoa que valia a pena proteger. Talvez ela parecesse até um pouco frágil e inocente - mas isso Newgate só descobriria vendo.

- Pai, eu gostaria que a Penny entrasse para a tripulação. Ela é forte, inteligente e...

- Ace. - o pai o interrompeu - eu ficaria muito feliz se ela aceitasse ser minha filha.

Os olhos de Portgas brilharam. Por um breve momento ele se sentiu emocionado, mas acima disso, ele sentia alívio e conforto. Talvez não fosse um trabalho fácil convencer Penelope a fazer parte de um grupo de piratas, mas ele tentaria o máximo que pudesse.

Para fazer com que a mesma se sentisse bem-vinda, Ace tentou organizar uma festa. Ele avisou a todos do navio que teriam uma nova companheira (uma mulher, finalmente). Por um momento se arrependeu, pois todos os homens ficariam em cima da única mulher do bando (que, a propósito, era belíssima), e isso o deixou com raiva. Mas ele não se preocupou, pois a protegeria. Como não teve a oportunidade de fazer antes.

De qualquer maneira, o rapaz iria buscá-la em sua pousada novamente e, quando retornassem ao navio, todos dariam as boas-vindas e Barba Branca faria seu convite oficial. Era o plano perfeito.

Portgas andou brevemente até o local e, mais uma vez, chantageou as recepcionistas para que pudesse entrar direto e bater na porta de Grace. Respirou fundo e deu três toques na porta.

A garota demorou alguns instantes até abrir a mesma. Ela estava com os cabelos úmidos e uma toalha enrolada ao redor do corpo, e deu um sorriso ao dar de cara com o amigo.

- Vou me trocar rapidinho e já venho.

Ace não respondeu. Na verdade, ele abriu a boca, e ficou assim. Penny não pôde perceber o quanto ele tinha ficado vermelho e desconcertado com a imagem de sua melhor amiga usando somente uma toalha.

Tentando se recompor de alguma maneira, Ace encostou em uma das paredes e ficou aguardando. Cinco minutos depois, a mulher saiu do quarto. Usando um shorts e uma camiseta qualquer, ela parecia linda, como sempre foi. Mas o homem pode notar que agora ela tinha uma beleza de mulher, e não de menina.

- Onde vamos?

- Você vai descobrir já já.

Voltando ao normal, o caminho entre a pousada e o Moby Dick foi tranquilo. Não havia mais aquele silêncio desconfortável, agora que todos os segredos haviam sido compartilhados. Portgas estava nervoso, com medo de que Grace não aceitasse o convite para entrar para o bando. Mas ainda assim, estava confiante de que tudo daria certo como planejado.

Ao subirem no navio, Penelope estava com uma interrogação acima da cabeça. Todos estavam no deck, olhando para a mesma, com expectativa, enquanto Edward Newgate se encontrava sentado em sua cadeira como habitual. Ela ficou ainda mais confusa quando olhou para Ace e o mesmo sorria de orelha a orelha.

- O que está acontecendo?

Edward Newgate sorriu e começou a falar.

- Grace Penelope, você me daria a honra de se tornar parte dos piratas Barba Branca e minha filha?

Um filme se passava na cabeça da garota enquanto todos aguardavam ansiosamente seu aval. Ace estava inclusive suando frio.
Uma família de verdade? Pessoas com quem contar, pessoas para confiar?

Não havia um pingo de dúvida na cabeça de Penny quando ela deu sua resposta.

- SIM! Eu adoraria!

Todos gritaram em comemoração. Ace deu um abraço apertado na garota, que poderia jurar ter ouvido seu coração acelerado.

- Já podemos celebrar? ZEHAHAHAHA! - um homem estranho de cabelos pretos e sem alguns dentes na boca levantava seu copo.

No decorrer da noite, Penelope eventualmente foi apresentada para muitos de seus companheiros, sempre sendo escoltada por Ace. Ele parecia superprotetor com relação à ela.

Em um determinado momento, no deck, enquanto todos bebiam, Marco, a fênix, abordou Grace.

- Topa um desafio? Quero ver do que é capaz!

A garota imediatamente topou, e Ace estremeceu. Ele não achava que a mesma fosse fraca, muito pelo contrário. Mas seu instinto protetor o fazia ver a amiga como uma criatura frágil e indefesa. Além disso, ele ainda não tivera a oportunidade de vê-la em combate.

Boa parte dos que estavam ali pararam de conversar para prestar atenção no que estava prestes a acontecer. Edward Newgate era o maior interessado na história toda, e queria ver do que sua nova filha era realmente capaz.

Marco atacou primeiro, ou pelo menos tentou. Indo em direção de Grace em sua forma de fênix, a garota rapidamente anulou a habilidade de sua akuma no mi, o forçando a um combate corpo-a-corpo.

E esse era o trunfo de Penelope. Ela era realmente excelente nesse tipo de combate. Habitualmente, usuários de frutos do diabo costumam depender quase que totalmente dos mesmos. Quando os poderes eram anulados, ficavam ameaçados.

A mulher imobilizou Marco em poucos movimentos, até que o mesmo se rendeu e ela sorriu satisfeita.

Um por um, diversos companheiros a desafiaram, e ela se defendia com facilidade. Estava sem o arco e flecha, uma de suas armas, mas ainda assim conseguia se garantir com o poder de seu fruto, o haki e força física.

Depois de mais alguns combates, a mesma se declarou cansada e pediu uma pausa. Barba Branca estava incrivelmente surpreso com as habilidades de sua nova filha, e Ace estava perplexo e, ao mesmo tempo, orgulhoso.

(...)

A noite chegava ao fim, dando espaço para o nascer do sol.

Grace Penelope sempre amou o pôr do sol. Desde que era uma menininha, ela sempre parava para admirá-lo, fosse do alto de uma montanha, uma praia, qualquer lugar.

Quando ficou mais velha, ela aprendeu a amar (talvez ainda mais) o nascer do sol. Quando tinha a oportunidade de assisti-lo, geralmente sua noite havia sido agradável. E esta noite, de fato, havia sido perfeita.

Debruçada sobre o parapeito da embarcação, ela admirava o céu em tons de laranja. Uma felicidade imensa tomou conta, e ela estava tranquila, relaxada. Ela estava em paz.

Com a maioria dos companheiros desmaiados em seus quartos ou até mesmo no deck do navio, o silêncio se instaurou no local. Portanto, quando Ace se aproximou da mesma, ela não se assustou.

Ele também se encostou no parapeito, e ambos ficaram em silêncio por alguns minutos. Mas mais do que admirar ao nascer do sol, Ace admirava à mulher que estava ao seu lado. E ela nem notou.

Os olhos azuis acizentados cintilavam, e os cabelos dourados pareciam brilhar ainda mais com a luz do sol refletida.

Portgas D. Ace queria beijá-la, assim como ela o beijou 5 anos antes. Mas dessa vez, ela não iria embora.

Penny finalmente percebeu que estava sendo observada, quando virou o rosto para encarar Ace e deu o sorriso mais sincero do mundo.

O homem se aproximou dela. Talvez a bebedeira tivesse aumentado seu nível de coragem.

Ele pousou uma das mãos sobre o rosto delicado de Grace, acariciando-o com o polegar. Lentamente, se aproximou da mulher a sua frente e, delicadamente, encostou seus lábios quentes nos dela.

Diferentemente da primeira vez, ambos eram adultos e já tiveram outras experiências. O beijo se encaixava perfeitamente. Penelope entrelaçou seus braços ao redor do pescoço de Ace, que colocou as mãos em sua cintura.

- Eu estava com saudade. - ele disse, antes de beijá-la novamente.

Fire in our hearts | Portgas D. Ace x OCOnde histórias criam vida. Descubra agora