POV PENELOPE
O sol invadia por entre as frestas da janela do quarto onde eu me encontrava. Mais uma vez eu estava na situação delicada de abrir os olhos levemente até meu cérebro começar a funcionar e eu entender onde estava. Em cima de mim, um braço musculoso cheio de sardas me agarrava enquanto um ronco leve invadia meus ouvidos. Não seria necessário virar para o lado para saber que Ace estava dormindo ali.
Movi um pouco meu corpo, o que o fez prender a respiração e acordar de sobressalto. Virei de barriga para cima e constatei que estava me sentindo muito melhor desde a última vez que estive acordada.
- Está tudo bem? Precisa de alguma coisa? - o rapaz ao meu lado questionou, ainda processando o que estava acontecendo.
- Estou bem, me sentindo muito melhor. - afirmei - por quanto tempo eu dormi?
- Acredito que tenha passado cerca de um dia. Mas o Marco deu uma medicação potente, o que deve ter feito você melhorar mais rápido - sorriu - você não deve lembrar disso, mas teve febre ontem. Eu deitei aqui para esquentar seu corpo e tentar diminuir - ele pousou uma das mãos sob a minha testa - acho que funcionou.
- Me lembro vagamente. Lembro de sentir muito frio e ouvir algumas vozes, mas só isso - concluí - obrigada por me ajudar, não precisava.
- Claro que precisava, Grace. Você salvou minha vida. Mas antes disso eu já faria qualquer coisa por você.
Essas palavras me fizeram sentir as tais borboletas no estômago, mas resolvi ignorar o que estava sentindo e apenas dar um sorrisinho de lado. Eu ainda estava extremamente chateada com ele.
Portgas se levantou da cama e abriu a porta, chamando Marco para informar que eu havia despertado novamente. Quando o loiro entrou no quarto, eu já estava sentada na cama hospitalar.
- Como está se sentindo? - ele perguntou, ajustando seus óculos.
- Bem melhor. Ace mencionou que você me deu uma medicação mais forte, agradeço por isso - sorri - ontem estava quebrada, mas hoje já me sinto bem o suficiente.
- Que bom. Acredito que você já possa sair desse quarto e andar um pouco pelo navio. Mas sem exageros. Ainda quero que tente repousar o máximo possível - apontou - e por favor, trate de se hidratar e alimentar-se bem.
- Vamos, Grace, te levo para dar uma volta - Ace estendeu a mão.
- Certo. Quero falar com meu pai. Pode me levar até ele?
Segurei a mão de Ace enquanto ele me guiava pelo navio até o quarto onde meu pai se encontrava. Andando a passos lentos, vários de meus companheiros me viram e me cumprimentaram. Estavam ainda abalados pela guerra, mas felizes por minha recuperação. Em breve com certeza haveria uma festa para celebrar isso.
Quando cheguei na porta do quarto de Barba Branca, pedi para que Ace me deixasse falar com ele à sós, o que ele concordou. Dei três batidas e rapidamente ouvi sua voz me dizendo para entrar.
O rapaz ficou do lado de fora, me aguardando. Adentrei sozinha, ainda com uma certa dificuldade para me locomover, e vi o pai sentado em sua poltrona.
- É você, garota! Está se sentindo melhor?
Assenti com a cabeça enquanto fui em direção a ele e o abracei.
Rapidamente ele retribuiu meu abraço, e lágrimas começaram a sair do meu rosto. Sem que eu precisasse falar nada, rapidamente o homem entendeu como eu me sentia. Talvez se sentisse da mesma forma.
- Estou muito feliz que todos vocês estão bem. - ele começou - eu entendo sua frustração, filha. Você ainda não teve tempo de assimilar tudo que aconteceu desde a morte do Thatch. - acariciou meu cabelo - mas com o tempo isso que você sente vai passar e você vai se sentir feliz e grata, pois agora estamos todos bem. E é isso que importa.
- Sim, eu... eu estou muito feliz que estamos todos vivos! - falei em meio às lágrimas - mas ao mesmo tempo, sinto como se tudo isso fosse um pesadelo. Eu não quero acreditar no que aconteceu, e eu não quero acreditar no que Ace fez. Me senti descartável.
- Ele foi imaturo, irresponsável e inconsequente. - afirmou - mas sei que você vai encontrar uma maneira de perdoá-lo.
Dei um último abraço nele antes de sair e dizer:
- Estou muito feliz que você está bem, pai.
Quando saí do local e fechei a porta, Ace me esperava encostado na parede. Tentei enxugar as lágrimas, mas meu rosto ainda estava vermelho. O mesmo se aproximou, tocando sua mão em meu rosto.
- Por que está chorando? - perguntou angustiado - é por minha causa?
- Sim, é por sua causa. Por você ter dito que me amava e na manhã seguinte sair sem se despedir. Por ter ido atrás de vingança sem se importar com a própria vida. Por ter sido preso e quase ter sido executado! É culpa sua! - aumentei o tom de voz - você foi egoísta e não se importou com as pessoas à sua volta, muito menos comigo, que estou aqui por sua causa. Eu salvei sua vida e não me arrependo nem por um instante, porque eu amo você! - as lágrimas voltaram a cair - droga, eu amo você! Mas você não se importou comigo! Quantas vezes eu serei deixada pra trás para você ir atrás de algum inimigo?
- Grace, eu...
- Esquece. Deixa pra lá. Eu precisava colocar isso pra fora. - argumentei - eu estou muito, muito magoada. Preciso de um tempo, preciso refletir sobre tudo que aconteceu nas últimas semanas.
Me desfiz de seu toque e fui em direção ao meu quarto, local onde passei a tarde chorando até dormir.
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Fire in our hearts | Portgas D. Ace x OC
Fanfiction+18 Grace Penelope viveu toda sua infância no East Blue, até comer, por acidente, uma akuma no mi que a transformou em um alvo de piratas e poderosos do governo mundial. Desde então, Penelope vive como nômade ao redor do mundo, tentando proteger a s...