15. Amor

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- Bom dia, Penelope!

- Lindo dia hoje, não é mesmo?

- Tenha um excelente dia, Grace!

Porquê todos estão tão animados, sorrindo alegres e me tratando de maneira estranha? - pensei. Eu sempre havia sido muito bem tratada por todos meus companheiros do Moby Dick, de fato. Mas aquele tipo de comportamento era totalmente fora do normal e de certa forma até me assustava um pouco.

Conforme eu atravessava o convés em direção à cozinha, mais e mais pessoas me cumprimentavam com sorrisos de orelha a orelha e olhares de expectativa. A cada passo que dava, uma interrogação surgia em minha mente que era impossível de ignorar. Será que estavam bêbados?

Bom, o que quer que estivesse acontecendo, não me incomodava. Em realidade, eu ficava contente das pessoas estarem com tanto bom humor depois de tudo que havia ocorrido com aquela tripulação. E se isso significava agirem estranhamente, bem, que assim fosse.

Ao parar em frente à porta da cozinha com o intuito de entrar para tomar café da manhã, notei mais uma inconsistência em minha rotina: a mesma estava fechada. Aquele local nunca, nunca mesmo ficava fechado. Engoli a saliva e abri a mesma, revelando algo que eu com certeza não esperava encontrar.

Portgas D. Ace, em pé na cozinha, segurando um buquê repleto de girassóis (minha flor favorita desde a infância). Atrás dele, uma mesa totalmente montada, repleta de minhas comidas favoritas: panquecas, creme de avelã, morangos e mirtilos, ovos mexidos e várias outras coisas deliciosas.

Eu estava abismada. Ace segurava o buquê na frente de seu rosto, sendo possível ver apenas seus olhos e suas sardas coradas. Eu nunca havia o visto tímido desta maneira desde a vez que o beijei anos antes.

Minha boca estava aberta, e eu estava de queixo caído. Percebi que haviam se passado alguns segundos (talvez minutos) desde que eu estava sem reação. Jamais haveria pensado que Ace seria capaz de fazer um gesto tão romântico.

- Ace... - balbuciei timidamente, ainda sem saber muito o que dizer - isso tudo é... pra mim?

- Não teria como ser para outra pessoa, Grace.

Eu sorri sutilmente enquanto me aproximava a passos lentos do homem, das flores e da mesa posta.

- Eu achei que não soubesse cozinhar.

- Izo me ajudou - ele deu um sorriso largo - eu contei meu plano e ele não pensou duas vezes. Você é muito querida por todos aqui, sabe.

- E eu amo a todos.

- E eu amo você.

Estremeci mais uma vez com a sensação de ouvir estas palavras saindo da boca dele. Será que um dia eu me acostumaria a ouvir?

Soltei mais um sorriso tímido antes de me sentar à mesa, colocando o buquê de flores delicadamente sobre a mesma. Comecei a colocar alguns itens em meu prato enquanto Ace me observava com um olhar simpático.

- Obrigada. Eu adorei a surpresa. Eu amo girassóis - sorri enquanto me servia com algumas panquecas - e amo todas essas comidas. Acho que você me conhece bem.

- Fico feliz que você esteja feliz.

Comemos em silêncio por alguns minutos. Dessa vez, o silêncio não era tão confortável como as últimas vezes, era quase como se tivéssemos que nos reconectar.

Era perceptível o fato de que Portgas estava fazendo de tudo para me reconquistar e ganhar minha confiança novamente. E era fácil ceder, pois, no fim das contas, eu realmente o amava. Pouco a pouco as peças se encaixariam no quebra- cabeças, mas uma longa conversa seria necessária para que as vidas fossem como antes.

- Ace. - quebrei o silêncio - você sabe o que fez, não sabe?

Ele respirou fundo antes que pudesse responder. Eu temia que ele acabasse cochilando em meio a toda aquela comilança, mas sua postura se mantinha, e ele engoliu mais uma garfada antes de prosseguir.

- Sabe, durante toda a minha vida, eu sempre achei que não era digno de ser amado - eu podia sentir a dor contida em suas palavras - você sabe, por causa do meu pai biológico.

Eu assenti com os olhos ternos, aguardando que o mesmo continuasse.

- Quando você apareceu de volta no último ano, era como se eu visse a luz do sol depois de muito tempo no escuro. Eu era feliz aqui, mas você tornou tudo diferente... mais especial.

Lágrimas sorrateiras começaram a brotar em meus olhos enquanto eu tentava segurá-las.

- Quando tudo aconteceu, sabe... quando Thatch morreu. Eu fui atrás sem pensar. Eu realmente não pensei na falta que faria pra você, eu achei que não fazia falta pra ninguém. Mas quando te vi em Marineford com seus olhos azuis cheios de esperança, com aquela garra, aquela força de vontade, arriscando sua vida pra me salvar - ele continuou - ali eu me dei conta do quanto eu havia sido egoísta.

O esforço que eu fazia para segurar o choro já não era suficiente para impedi-lo. Eu toquei na mão de Ace do outro lado da mesa e a segurei com força.

- Você é um idiota. Eu sempre, sempre te amei. - dei uma risadinha em meio às lágrimas, o que o fez sorrir também.

- Eu te amo, Grace. Pra sempre.

Fire in our hearts | Portgas D. Ace x OCOnde histórias criam vida. Descubra agora