5. História

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A pequena Grace Penelope acabava de terminar um lindo castelinho de areia. Depois de horas e horas construindo, refazendo, garantindo que ficasse perfeito, ela olhava para o monumento com orgulho. Com as mãozinhas, o vestido e os fios de cabelo loiro cheios de areia, ela se sentia satisfeita com o trabalho.

Luffy e Ace, por sua vez, lutavam (ou, pelo menos, tentavam lutar) um com o outro. Nessas situações, Penny costumava ser a juíza destas "batalhas", mas estava ocupada demais.

- Gomu gomu no...

- Luffy, espera!

Um único movimento fez os dois caírem na areia. Mas não em qualquer areia, e sim no castelinho de areia de Grace. A mesma demorou alguns segundos para raciocinar e entender o que havia acontecido.

- Meu castelo de areia... - a menina tinha uma expressão de decepção e pura tristeza. Quando se sentia assim, levantava o lábio inferior, fazendo beicinho, espontaneamente.

- Desculpa, Grace, a gente não percebeu...

- É, desculpa, Penny...

A garotinha começou a chorar, e foi ali que Ace percebeu que nunca mais iria querer fazê-la chorar novamente.

O dia amanhecia na ilha Hand. Na verdade, o dia já tinha amanhecido há algumas horas quando Penelope escutara batidas persistentes em sua porta.

A mulher desde sempre tinha um sono pesado e dificuldade para acordar, portanto não era uma surpresa que a mesma acordasse com um tremendo mau humor, querendo matar quem estivesse insistindo tanto em bater na porta.

Ao levantar da cama na força do ódio e abrir a porta, ela se deparou nada mais nada menos do que com Ace.

Ace, por sua vez, se sentiu mais culpado do que nunca. Grace tinha os olhos inchados, e ele pôde perceber que ela havia chorado. Ela ainda estava de pijama e com cara de poucos amigos.

- Penny, eu...

- Como você passou pela recepção?

Ace deu um sorriso.

- Eu chantageei eles.

Por um instante ele achou que a garota também sorrira.

- Certo... vou me trocar e escovar os dentes. Te encontro lá na frente.

Colocando um short e uma camiseta qualquer, escovou os dentes e lavou o rosto. A mulher não se deu ao trabalho de arrumar a cama e já saiu do quarto, encontrando Portgas sentado em um banco em frente à pousada.

Seu olhar parecia iluminar toda vez que ele via Penelope em sua frente.

- Está com fome?

- Muita.

- Conheço um lugar para tomarmos café da manhã.

O caminho até a lanchonete foi silencioso - um silêncio que chegava a ser desconfortável. Andando lado a lado, Grace percebia o quanto Ace havia ficado alto e forte em comparação ao menino de 15 anos que tinha visto na última vez.

Sem falar uma palavra, ambos entraram na lanchonete e se sentaram em uma das mesas, frente a frente. Enquanto o homem pedia carne como habitual, a garota pediu waffles, bacon e panquecas. E café. Muito café.

Enquanto aguardavam seus pedidos, Portgas decidiu quebrar o silêncio e começar a conversar.

- O dia está mesmo lindo hoje, né?

- Ace. - o garoto estremeceu com a seriedade da fala - ontem eu estive pensando e decidi te contar tudo o que aconteceu nos últimos 5 anos.

- Não precisa me contar se não estiver confortável, Grace.

- Eu quero te contar. É algo que eu preciso fazer.

E Penelope contou tudo, tudinho. Falou de quando comeu aquela akuma no mi por acidente, e que contou para seus pais. Falou da ameaça que foi feita para sua segurança e a de sua família e de quando Garp a tirou de lá. Em seguida, contou sobre seu período em Amazon Lily e das coisas que aprendeu ali (principalmente haki e combate).

- Espera, então você está me dizendo que a imperatriz pirata Boa Hancock te adotou como uma irmã?

- Sim. Ela me protegeu de tudo e de todos, mentiu diversas vezes para a marinha, arriscou seu posto como shichibukai, tudo para que eu pudesse estar segura. Ela disse que eu não era tão linda quanto ela, mas que era linda o suficiente para ser sua irmã - a garota riu. - sinto muita falta dela.

Percebendo a dor da garota, Portgas decidiu mudar de assunto.

- E o que aconteceu depois?

- Depois de alguns anos, o governo mundial acabou descobrindo que eu estava em Amazon Lily. A marinha ameaçou invadir a ilha e prender a imperatriz, junto com as outras mulheres que haviam "conspirado" em me manter lá dentro. Quando percebi que elas corriam perigo, decidi ir embora. Elas insistiram que iriam lutar por mim e que eu não precisava ir, mas eu não poderia suportar que elas sofressem por minha causa. Então segui meu caminho sozinha.

Ace esticou sua mão e a pousou sobre a mão de Grace, tentando confortá-la de alguma maneira. Ela estremeceu com o toque quente por um momento, mas logo se entregou e entrelaçou seus dedos nos dele.

- Desde então eu venho perambulando a Grand Line. Geralmente fico um certo tempo em uma ilha, até ser descoberta por caçadores de recompensa ou pela marinha. Aí fujo para o próximo lugar.

O garoto sentiu raiva. Mais do que raiva, ele sentia ódio. Ódio do maldito governo mundial e da marinha, que perseguiam uma mulher que em sua vida toda não havia matado nem uma mosca. Que tirou dela sua adolescência, sua família, seu lar, seu porto seguro. E que havia tirado dele sua melhor amiga, uma das pessoas que ele mais confiava neste mundo.

Tudo isso pelo simples fato de ela ter comido um fruto do diabo que deixava os poderosos com medo. O governo era simplesmente patético.

Naquele momento, Ace tomou uma decisão. Ele iria protegê-la. Ele daria a ela uma família, um sentimento de conforto. Ele falaria com seu pai e ela seria oficialmente parte dos piratas do Barba Branca.

Ela nunca mais iria precisar fugir novamente. Portgas se certificaria disso.

Sentindo a mão do homem ficar cada vez mais quente, Penelope desencostou sua própria mão, com medo de se queimar.

- Eu tenho que ir a um lugar agora. Podemos nos ver mais tarde? - Ace parecia acelerado.

Penny estranhou por um momento, mas assentiu.

E Portgas D. Ace saiu da lanchonete, rumo ao Moby Dick, onde finalmente falaria com seu pai para aceitar sua melhor amiga como uma filha.

Fire in our hearts | Portgas D. Ace x OCOnde histórias criam vida. Descubra agora