11. Resgate

999 108 1
                                    

Mais um dia se passava.

Ace havia partido, sozinho. Estavam todos apreensivos. Uns de luto por Thatch, outros preocupados com Ace.

Em todos esses dias, meus companheiros tentavam me animar, nem que fosse um pouco, e me tirar do buraco depressivo que eu estava.

Na maioria das vezes isso não adiantava.

Meu pai, Barba Branca, também estava ansioso. Acho que ele se sentia ainda pior por mim, estava preocupado comigo. Eu não comia direito já tinha um tempo, não sorria mais, não saía do quarto...

Eu só tinha a esperança de que ele retornasse são e salvo. Mas era apenas isso. Uma esperança.

Eu tinha dificuldade em assimilar que ele havia largado tudo sem se preocupar com as consequências. Na noite anterior eu havia falado que o amava. Ele simplesmente jogou fora tudo que eu pudesse sentir e foi atrás de alguém, colocando sua vida em risco, por pura vingança.

Depois de um tempo os jornais anunciaram que ele havia sido capturado pela marinha e que Teach agora era um shichibukai.

Eu nunca vou conseguir explicar a sensação que senti dentro de mim quando li que sua execução já tinha data e hora para acontecer.

Era como se estivessem me rasgando por dentro.

Quando recebemos a notícia, meu pai, o capitão, havia tomado a decisão: iríamos resgatá-lo, custe o que custar.

Partia meu coração pensar nele dentro daquela cela em Impel Down, mas eu precisava ser forte, por ele. Sem descanso, treinei dia e noite, até que chegássemos em Marineford. O plano de resgate e fuga havia sido arquitetado pelos melhores estrategistas e comandantes.

Não tinha como dar errado.

Quando estávamos debaixo da água, entrando em Marineford, lágrimas insistiam em cair do meu rosto. Era o momento mais decisivo.

Izo apertou minha mão e me deu um olhar reconfortante.

- Calma. Vai ficar tudo bem.

Lembranças atingiam minha memória de maneira nostálgica.

Casa da árvore, Vila Fuusha, 10 anos antes...

Luffy, Ace e Sabo dormiam com tranquilidade enquanto eu admirava a luz do luar pela janela.
As estrelas estavam especialmente bonitas naquela noite, e eu queria admirá-las antes de precisar voltar para casa.

- Grace?

A voz de Ace me distraiu dos pensamentos. Juntando-se à mim ao lado da janela, ficamos em silêncio por alguns segundos até que o menino ao meu lado resolveu falar.

- Tenho que te perguntar uma coisa.

- Hmmm?

- O que você acharia... se o rei dos piratas tivesse um filho?

- Se Gold Roger tivesse um filho? Hmmm... acho que sentiria inveja.

- Inveja?

- Sim! O pai dele deve ter vivido tantas aventuras legais, e eu adoraria escutar sobre todas elas.

- Você não acha que o filho dele seria um fardo para o mundo? Que nunca deveria ter nascido?

- Claro que não! Por que eu pensaria assim?

Quando me virei para Ace, ele tinha lágrimas em seus olhos.

- Obrigado...

Naquele momento eu havia me tocado. Portgas D. Ace era filho do rei dos piratas.

Quando o navio começou a emergir, comecei a analisar a situação que estava diante de mim.

Um escalonamento de cem mil tropas de elite preparadas para a batalha. Cinquenta navios da Marinha estão estacionados ao redor da ilha com canhões que revestem o litoral. E na linha de frente de tudo isso são nada menos que os Shichibukais, inclusive minha irmã Hancock.

Na parte de trás da ilha, Ace está localizado no topo da torre de execução. Cuidando dele estão os três Almirantes: Kizaru, Akainu e Aokiji.

Olhei de longe observando o olhar de Ace obter uma gota de esperança ao nos ver chegando. Meu coração despedaçou mais um pouco ao vê-lo todo machucado, acorrentado daquela forma.

Meu pai sobe para a frente do seu navio enquanto cumprimenta Sengoku, não está mais agarrado ao seu equipamento médico e está pronto para a batalha.

- Pai!!! - Portgas gritou em meio ao desespero.

De repente, ele atinge o ar, quebrando-o como um espelho antes de causar explosões, chocando os soldados da marinha.

Aokiji pula do seu assento e usa Ice Age para congelar as ondas antes de atingirem.

Ele tentou atacar o pai, mas o mesmo parou facilmente o ataque, batendo no gelo do almirante no processo e quebrando-o. Aokiji revida na borda da baía e usa seus poderes para congelar ali também. Com o compartimento agora congelado, os navios do Barba Branca não podem se mover e a marinha começa a nos bombardear com tiros de canhão.

Kizaru também tenta fazer sua jogada, disparando para baixo uma série de feixes de luz em direção ao pai. No entanto, ele é impedido por Marco, que é coberto de chamas azuis após o ataque.

Akainu decide agir, produzindo um punho de magma colossal que oblitera o iceberg, criando também projéteis vulcânicos e destruição de um dos nossos navios no processo.

- Vá acender as velas de um bolo de aniversário ao invés disso, seu moleque.

Little Oars Jr. contra-ataca, mas por conta de seu tamanho vira um alvo fácil. Um dos shichibukais, Kuma, usa o poder da sua fruta da pata para atingi-lo, ferindo-o completamente.

Ace olha para a cena com horror pedindo que parem, mas não adianta. Oars é atingido por todos os lados, e mesmo insistindo e quase conseguindo chegar até Ace, cai desfalecido em Marineford.

Em meio a toda essa batalha, de repente, gritos são escutados e uma série de pessoas começa literalmente a cair do céu.

- Luffy???!?!?!

Eu entro em choque quando vejo ninguém menos que um dos meus melhores amigos de infância, Luffy, caindo do céu com desespero junto com uma série de outras criaturas.

- Você conhece ele? - Izo ergueu uma sobrancelha.

- Sim! É irmão do Ace!

- Ace!!! Eu vim te resgatar!!!

- Luffy....!!!!

Saí correndo como o vento de onde eu estava, com outros companheiros tentando me impedir, só para vê-lo cara a cara.

- Luffy!!!!

Eu o abracei e ele hesitou por um momento.

- Peraí, quem é você? - ele olhou por alguns segundos pra minha cara - PENNY!!!!!!!

Luffy me levantou e rodopiou com meu corpo no ar, me fazendo sorrir e ter um pingo de esperança em meio aquele caos.

- Meu irmão... Penny... vocês não deveriam ter vindo...!!!

Fire in our hearts | Portgas D. Ace x OCOnde histórias criam vida. Descubra agora