13. Febre

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POV Penelope

Eu abri os olhos com extrema dificuldade.

Observei primeiramente o ambiente que estava: diversos fios conectados a um tubo nas minhas veias e um monitor que apitava a cada batida do meu coração. Olhei de relance para meu corpo, vendo meu braço e perna direitos enfaixados e os cortes na minha barriga e nos meus seios.

Tentando compreender melhor o que estava ao meu redor, pisquei os olhos algumas vezes antes de ver Ace dormindo sentado em uma das cadeiras que estavam naquele ambiente. Respirei fundo ao perceber que não havia sido capturada pelo inimigo, e ele também não.

Movi meu corpo um pouco para o lado tentando fazer com que minha voz saísse, sem muito sucesso. A mesma estava rouca e eu falava com dificuldade. Estremeci ao pensar que deveria estar naquele estado já há algum tempo.

Vi um botão vermelho ao lado da cama onde estava e o apertei, sem saber muito o que aconteceria. Em poucos instantes pude ver Marco aparecendo no local rapidamente com seus óculos e estetoscópio.

- Penny! - falou animadamente - você acordou! Como se sente?

Ace se levantou num sobressalto, pois até então estava dormindo e não havia percebido que eu acordei. Ele veio rapidamente ao lado da cama e segurou minha mão. Eu não tinha forças para segurar de volta, na verdade, mal conseguia falar.

- Que dia... é hoje...? - perguntei com dificuldade

- Tem 10 dias desde que estivemos em Marineford. - Marco respondeu - estamos em um de nossos navios.

- Meu... pai... - comecei a falar

- Ele está bem, já foi tratado - o médico explicou, me deixando aliviada - a pessoa que sofreu maiores danos foi você, Penelope.

- Estou com fome... - murmurei baixinho.

Rapidamente Marco foi até a porta pedir para alguém providenciar uma refeição para mim, e em poucos minutos uma tigela de sopa foi trazida em uma bandeja.

Eu tentei de maneira devagar pegar a colher para comer, mas vi que não conseguiria pois meu braço direito estava imobilizado. Ace surgiu ao meu lado, puxando uma cadeira, e segurou a colher em suas mãos, se propondo a me ajudar.

Fiquei um pouco sem graça ao vê-lo me servindo assim, como se eu fosse uma criança, mas aceitei de bom grado o favor, pois eu estava realmente faminta. Eu e ele ficamos em silêncio enquanto Marco checava todas as medicações, media minha pressão e batimentos cardíacos.

- Depois que comer vai se sentir melhor. - Ace tentou me confortar.

A verdade é que, depois de assimilar as coisas e recapitular tudo que tinha acontecido, eu estava muito, muito chateada com ele.

Nós passamos momentos incríveis juntos, fizemos amor e ele disse que me amava. E no dia seguinte ele me deixou sozinha, desamparada, para ir atrás de vingança. Ele abandonou todos nós e simplesmente ignorou nossa preocupação, nosso zelo com ele, e ainda assim deixou o navio.

Foi preso, o que nos deixou ainda mais aflitos. Fomos ao seu resgate, tivemos baixas e por pouco alguns de nós não morremos. Nosso pai quase morreu, eu quase morri. Tudo por egoísmo e rancor de Portgas D. Ace.

Vê-lo bem e vivo me confortava, e muito. Mas tudo que havia acontecido ainda me doía. O sofrimento que eu tive, a dor que senti, a incerteza, a dúvida, aquilo sempre me acompanharia. E eu sempre viveria com esse receio de ser abandonada novamente.

Terminei de comer e me virei na cama, na tentativa de me sentar e em seguida me levantar. Marco rapidamente me impediu, dizendo que eu deveria ficar de repouso por mais alguns dias antes de sair andando por aí. Fiquei um pouco desapontada, pois ficar trancada naquele quarto seria bastante tedioso, mas agradeci os cuidados e concordei com o que ele falou.

Marco se afastou da sala e fechou a porta atrás de si, novamente deixando eu e Ace sozinhos.

- Como está se sentindo? - ele perguntou, segurando minha mão novamente.

- Cansada. - respondi com sinceridade - acho que vou dormir novamente.

Bastou essa frase e eu rapidamente caí no sono.

(...)

Eu acordei com algumas vozes ao lado da minha cama. Percebi que estava tremendo, com calafrios e batendo os dentes.

- Ela está com febre. Por isso está com tanto frio - ouvi a voz de Marco - ela precisa esquentar o corpo até começar a suar e eliminar o calor.

- Ela está morrendo de frio, Marco - Ace murmurou - seus lábios estão roxos e seus dentes estão batendo - suspirou - deixe-me ajudá-la, por favor. Você sabe que eu posso.

Eu mal podia falar ou abrir os olhos de tanto frio que sentia.

- Certo.

De repente, senti Ace se aproximar do meu corpo. Para variar, ele estava sem camisa. Ele se deitou ao meu lado na cama hospitalar e me abraçou por completo.

Sentir seu corpo quente colando no meu e amenizando aos poucos o frio que eu sentia foi um alívio inimaginável. Em poucos minutos, eu havia parado de tremer, e meu corpo já havia se adaptado com a temperatura exterior.

- Estou com você - ele sussurrou, baixinho - eu te amo.

E eu dormi logo em seguida, com o coração batendo mais forte.

Fire in our hearts | Portgas D. Ace x OCOnde histórias criam vida. Descubra agora