• Pov Dulce •
Acordei no meio da noite com o barulho dos trovões. Minha cabeça parecia querer explodir e minha visão estava totalmente desfocada. Sentei-me na cama e pus as mãos sob o rosto até conseguir enxergar direito. Merda, onde deixei minha bolsa? Precisava de uma aspirina.
Estava prestes a me levantar quando me deparei com o Cristopher dormindo em uma poltrona ao lado da cama. O que ele estava fazendo aqui? Será que nós... Não... não pode ter rolado nada, eu me lembraria. A última coisa de que me lembro foi de quase cair no tapete da sala.
Acho que ele me trouxe pra cá. E eu apaguei. Certo? Não aconteceu nada.
Chequei por baixo dos lençóis, eu estava vestida. Ok. Mas que merda ele estaria fazendo aqui?
Voltei a observá-lo. Sua respiração parecia pesada, estava agitado e tinha um semblante preocupado. As pálpebras tremiam e seus dedos estavam inquietos. Sua posição estava torta e suas mãos apoiadas sob os braços da poltrona, apertando-os como se sua vida dependesse disso. Sentei-me na ponta da cama à sua frente e toquei sua testa para checar a temperatura. Estava suando frio.Dul: Ucker... Hey...
Ele mexeu a cabeça inquieto, pressionando ainda mais as mãos sob a poltrona, mas não acordou. Levantei-me e inclinei-me para que pudesse me escutar e toquei seu ombro.
Dul: Ucker...
Num lapso ele abriu os olhos e apertou meu braço com muita força. Estava ofegante e parecia perdido, sem saber ao certo o que estava acontecendo. Seus olhos corriam de um lado para o outro alertas e ao mesmo tempo pareciam não verem nada.
Dul: Ai... Ucker... tá me machucando. Ucker!
Ele soltou meu braço e aos poucos voltou a si. Eu me afastei e sentei-me na cama, segurando o pulso dolorido. O que foi isso?!
Ucker: O que... me perdoa, eu... não sei onde eu tava com a cabeça. Eu... droga, eu te machuquei? Deixe-me ver. - Disse aproximando-se.
Dul: Um pouco. - Me afastei.
Ucker: Espera, eu vou... vou pegar gelo. Você tá bem? - Disse levantando-se ainda meio zonzo, e trôpego em direção à porta.
Dul: Ei, calma. Senta, respira. Estou bem...
Ele sentou-se na poltrona novamente e colocou as mãos na cabeça.
Ucker: Eu não queria, eu juro, não sei o que me deu, foi um reflexo, não estava raciocinando...
Dul: Você estava agitado e suando frio, por isso te acordei. Mas já percebi que não foi boa ideia...
Ucker: Me desculpe, eu... Droga, o que eu fiz?... me deixa ver seu braço. - Aproximou-se novamente.
Recuei.
Ucker: Deixe-me ver, por favor! Eu jamais te machucaria... Você sabe disso. Olhe para mim, você acha que eu seria capaz de triscar um dedo em seu corpo na intenção de feri-lo?
Suas feições mudaram de repente. Ele me encarava outra vez com aquele olhar penetrante que parecia me hipnotizar, e eu simplesmente paralisei naqueles olhos castanhos. Ele se aproximou e por mais que eu quisesse sair dali, meus pés não se moviam do chão. Pegou minha mão com cuidado e escorregou os dedos devagar sob meu pulso.
Eu continuava atenta aos seus olhos, que apesar de sensíveis, ainda mostravam-se preocupados ao me tocar. Ele estava nervoso. Levei uma mão ao seu queixo e levantei sua cabeça até a altura dos meus.Dul: Ei, se concentra nos meus olhos. Você precisa se acalmar. Repete o que eu fizer.
Comecei fazendo o exercício que praticava na terapia. Aos poucos, ele foi se acalmando e desacelerando. Uma de suas mãos ainda segurava levemente meu pulso machucado e a outra estava parada sob meu colo. As pontas dos dedos dele tocavam de leve minha coxa e seu olhar continuava preso ao meu. Assim que ele se acalmou, interrompi o exercício e ficamos em silêncio. Seus dedos começaram a deslizar suavemente sob a minha coxa. Um arrepio subiu pela minha nuca, minhas mãos estavam apoiadas sob a cama e naquele momento, mesmo sem tanto contato, nossos corpos pareciam conectados. Seu toque tornou-se ainda mais suave e começara a provocar um turbilhão de sensações. Eu estava em êxtase com isso. Merda. Era como se tivéssemos congelado. Ele parecia mais calmo, suas expressões estavam mais leves e relaxadas. Nossos rostos atraiam-se a cada segundo para mais perto um do outro como uma força incontrolável da qual eu não conseguia escapar. Ele levou uma de suas mãos até o meu rosto, deslizou o polegar pela minha bochecha e enterrou os dedos entre meus cabelos, ainda úmidos por causa da chuva.
Quase que involuntariamente, deixei um suspiro escapar pela minha boca e fechei os olhos. Eu me sentia tão frágil e ao mesmo tempo tão segura com o toque dele, como isso é possível?!
Ele chegou mais perto e parado, ali, com o rosto a milímetros do meu, desviou o olhar para minha boca. Senti minhas mãos, ainda apoiadas sob a cama, escorregarem um pouco pelos lençóis. Eu estava perdendo totalmente os sentidos. O único pensamento que ecoava em minha mente naquele instante era em como queria que aqueles dedos subissem só mais alguns centímetros...
Ele continuava imóvel alternando o foco entre meus lábios e os meus olhos como se só estivesse esperando minha aprovação ou por pura provocação, eu nunca vou saber...
Com a outra mão ainda enterrada em meus cabelos, senti ele pressioná-los um pouco mais e ali foi a minha deixa. Mordi os lábios com os olhos fixos nos dele e aquele foi o sinal que ele estava esperando pra avançar: No mesmo instante puxou minha cintura trazendo meu corpo para mais perto do seu e me beijou!Continua...
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Dois Lados
FanfictionDulce Maria é uma escritora de sucesso, tem muito dinheiro, poucos amigos, é responsável e atarefada, raramente consegue um tempo livre e quando o tem, opta por trabalhar em novos projetos. Escrever é a sua paixão, sua motivação diária, Dulce se ded...