•POV Dulce•
Dul: Como você... como... Quem é você?
Candy... Aquele apelido... Só havia uma pessoa que me chamara assim. Eu não consigo acreditar, não pode ser ele, não pode.
Dul: Não pode ser... Ucker?
Ucker: Eu, jamais pensei que te veria novamente, eu...Ele se aproximou e tocou o meu cabelo de leve. O tempo parecia ter parado ao nosso redor, eu estava tão confusa. Mas aquelas mãos, aquele toque, aqueles olhos penetrantes a me encarar... era ele, agora, mais do que nunca, eu tinha certeza disso. Me sentia a mesma de 10 anos atrás. Os minutos estavam passando e continuávamos ali, olhando fixamente um para o outro, como se todo o resto ao nosso redor não existisse. Ele sorriu. Eu estava me sentindo fraquejar, uma sensação esquisita como se eu estivesse prestes a cair. Não consegui expressar nenhuma reação, nem sabia o que dizer até o momento. Ele se aproximava cada vez mais. Eu estava me apoiando na porta, até que senti a mão dele tocar a minha. E aquilo foi...
Não, não dá.
Retirei minha mão debaixo da dele e me afastei.Ucker: Você não mudou nadinha. - Disse soltando uma leve risada e dando um passo para trás.
Dul: Ham, ham. É, você também não.
Ucker: Então... Você é escritora agora não é? Eu li algo sobre você em uma dessas revistas. Parece estranho, já faz tanto tempo... Quase não te reconheci sem aquelas mechas laranjas no cabelo.
Dul: É, não nos vemos há um bom tempo, de fato.Ele continuava a me encarar, parecia faltarem palavras. Eu também estava presa, sentia que meus olhos não conseguiam parar de observá-lo. Não mudara tanto, o cabelo estava do mesmo jeito, aqueles sorrisos bobos em meio às conversas, a autoconfiança disfarçada quando está nervoso... Mas o jeito de agir, de falar, parecia tão diferente...
Dul: Eu acho melhor você ir, conversamos depois. Tenho algumas coisas para fazer, resolvemos a questão
do carro mais tarde, se puder.Olhei para ele novamente, suas expressões pareciam mudar a cada segundo. Ele estava parado a minha frente, respirando de forma intensa. Até sua postura havia mudado.
Dul: Então, vou entrar, se me dá licença.
Ucker: Claro, claro, tudo bem. Imagino que deve estar ocupada. De qualquer forma é bom te ver. Desculpe te abordar assim, tenho tido dias ruins... Assim que estiver pronta, me chame, eu vou estar aqui ao lado. Estou com o dia livre.
Dul: Está certo, bom te ver também!Entrei e o observei acenar e descer os degraus aos poucos. Ele parou por alguns segundos a frente da casa, olhou para trás e sorriu de canto. Colocou as mãos nos bolsos da bermuda e saiu. Fechei as cortinas, sentei-me no sofá, um milhão de coisas se passavam à minha cabeça. Foi tudo tão rápido, mas tão intenso. Eu praticamente saí correndo dele. Candy... por que isso ainda mexe tanto comigo? A sensação ao vê-lo me chamar assim, mesmo depois de todos esses anos é inexplicável. Há tanto tempo eu não me sentia mais dessa forma, extasiada...
Cristopher Uckermann, foi meu primeiro amor. Eu já tinha tido uns rolos antes dele, mas nada comparado à história que tivemos. Ucker e eu ficamos juntos por quase 3 anos, nos conhemos no colegial, ensino médio. Ele, dois anos mais velho. Nossos pais eram contra. Um amor proíbido, do tipo mais clichê possível.
Meus pais nunca o aprovaram, na justificativa de que ele era irresponsável e que não servia pra mim.
Ucker tinha uma moto à qual era muito apegado, não me lembro ao certo o modelo, mas era preta em detalhes foscos. Gostava de andar livre, faltava à muitas aulas, se metia em confusão, típico de adolescente rebelde problemático. E era isso que me atraía nele... o jeito de ser tão do contra que me tirava da minha rotina exaustiva e monótona. Pelos corredores do colégio a gente se encontrava entre os intervalos, ele tinha a mania de colocar bilhetes no bolso do meu jeans e toda vez que eu o olhava para repreendê-lo, ele me olhava com aquele sorriso de canto e eu, sem defesa, sorria de volta.
Foi na festa de 16 anos da May, que nos beijamos pela primeira vez. Ela era a irmã mais nova do melhor amigo dele. Ele esperou que todos saíssem do gramado e sentou-se ao meu lado. Conversamos, ele me prendeu com uma conversa sobre constelações e algo sobre eu ter o brilho de Vênus sob os meus olhos. Eu estava tão perdida... Me entreguei de tal maneira, que um dia jurei jamais me entregar para alguém.
O tempo passou, brigávamos muito, eu insistia em terminar a cada discussão, mas ele sempre achava um caminho para me trazer de volta. E quando eu estava com ele, me sentia a pessoa mais importante do mundo, era como se somente nós bastassémos. Ele se formou, logo após o nosso primeiro ano de relacionamento. O ciúme era inevitável, mas ele sabia que eu não nasci pra ser presa a alguém, me conhecia, sabia da importância da minha liberdade e respeitava isso. Todos os dias eu o via parado na porta da escola, escorado na moto com um capacete em mãos a minha espera. Antes de me deixar à uma rua de casa (Para que meus pais não o vissem), ele me levava para a saída da cidade, fazia o retorno na pista e ficávamos em silêncio. Eu me agarrava a ele com toda força. Eram os melhores 10 minutos da minha vida. O último minuto era sempre o pior, ter que soltá-lo era uma tortura. Mas eu sabia que no dia seguinte ele estaria lá para mim novamente. Até mesmo quando passávamos a noite brigando ao telefone, ele sempre estava lá no dia seguinte, mesmo cansado, ele estava lá por mim.
Dois anos e meio se passaram, eu me formei. Estagiei em uma pequena editora perto de casa, era a garota do capuccino e da papelada que ninguém queria organizar, mas o salário me ajudava a me desprender da minha família financeiramente. Juntei um bom dinheiro, Ucker tocava violão em um bar noturno, contra a vontade do pai, e também tinha feito suas economias. Íamos comprar um apartamento e moraríamos juntos em breve. Demos entrada com parte do dinheiro e aos poucos íamos completando as parcelas. Eu não podia estar mais feliz. E ele me dizia estar contando os segundos para isso. Brigava muito com o pai e as vezes saía de casa. Depois que as luzes se apagavam e todos iam dormir, eu o deixava entrar pela porta dos fundos da cozinha e dormíamos juntos, éramos o refúgio um do outro...
Estava tudo indo bem, até... Bom... até aquilo acontecer. Nunca achei que ele fosse capaz de tal ato, mas ele foi. Da água pro vinho, eu vi o amor da minha vida se transformar em um completo estranho. Acho que jamais conseguirei esquecer o que esse homem fez comigo, jamais!Eleanor: Dul? Dul... O que houve? - Disse me abraçando.
Uma lágrima havia me escapado pelos olhos, sem que me desse conta.
Eu: Nada, está tudo bem, Elle! - Disse enxugando as lágrimas e levantando-me. - O café está pronto?
Continua...
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Dois Lados
FanficDulce Maria é uma escritora de sucesso, tem muito dinheiro, poucos amigos, é responsável e atarefada, raramente consegue um tempo livre e quando o tem, opta por trabalhar em novos projetos. Escrever é a sua paixão, sua motivação diária, Dulce se ded...