Resquícios de ontem a noite

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Acordei no dia seguinte com a claridade da luz entrando pelas frestas da cortina. Estava zonzo e minha cabeça parecia querer explodir. Olhei para o lado e logo notei que não estava sozinho. Natália, Najila, Nadia... não me lembro ao certo o nome dela. Era linda por sinal, mas muito nova. Estava com uma langerrie rosa, dormia com as pernas entrelaçadas ao redor da minha cintura e com os braços jogados sob meu peito. Merda, o que foi que eu fiz, por que minha cabeça doía mais que o normal?
Com cuidado, abracei a garota e virei-a para o outro lado, saí da cama sem fazer barulho e fui ao banheiro.
Lavei o rosto e me olhei no espelho, estava com um corte na boca, outro na testa e um chupão no pescoço. Essa garota realmente não estava para brincadeira, agora eu entendo a enxaqueca. Vesti uma calça e desci as escadas. Cristian usava um roupão azul e estava sentado à mesa com uma xícara de café e o celular em mãos. Soltei uma leve risada.

Cristian: O que foi?

Ucker: Nada, fico feliz que esteja relaxando.

Cristian: Depois da dor de cabeça que me deu ontem a noite, eu acho que mereço.

Ucker: Aí, quando foi que essa garota chegou aqui? Natália, Najila, não sei...

Cristian: Nathila.

Ucker: Isso, eu não me lembro de ter saído com ela da boate. Foi você que me trouxe pra casa?

Cristian: Sim, quando te liguei pra avisar que estava a caminho e você não atendeu te procurei de bar em bar pela cidade, te achei, te coloquei no carro e como insistiu em dirigir, não tinha muito o que fazer, era melhor do que continuar lá se embebedando. Você tinha um guardanapo com o número dela no bolso e quando te trouxe pra casa, depois do incidente, assim que entramos você ligou passando o endereço. E ela veio, pensei que não viria, mas veio. Parou a moto aí do lado. Mas olha, vou te avisando, essa menina é maluca, Ucker, adolescente pegajosa, ela acha que você está caidinho por ela. Eu tentei te impedir de ligar, mas você sabe como fica quando está alterado.

Ucker: Que incidente?

Cristian: Você não se lembra? Quando chegamos?

Ucker: Não, não me lembro...

Cristian: Você bateu no carro da vizinha. Arrancou o retrovisor e acabou com a pintura lateral. Ah, é claro, também vomitou na moça depois de uma conversa do tipo "Eu sou rico, eu tenho dinheiro, posso tudo", etc.

Ucker: Não, merda, não acredito.

Cristan: Pois é meu amigo, essa foi a sua deixa. Ela veio aqui mais cedo te procurar. Apesar de eu estar seriamente desconfiado de que ela estava espiando pela porta. Acho melhor ir falar com ela.

Ucker: É, tá certo, eu vou falar com ela.

Estava prestes a sair quando ouvi um barulho vindo das escadas. Era ela. Droga.

Nathila: Bom dia, meu gatinho! Acordou tão cedo, achei que fosse apagar até tarde, depois da noite de ontem. Ou por acaso foi pouco pra você?
- Perguntou mordendo minha orelha de um jeito desconcertante e incômodo.

Ucker: Não, que isso princesa. Foi incrível, você é demais. - Disse abraçando-a e olhando para Cris, que se segurava pra não rir naquele momento. - Então, não queria ser chato,mas infelizmente, eu tenho uma reunião aqui daqui a pouco com o Cris e vou precisar que... - Dei uma pausa, mexendo carinhosamente no cabelo dela - Você vá embora.

Nathila: Você tá me chutando? É sério que você me arrastou até aqui, transou comigo e agora vai me chutar?

Ucker: Não, não, não baby, não é nada disso. É que... Bom, meu pai é o meu chefe e, você entende, essas questões de negócios, família... é complicado. Você me entende não entende? Eu sou o herdeiro da empresa, então tenho que andar na linha. Mas eu te prometo, que assim que terminar aqui eu ligo pra você.

Nathila: Promete mesmo?

Ucker: Prometo, tem a minha palavra.

Nathila: Hum... Então eu vou Me vestir.

Ucker: Isso, vai lá. Eu te espero.

Esperei alguns segundos para que ela subisse.

Ucker: Viu isso?

Cristian: Tô te falando, você arruma cada uma...

Depois de algum tempo ela desceu, estava vestida e com a chave da moto em mãos. Abri a porta da frente para que ela pudesse passar. Paramos na varanda e ela se jogou em cima de mim.

Nathila: Queria tanto ficar com você mais um pouco gatinho... - Disse entrelaçando as mãos ao redor do meu pescoço.

Ucker: É, eu também queria. Mas você sabe, o dever me chama.

Nathila: Vou esperar você me ligar Ok?

Ucker: Está bem, vou ligar, eu juro.

Ela me deu um beijo lento e demorado subiu na moto, acelerou e pegou a estrada. Respirei fundo. Olhei para a casa ao lado e por algum motivo curioso, a tal garota do acidente estava parada, me encarando.

Ucker: Ei, você!

Ela tentou disfarçar como se estivesse distraída, mas eu sabia que estava olhando pra mim. Fui até ela. Conversamos, discutimos sobre o acidente e eu estava impaciente, só queria cair na cama e não sair de lá pelo resto do dia. Tinha um gênio forte e uma resposta pronta para cada palavra que eu dizia. Ela já estava me dando nos nervos até... até que ouvi aquele nome...

Ucker: Não pode ser... Candy?

Dulce: Quem é você?

Continua...

Dois LadosOnde histórias criam vida. Descubra agora