• Pov Ucker •
Dul: Está bem.
Dito isso ela escorou na maca e soltou o ar pela boca. Estava nervosa.
Suspirei e cheguei mais perto dela. Só queria acalmá-la, provar pra ela que não estava sozinha, não dessa vez.
Prendi uma mecha que soltara-se do seu coque atrás da orelha com a mão esquerda e com a direita deslizei as costas do meu indicador pelo seu braço até chegar à sua mão. Suava frio.
Ela não hesitou que a tocasse, mas também não conseguia me olhar nos olhos enquanto o fazia.
Me aproximei mais até que meu corpo se juntasse ao dela e a abracei. Segurei seu rosto colado em meu peito e em um primeiro momento uma de suas mãos tentou me me empurrar, ainda fraquejando no ato, mas ignorei o gesto. Eu sabia mais do que ela do quanto ela precisava daquele abraço. E ela confirmou meu pensamento quando desistiu de lutar e repousou suas mãos de leve em minhas costas. Um escoro sutil, suave. Não arriscou-se a me tocar de verdade ou a me abraçar de volta. Apenas as pontas dos seus dedos, ainda trêmulos, eram perceptíveis em minha pele.
Ficamos parados ali por alguns segundos. Repousei minha cabeça acima da dela. Deus, como estava cheirosa.
Enterrei o rosto em seus cabelos e inspirei seu cheiro. Inclinei a cabeça direcionando meus lábios ao seu ombro exposto.
Respire fundo, Ucker. Apenas faça a coisa certa.
Devia parar. Sabia que devia. Mas eu não conseguia lutar contra o desejo que eu tinha de senti-la. E não era algo sexual. Não naquele momento. Era mais que isso. Eu queria ela, por inteira. Suas lágrimas, seu desabafo, sua voz de choro, suas lamentações, o que quer que seu coração precisasse expulsar, eu queria ser a pessoa que estaria ali pra receber.
Mas ela lutava contra isso.
Em poucos segundos me empurrou, com as mãos firmes dessa vez, saindo do enlace e andando para o outro lado do quarto, enxugando os olhos com as costas das mãos.Dul: Já chega. Vamos acabar logo com isso. Verônica já foi embora?
Ucker: Ainda não. Bom, pelo menos não há alguns minutos. Estava lá fora esperando que acordasse.
Dul: Está bem. Escuta, você deu a sua palavra. Espero que saiba a gravidade do que acabou de fazer comigo e do caos que está instaurando em minha vida. Assim que isso tudo acabar, se for preciso que você se mude para o outro lado do mundo para que não corramos mais o risco de nos esbarrar eu prefiro que o faça.
Ucker: Como quiser...
Dul: Não pense nem por um segundo que isso será mais um joguinho seu. Ou que terá algum poder ou liberdade quanto a mim a partir de agora. Casado ou não, eu tenho bagagem o suficiente contigo pra saber o tipo de cara que você é e não é isso que eu quero pra minha vida. E se você...
Ucker: Se eu o quê?
Dul: Se... Houver a mínima possibilidade, de existir algum sentimento por mim nesse seu coração de pedra... Use-o para desejar que eu seja feliz, sabendo que jamais serei enquanto você estiver por perto.Ela sabia exatamente como e onde me golpear. Mas estava certa. E eu não saberia sequer descrever o quão doloroso era reconhecer que estava certa. Jamais poderia ser feliz ao meu lado. Mas eu cumpriria minha palavra. Sairia da sua vida assim que ela conquistasse o que desejava. Poder ajudá-la com isso era a única coisa que eu pensava em fazer agora.
Ucker: E então, como vai ser?
Dul: Ainda estou pensando, estou tentando assimilar e tomar uma decisão. Temos que estabelecer regras.
Ucker: Podemos sair daqui e conversarmos em outro lugar.
Dul: Certo, mas antes disso falarei com Verônica. Você vem comigo. Vou me desculpar pelo incidente e tentar explicar nossa situação conjugal. Fique perto, mas não perto demais. Não quero que me beije, não quero que me toque, não quero...
Ucker: Dul, como é você acha que vamos convencê-la de que estamos perdidamente apaixonados um pelo outro se você não me permitir ao menos tocar em você? Como vamos transmitir a noção de amor, família e segurança que aquela garotinha precisa se nem ao menos me deixar chegar perto?
Dul: Ucker, não se aproveite...
Ucker: Não estou me aproveitando. Estou dizendo o óbvio. Confie em mim, eu não ultrapassarei nenhum limite, mas para que isso funcione preciso fazer meu papel. Se formos pegos mentindo seremos acusados de fraude e a coisa pode ficar muito feia. Posso tirar a polícia da nossa cola com apenas um maço de notas, mas quanto a Tiana não vou poder fazer muita coisa. Entende isso?
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Dois Lados
FanficDulce Maria é uma escritora de sucesso, tem muito dinheiro, poucos amigos, é responsável e atarefada, raramente consegue um tempo livre e quando o tem, opta por trabalhar em novos projetos. Escrever é a sua paixão, sua motivação diária, Dulce se ded...