Três | Brooklyn

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OI! to tentando manter as atts semanais, espero que consiga continuar assim. por favor, deixem o votinhoo e comentem sem medo. boa leitura!!

#EliteVhope

HOSEOK

Minha irmã é maluca, o que explica grande parte das minhas manias e das coisas que faço, não que eu ser do jeito que sou seja culpa dela, ao menos não totalmente, mas se prestar bem atenção, dá pra notar que somos bem parecidos.

Grande parte do que eu sou foi herdado do meu pai, minha irmã contribuiu com alguns por cento quando começou a me criar quando eu fiz doze anos e nosso pai foi servir ao exército do outro lado do mundo.

Não tem nada da minha mãe, porque eu não a conheci, mas tem muito do que eu vivenciei morando no Brooklyn, trabalhando toda noite desde os meus dezesseis anos, das amizades ruins que fiz e das boas também.

Às vezes tenho a impressão de eu não passo de uma máquina de autodefesa, o tempo inteiro sinto como se estivesse na defensiva, me preparando para algo, o tempo inteiro com raiva, como se esperasse por algo ruim, sempre de olho tentando garantir o meu lugar na mesa.

Porque eu sei que não pertenço a lugar nenhum, sei que sempre vou ser visto como um estranho.

As pessoas olham para mim como os nativos olham para estrangeiros em seus países, elas simplesmente sabem, pelo jeito de falar ou de se portar, elas sabem quando alguém não é dali, quando não pertence aquele lugar, elas reconhecem um estrangeiro.

E desde o dia em que eu ganhei minha bolsa de estudos, não teve um dia sequer em que eu não tenha recebido aquele olhar, o olhar de confusão, de estranhamento, eu sou como uma falha no sistema perfeito deles, sempre vou ser.

Como Taehyung mesmo sempre tem o prazer de dizer, de colocar em palavras e nunca me deixar esquecer o que eu sou, um bolsista, pobre, do Brooklyn.

E tudo bem, porque eu sou isso mesmo, um fodido de merda que não tem nem onde cair morto.

Isso deixou de incomodar depois de alguns meses convivendo com burguesinhos metidos a besta.

— Hoseok! — Jiwoo gritou, e conforme ouço seus passos se aproximarem, mais alto ela parece gritar — Você viu o Lucifer? — ela parou na porta do quarto, se apoiando no batente, está vestindo roupas escuras e largas que levei um instante para perceber que são minhas roupas velhas.

— Não vejo o Luci tem quase três dias — murmurei, voltando os olhos para o livro que estava lendo — Mas deixei a janela aberta, pra caso ele volte.

— Gato maldito — resmungou, entrando de vez no quarto e indo até a minha janela, pondo a cabeça para fora — Da última vez ele ficou na rua por quase uma semana.

— Ele volta.

— É, ele volta... — suspirou, apoiando as mãos na cintura e virando de frente pra mim — Tá lendo o quê?

Fechei o livro, mostrando a capa para ela, mesmo sabendo que ela não faz ideia do que é e vai perguntar do que se trata. Jiwoo é enxerida.

— É mais um dos seus livros bizarros?

— É.

— Sobre o que é dessa vez? Um psicopata? Uma garota com superpoderes? — questionou, se aproximando de mim e subindo na cama — É sobre o quê?

— Canibalismo.

— Porra! — fez careta e riu num sopro, ela sempre reage assim e sempre lê o livro depois de mim. Temos gostos parecidos também — Aí, quem era aquele garoto no restaurante hoje?

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