Dezesseis | Vermelho Vinho

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Oie, esse capítulo ficou bem grandinho, 14k de palavras, demorei um pouco mais pra escrever, mas espero que valha a pena.

⚠️: Transtorno alimentar.

#EliteVhope

HOSEOK

O instrumental barulhento de King For a Day e os berros fortes do vocalista ecoando por cada cômodo da casa, me fazem lembrar do dia em que Jiwoo me deixou sozinho por mais de três horas pra ir em um show do Pierce The Veil.

Não tem nada demais nessa memória, fiquei a noite inteira assistindo Harry Potter e quando ela chegou em casa a noite eu estava dormindo no sofá, acordei com sua tentativa de me carregar até a cama.

Ela sempre dava um jeito de ir em todos os shows que queria, não tinha um centavo no bolso, nada além de lábia e um rosto bonito, duas das coisas que sempre facilitaram muito nossas vidas.

Ela era uma oportunista, sempre foi.

Acho que é por isso que ela não consegue ficar tanto tempo com um cara, porque em determinado momento eles descobrem que o que realmente interessa à ela são as vantagens que o relacionamento lhe proporciona.

Mas isso não a torna uma pessoa ruim e também não significa que ela não goste de verdade das pessoas, minha irmã também nunca teve bons namorados, ela na verdade costuma atrair babacas, mas isso já é outra história.

Às vezes tenho a impressão de que deveria ser mais como ela, que deveria deixar de ser tão orgulhoso e aceitar de braços abertos todas as grandes oportunidades que a vida dá.

Mas não consigo, mesmo sabendo que parte do que temos agora foi concebido graças a boa lábia dela e seu jogo de cintura. Jiwoo sabe o que fazer, sabe reagir, mesmo estando na merda do fundo do poço e eu sempre admirei isso nela.

E pela primeira vez me dei conta, de que eu nunca imaginei minha vida sem ela pra cuidar de mim.

— Feliz aniversário! — minha irmã grita, batendo a porta do quarto, entrando feito um furacão e pulando por cima de mim na cama, praticamente me esmagando.

— Filha da puta! — grunhi enquanto meu rosto era agarrado por suas mãos, seus dedos longos, cheios de anéis, apertando minhas bochechas com uma força absurda só para que pudesse dar um beijo no meio da minha testa — Me larga! Nojenta!

— Meu bebezão! — ela riu, então se afastou o suficiente para que eu pudesse ver seus olhos, baixos e vermelhos.

— Tu tá chapada, né caralho? — tentei não rir, mas foi impossível segurar quando ela mesma soltou um risinho.

— Tô... — ela sorriu de orelha a orelha, com meu rosto ainda sendo esmagado — Feliz aniversário, Hobi — grunhiu, apertou meu nariz e se deitou ao meu lado na cama — Eu tô ficando velha...

— O aniversário é meu, eu quem tô ficando velho.

— Sim, mas... você tem dezenove anos agora, tem noção disso? — estreitou os olhos — Eu ainda lembro de quando você chegou em casa — me encarou com um sorrisinho — Eu te odiava, Hoseok, você chorava o dia inteiro e a noite toda também, bebê chorão insuportável.

— Chorava porque sabia que minha vida ia ser essa merda.

— Babaca — soprou o ar com um risinho, apertando os próprios dedos — Você ficou grande, eu te pegava no colo e agora você é mais alto que eu, porra... isso é bizarro.

— Você tá ficando emotiva, cai fora do meu quarto antes que comece a chorar — mandei, revirando os olhos quando ela me desobedeceu, grudando em mim outra vez, me prendendo em um abraço desajeitado.

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