ELITE | vhope

Doze | Passarinho

Ooi!! A atualização não demorou muito dessa vez porque eu gosto de uma desgraceira, espero que gostem desse capítulo porque eu amei muito escrever.

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Boa leitura!

#EliteVhope

HOSEOK

Acho que nunca vou ser capaz de compreender a influência que meu pai tem sobre mim, a facilidade de me fazer sentir um merda, inútil e estupido.

Absolutamente qualquer coisa que eu diga ou faça me faz parecer um imprestável na frente dele.

E não importa o quanto eu me esforce ou o quanto eu tente controlar meus impulsos, ele sempre encontra um jeito de me quebrar.

Meu pai sempre soube exatamente o que dizer para me afetar, pra me deixar louco de raiva ou pra me fazer sentir a porra de um merda e a minha vida inteira eu tive que lidar com isso.

Humilhação nenhuma chega aos pés do que eu já cheguei a ouvir da boca do meu pai, então que se foda.

— Da primeira vez em que te peguei fumando quase te fiz engolir a porra do cigarro.

Ergui o olhar para o meu pai, parado na porta do quarto enquanto me encarava com o cenho franzido e as mãos atrás das costas. Ele mantém a postura ereta, quase como se me olhasse de cima, transmitindo tanta superioridade que é impossível não me sentir inferior.

— Não — puxo a fumaça, segurando antes de soltar num suspiro arrastado — Você apagou o cigarro na minha mão — fecho os olhos e quando volto a abri-los meu pai está com as sobrancelhas juntas, como se não se lembrasse disso e meu sorriso é instantâneo.

Ele é tão previsível.

— Eu não fiz isso.

— Fez sim — puxei a manga da blusa, dobrando-a até ter a mão toda exposta, então apontei para a mancha escura entre meu polegar e meu pulso — Você não lembra, né? — coloquei o cigarro de volta na boca.

Claro que não, ou talvez se lembre e esteja apenas tentando me fazer sentir um mentiroso de merda, um maluco, ele também sabe como me fazer duvidar da minha própria sanidade.

Ele não me respondeu dessa vez, em vez disso desfez a pose, cruzando os braços por cima do peito e soltando o ar. É quase como se ele lamentasse, mas sei que ele não é isso, ele não se arrepende do que fez, só detesta o fato de eu ainda me lembrar, como se todas as coisas horríveis que ele me fez passar durante a infância não devessem ter tanta importância agora.

E por mais que grande parte das minhas memórias mais antigas tenham desaparecido da minha cabeça, há coisas impossíveis de esquecer, há cicatrizes para me fazer lembrar, como essa porra de queimadura de cigarro.

— Pra você ver como eu não aprendi nada com aquele dia — respondo, num tom de brincadeira que facilmente o tira do sério — Você deve ter feito a mesma coisa com a Jiwoo e ela fuma duas vezes mais do que eu.

— Jiwoo é diferente, ela é igual a mãe, fraca — seu tom de voz áspero me faz arquear as sobrancelhas em surpresa — Nunca esperei algo diferente dela, desde pequena ela sempre foi meio perdida, teimosa...

— Não sei porque quer falar da minha mãe, sabe que eu não conheço ela.

— Deveria agradecer por não ter conhecido.

— Tanto faz... — estreitei os olhos, deixando o cigarro na boca só para não precisar continuar falando e espero que ele entenda o recado, mas é óbvio que não.