Certa vez alguém comentou que a felicidade deve ser arduamente conquistada e que o processo até lá pode ser doloroso. É necessário ter força e persistência. Desistir não pode ser sequer cogitado. E que, no fim, todos os tropeços no caminho valem a pena, mas ninguém conseguiria colocar em boas palavras o quanto realmente dói. Contudo, Andrea não abriria mão. Miranda muito menos. Tudo que elas queriam estava ali, dentro daquela sala, protegido. Ainda que vez ou outra aquela redoma fosse ultrapassada, conseguiam reconstruí-la cuidadosamente e cada vez mais forte.
Um dia, porém, alguém decidiu que aquela alegria e imagem de família feliz lhe embrulhava o estômago e precisava acabar.
Amy observava atentamente as duas compartilharem mais um momento alegre ao lado de Diana. Sua filha. Sua única filha com a única mulher que realmente amou. Não era justo e nem mesmo certo. Andrea não tinha o direito de privá-la da criação de Diana. Ela não tinha o direito de sujar sua imagem para a própria filha. Não tinha o direito de colocar a maternidade nas mãos de outra e substituí-la como se fosse descartável.
Sendo assim, Amy devia agir. E iria.
Não estava muito longe das festas de final de ano. Era a época favorita de Diana e Andrea, bem como de Amy. E elas passariam juntas, custe o que custasse.
Amy agora vivia em New York há poucos quarteirões do apartamento de Andrea. Ela sabia que ela e Miranda saiam todos os dias juntas para o trabalho. Sabia que elas deixavam Diana na escola antes de seguirem para o Elias Clarke. Tinha conhecimento de que elas almoçavam todos os dias num restaurante perto do prédio e saíam mais cedo para buscar sua filha na escola. Era, de fato, uma família digna de comerciais televisivos.
Não fazia muito tempo que estava dentro do carro estacionado há poucos metros do prédio onde Andrea trabalhava. Os vidros escuros impediam que qualquer um a visse. Seus olhos estavam levemente avermelhados e algumas olheiras marcaram sua pele pelas noites que passou acordada traçando seu plano, porém a maquiagem ajudava a disfarçar, bem como os óculos escuros que mantinha no rosto. Suas mãos dedilhavam o volante deixando clara a sua ansiedade. Ela precisava agir o mais rápido possível. Não podia deixar rastros. Não podia pensar em dar um passo em falso. Nada podia sair do que foi cuidadosamente traçado.
Em pouco tempo Andrea cruzou as portas do Elias Clarke. Ela usava um vestido preto até a altura dos joelhos. O tecido contornava sua cintura e os sapatos de salto alto causavam a ilusão de que era mais alta. Ela parou por um momento depois de dar alguns passos e estendeu o braço para que alguém que estava mais atrás segurasse sua mão. Amy não conseguia ver quem era devido a uma van que tampava sua visão, mas o sorriso de Andrea quase rasgava seu rosto em dois e denunciava que a mão que agora apertava a sua era de Miranda.
Amy rangeu os dentes e pressionou as mãos no volante deixando os nós de seus dedos ainda mais brancos. A aliança do casamento permanecia no seu anelar e agora machucava sua pele provocando uma marca vermelha e dolorida devido à força.
Aquilo não duraria muito tempo.
Amy esperou que elas entrassem no carro e colocou-se a segui-las de uma distância segura para que não fosse reconhecida. A cada segundo seu coração acelerava mais, porém tentava ignorar e manter-se focada. Era a sua única chance.
Durante todos os dias que passou às seguindo, o itinerário era o mesmo. Contudo, naquele dia em especial, elas não viraram a esquina à direita para buscar Diana no colégio. Em vez disso, elas viraram à esquerda até uma avenida menos movimentada de classe alta. O carro em que estavam estacionou frente a um hotel de luxo. Algumas rugas surgiram na testa de Amy enquanto ela se perguntava o que diabos estava acontecendo.
Seu plano era simples: ela garantiria que fossem buscar Diana e, em vez de segui-las até o colégio, iria para a mansão de Miranda. Lá, ela esperaria pela filha no quarto que lhe cederam e a colocaria para dormir com uma pequena dose de um sonífero potente. Em seguida, iria de encontro às duas mulheres com sua faca de caça em punho. Ela não machucaria Andrea. Obviamente não faria isso. Ela queria sua antiga vida de volta e sua esposa era parte crucial dela. Não gostaria de viver sozinha com Diana, mas sim com sua família completa, felizes como sempre foram.
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Please Notice | Em revisão
FanficNaquela noite em Paris, Andrea subitamente encontrou coragem para declarar-se para Miranda. Não foram necessárias palavras, pois aquele beijo dizia tudo. Quando Miranda finalmente falou, depois de alguns segundos imóvel, Andrea percebeu que fora um...