Capítulo XXV

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Segurei a bandeja, repleta de biscoitos que Tiana havia acabado de fazer, e subi as escadas até o quarto da pequena princesa. Se Andy, com toda a alegria que possuía, não havia conseguido fazer com que ela comesse, não consegui pensar em como eu conseguiria.

Segurei um livro infantil que havia encontrado na biblioteca debaixo do braço e parei na porta, prestes a bater, até que escutei a voz dela.

— Não quero que você fique sozinho, Chris.

— Não vim aqui para falar sobre mim, mocinha, e sim sobre você. Porque não quer comer? — engoli uma saliva. Era a voz do príncipe.

— Não estou com vontade.

— Mia, não faça drama.

— A mamãe está certa, você tem que se casar! O reino precisa de uma rainha.

— Eu estou bem, Mia, posso assumir a coroa sozinho. Quando você crescer, estará ao meu lado me ajudando.

— Não é o bastante. — a voz dela saiu triste. — Você ama alguém, não ama?

Minhas mãos tremeram na bandeja. Olhei para trás, pensando em dar meia volta até que ouvi a resposta.

— Você ainda nem sabe o que é amor, pequena. — a voz dele saiu baixa, com um tom diferente.

— Sei sim!

— Algum problema, senhorita Victória? — a voz de Odella surgiu atrás de mim, me fazendo gritar de susto.

— Não, nenhum, eu só...

A porta se abriu no mesmo instante.

Christian me olhou.

— Olá. — ele disse, formal.

— Bom dia, alteza. — fiz a reverência, sentindo o olhar de Odella sobre mim. — Vim trazer um lanche para a princesa.

— Não creio que biscoitos sejam um lanche apropriado. — a governante disse, em tom de repreensão.

— Alguém disse biscoitos? — Mia gritou de dentro do quarto, erguendo a cabeça para olhar.

— Senhorita Victória, leve já esta bandeja de volta à cozinha e traga algo decente para a princesa...

— Está tudo bem, Odella. — Christian a interrompeu, e olhou para mim. — Se ela comer, já fico agradecido.

— Sim, alteza. — assenti, vendo ele sair. Odella permaneceu me encarando com semblante fechado.

— O que está esperando? Obedeça a ordem!

— Porque me odeia tanto, Odella? — soltei a respiração, vendo a mulher alta de coque totalmente alinhado e pele escura permanecer com a expressão rígida. — Porque odeia todo mundo? Sorrir de vez em quando não a faria mal. Não estou falando que precisa ser feliz o tempo inteiro, eu mesma não sou o melhor exemplo de alegria, mas não custa ser gentil de vez em quando.

Ela não respondeu. Erguendo a cabeça e mantendo a postura, ela saiu fazendo barulho com os tamancos.

— Vi? — a voz de Mia surgiu do quarto. Entrei e fechei a porta.

— Com licença, eu estou procurando uma certa criança que esteja com vontade de comer deliciosos biscoitos.

— Essa criança sou eu. — ela sorriu, deitando na cama e balançando as pernas para cima.

— Acho que não. — ergui a sobrancelha, vendo ela se assustar. — Ouvi dizer que você não irá comer. Nunca mais.

— Não seja burra, Vi. Se eu não comer nunca mais eu morro. Posso viver de biscoitos. Me dá um.

Irrefutável SentimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora