Capítulo V

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Desci de meu cavalo sentindo uma fome avassaladora. Parei em frente a uma venda de frutas e peguei quatro maçãs, sentindo repugnância ao olhar para o vendedor idoso de dentes podres, camisa coberta de suor e dez fios brancos em meio à calvície.

Fiz uma ressalva mental de lavar cada fruta com esmero no próximo rio que encontrasse e abri o saco de moedas, sentindo-o ser puxado bruscamente de minhas mãos no mesmo instante.

Tudo ocorreu muito rápido. Dois jovens garotos de bonés surrados e roupas rasgadas que deveriam ter, no máximo, 11 anos, correram com meu saco de moedas e o velho da venda rangeu os dentes escuros e gritou, chamando os guardas.

Ele segurou forte meu braço me impedindo de fugir com as maçãs, enquanto eu gritava que havia sido roubada. Ele não acreditou.

— Eu não ia roubar nada. Você não pode me prender! — gritei sentindo minha capa cair enquanto o guarda agarrava meus braços que já estavam arroxeados devido aos homens da feiticeira. As maçãs caíram ao chão.

— Ah é? — o guarda com cicatriz no olho me olhou de cima a baixo e quase cuspiu em meu rosto. — E quem a senhorita pensa que é?
Meu corpo paralisou. O olhei sentindo o colar pesar em minha nuca e aproveitei para testar se o feitiço havia realmente funcionado.

— Eu sou a princesa Violetta Beaumont.

A expressão do homem ficou impassível. Senti minhas mãos suarem percebendo que a feiticeira havia me enganado quando o alto som da gargalhada horrenda do homem ocupou a rua. Ele cuspiu no chão e levantou meu rosto.

— Nem se quisesse, belezinha.

Respirei, sem saber se estava aliviada ou em uma enrascada ainda maior. Os guardas começaram a empurrar as pessoas na rua tentando procurar os garotos enquanto me puxavam e a população começou a correr com medo de serem presos.

O caos estava instalado.

Romeo fugiu. Fui jogada em cima do cavalo de um guarda com as mãos amarradas a uma corda grossa e um saco escuro na cabeça. Escutei o povo vaiar e gritar a palavra ladra.

Me surpreendi por não estar com vontade de chorar. Eu não sentia absolutamente nada além de raiva. Os garotos também foram pegos, e depois de um longo caminho sentindo meu estômago se contrair de fome, o pano de meus olhos foi retirada.

Fui jogada em uma cela suja e fria.

Presa! Eu estava presa! Não conseguir crer que, depois de tudo que eu havia passado, eu havia sido presa

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Presa! Eu estava presa! Não conseguir crer que, depois de tudo que eu havia passado, eu havia sido presa. Eu não estava bem. Não me sentia bem.

Olhei a cela na qual eu havia sido jogada e me encolhi no chão duro e sujo, cansada depois de ter gritado a plenos pulmões aos guardas que era inocente. Toquei meu peito ainda sentindo um forte vazio, e tentei respirar. Tudo havia dado completamente errado.

— Moça, sente-se bem? — o garoto que havia roubado meu saco de moedas me olhou com os olhos castanhos preocupados, com o rosto sujo de graxa. Me assustei ao ver que, quando o jovem retirou o boné, um longo caminho preto caiu sobre os seus ombros. Era uma garota. Seu cabelo cacheado parecia não ter sido lavado a muito tempo, e sua pele clara estava coberta de manchas. — A culpa é minha por estar aqui.

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