Capítulo VII

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Andei a passos largos ao lado do soldado Baker, que parecia, a cada segundo, mais frustrado por sustentar aquela situação, e entrei nos fundos do Palácio encontrando uma cozinha grande e majestosa.

Vários homens e mulheres trabalhavam arduamente cozinhando o que parecia ser a próxima refeição, e o cheiro que exalou das panelas fez meu estômago roncar. Eu estava realmente com fome.

— Andy! — o soldado Baker bradou uma única vez, fazendo uma garota de pele clara, baixa estatura, de cabelos cacheados dourados presos em uma touca de pano andar em nossa direção. Ela parecia brilhar. Seus olhos cor de mel me fitaram, e ela sorriu.

— Olá!

— Esta é a nova funcionária, irá dividir os aposentos com ela. A introduza no serviço da cozinha.

— Ora Baker, já estamos com muitos funcionários...

— São ordens do príncipe. Dê vosso jeito. — ele disse ríspido e saiu a passos pesados, fazendo barulho com a armadura que carregava no corpo. Para a minha surpresa, Andy sorriu.

— Não tenha medo dele, deve estar em um dia ruim. Muito prazer, eu sou a Andy. — ela estendeu a mão em minha direção, me oferecendo um sorriso gentil.

— Victória. — estendi de volta, a cumprimentando.

— Não vou nem perguntar como veio parar aqui, não é de minha conta. O que precisa saber é que o trabalho é pesado...

— Não tenho problemas com isso. — a interrompi, pensando que talvez não fosse de tão ruim estar do outro lado da história. O lado em que eu era uma camponesa comum, sem obrigações com a nobreza, aprendendo a trabalhar. Pelo menos até conseguir ir embora daqui.

— Ótimo, tenho bons sentimentos em relação a ti. — ela me olhou de forma mística, como se tentasse enxergar além de mim mesma. Dei um meio sorriso e voltei a olhar para a cozinha.

— Você cozinha?

— Oh não, não mesmo, não sei cozinhar um arroz. — Andy balançou a cabeça e me puxou pelo braço, me assustando com a facilidade de interação. Paramos em frente a uma moça que estava de costas, mexendo em um caldeirão de sopa. — Eu passo a maior parte do tempo aqui por causa da minha melhor amiga, Tiana. Ela é a melhor cozinheira do castelo.

— Muito prazer. — acenei, me sentindo constrangida pela beleza dela.

Tiana possuía lábios carnudos, pele negra, cabelos ondulados amarrados em um laço azul para trás e olhos grandes e escuros que brilhavam debaixo dos longos cílios. Ela estava com o vestido azul e um avental cinza gasto completamente sujo de temperos, e ainda assim, parecia mais bonita do que eu mesmo quando estava com o vestido mais caro de Beaumont.

— Oi. — Tiana me olhou rápido e voltou a olhar para a panela.

— Ela é fechada no início assim mesmo, mas logo se acostuma. Você está com fome? Sente aqui, vou pegar um prato. — Andy praticamente me empurrou na cadeira de madeira que havia em uma pequena mesa na cozinha, e pelos próximos vinte minutos, não parou de falar.

Ela me apresentou todos os funcionários que passaram por lá. Seria mentira minha dizer que decorei o nome de algum deles, sendo que se passaram, certamente, mais de 60 apenas pela cozinha.

Havia barulho de conversas e risadas. Todos foram simpáticos e acenaram enquanto eu comia, inteiramente concentrada na deliciosa sopa de galinha que Tiana havia feito. Quando coloquei a última colher na boca, Andy retirou o meu prato e me puxou novamente.

— Vamos, irei te apresentar o Palácio!

— Não, eu não quero...

— Ora essa, você irá adorar! — ela me puxou, com o sorriso ainda mais largo. Fui arrastada, sem saber como ser grossa diante de um sorriso tão grande. Por um momento, ela me lembrou Arabella.

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