Capítulo XXVII

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— Como a senhorita não pesa 120 quilos? — Christian me olhou abismado, enquanto eu colocava o último pedaço de bolo na boca.

— Não tenho culpa se não consegue comer como eu. — respondi com a boca cheia.

— Uma pintura deveria ser feita de sua situação nesse momento.

— Ninguém é digno de contemplar a verdadeira versão de quem sou. — limpei a boca, vendo-o franzir os olhos em minha direção.

— Eu poderia apontar em qual local está sujo, mas não saberia por onde começar. Dormirá coberta de formigas.

— São criaturas adoráveis.

— A desafio a responder o mesmo pela manhã.

— Eu tomarei um banho. A propósito, Christian, eu gostaria de lhe pedir algo.

— Somente depois que me disser o que está escondendo. — ele se levantou da mesa, andando em direção à cesta que eu havia colocado em um canto longe da visão dele, torcendo para que ele esquecesse.

Aparentemente ele não esqueceu.

— Há ratos. — disse seriamente, andando em sua direção. Ele sorriu.

— São criaturas adoráveis.

— Christian, não... — tentei tomar da mão dele.
Foi tarde demais.

— Biscoitos? — ele pegou um com a mão. Estavam mais marrons do que deveriam. — Mia também fez?

— Não. — cocei minha orelha. — Foi Tiana.

— Tiana? — ele ergueu as sobrancelhas. — Por qual motivo?

— Nenhum. — cocei a garganta. — Ela quis cozinhar.

— Interessante. Se são só biscoitos que Tiana fez, porque estava os escondendo? — ele virou o rosto de lado.

— Eu não estava escondendo.

— Não foi o que pareceu.

— Me devolva, Christian. — tentei pegar de novo. Ele foi rápido, me impedindo e colocando atrás de si.

— Suponho que a tenha ajudado.

— O que? Porque?

— Seus dedos. Estão com marcas de queimadura. — ele deu um passo à frente. — Você está fazendo exatamente a mesma expressão que fez no primeiro dia em que nos conhecemos.

— E o que essa expressão significa? — ergui o rosto.

— Que está mentindo. — ele sussurrou em meu ouvido.

— Como pode ter tanta certeza?

— Não tenho. — ele sorriu de lado. — Você ainda é um mistério para mim, senhorita Miller.

— Tudo bem, eu confesso. — soltei a respiração, admirando a persistência dele. — Eu os fiz. É o seu aniversário, então...

— Você os fez para mim? — ele me olhou surpreso.

— Somos amigos. — engoli uma saliva. — Eu deveria lhe dar algo de presente. Por favor, não coma isso. Sou péssima em cozinhar.

Ele levou o biscoito à boca.

Tomei a cesta da sua mão.

— Eu te disse para não comer!

— E eu claramente ignorei. — ele disse, de boca cheia e se afastando a passos rápidos.

— Christian! — corri atrás dele.

— Foram os melhores biscoitos que eu já comi. — ele respondeu, depois de engolir.

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