Capítulo XXIII

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De forma impulsiva, antes que eu terminasse de lavar os jarros e talheres, andei até a biblioteca. Desde que havia voltado ao meu quarto durante a madrugada não consegui parar de pensar no porquê o feitiço não havia sido quebrado.

Eu precisava voltar à cidade e procurar a feiticeira. Não importa o quanto eu temesse retornar àquele lugar, não suportaria permanecer mais um minuto colocando Andy em meio aos problemas que pertenciam somente a mim.

Girei a maçaneta sem fôlego e vi Christian em pé, conversando com o soldado Baker. Os dois pararam a conversa no mesmo instante e Baker me olhou desconfiado pela falta de reverência. Assim a fiz.

— Com licença alteza, gostaria de pedir vossa permissão para sair do palácio hoje.

— Há os dias corretos para a saída de todos os servos... — Baker começou a falar quando Christian o interrompeu.

— Nos dê licença, por favor, soldado. — ele firmou a voz.

— A carruagem está lá fora o esperando, senhor. — ele assentiu e o reverenciou, saindo da sala. O barulho da porta se fechando me fez engolir uma saliva.

O silêncio engoliu a biblioteca.

— Qual a justificativa para a saída do castelo? — ele andou até a mesa, organizando os papéis.

— Motivos pessoais. — juntei as mãos à frente ao corpo.

— Precisa apresentar uma justificativa plausível e concreta. Sabe que não permito a saída de ninguém fora do prazo. — ele disse com a voz grossa, ainda sem me olhar. Respirei fundo.

— É importante.

— É familiar?

— Minha família não é de Várzea.

— Se não irá justificar, não posso ceder a permissão.

— Se qualquer outro servo lhe pedisse tenho certeza que reconsideraria. — dei um passo à frente.

— Qualquer outro servo apresentaria uma justificativa.

— Por favor. — segurei em seu braço, percebendo o erro da ação no mesmo instante. Ele olhou para a minha mão e eu a soltei. — Não pediria se não fosse realmente necessário.

— Chamarei um guarda para acompanhá-la até a cidade. — dando um passo para trás e parecendo desconcertado, ele jogou os papéis que havia arrumado de qualquer jeito dentro da gaveta.

— Eu posso ir sozinha a cavalo.

— Não é seguro. Nas trilhas estão tendo salteadores que estão derrubando cavalos e roubando camponeses.

— Não precisa se preocupar. Obrigada pela permissão.

— A carruagem já está pronta. — ele respirou fundo, como se estivesse se arrependendo do que ia dizer. — Estou indo para o mesmo local. Pode ir comigo, se quiser, há espaço no coche. Se ainda assim quiser ir sozinha, chamarei Baker para abrir o portão de ferro.

Olhei para ele, sem saber o que dizer. Eu não tinha medo de nenhum salteador, mas não queria correr o risco de que Romeo fosse machucado. Tentando esquecer do beijo e da forma como ele me olhou quando fui embora na noite anterior, respondi sentindo vergonha pela situação e me virei para abrir a porta.

— Eu aceito.

— Eu aceito

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