Capitulo 10: Não me comprometa

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Demorei um bom tempo para pegar no sono. Magnum se irritou e me deu um calmante porque não parava de me mexer. Mas ainda sim fui dormir quase quatro horas da manhã e estou de pé desde as seis. Duas horas de sono.

Não podíamos nos atrasar, isso que Magnum disse. Mas faz uma hora que estou sozinha neste quarto desde que amanheceu. Os calmantes me ajudaram a dormir por duas horas, mas não afastou os pesadelos. Depois do que Emmett disse minha cabeça está a mil pensando justamente que Daya é um alvo caso eu não obedeça. O pior de tudo é que sonhei várias possibilidades do pior acontecer.

Emily entra no quarto com uma muda de roupas nas mãos, acho que ela não esperava que eu estivesse acordada, pois acaba pedindo desculpas por entrar de repente.

A notícia que li no pedaço de jornal pregado no diário de Leonard começou a fazer mais sentido, mas preciso perguntar porque quero ter certeza que não são apenas coincidências.

Queria conversar com ela, perguntar algumas coisas, mas Emily é quieta e parece ter medo de tudo, até mesmo de uma mosca. Não quero forçar a barra e muito menos dar problemas a ela. Porém, provavelmente, não sou a única a querer perguntar. Emily me encara como se quisesse dizer algo, mas está com receio.

Quando vou abrir a boca pra enfim perguntar como ela veio parar nesse lugar, Emily sai do quarto as pressas me deixando sozinha com os móveis e as roupas.

- Tá pronta? - Magnum entra no quarto assim que termino de me trocar.

- Se eu tô pronta pra trabalhar para essa gente de novo? - debocho, dobrando minhas roupas - Não, não estou. - Magnum parece se divertir com isso já que solta uma risada baixa e se aproxima - Me ajuda a sair daqui, por favor. - me viro para encará-lo - Eu faço qualquer coisa, mas me ajuda.

- Não posso. - Magnum nega com a cabeça me encarando com pena.

- Minha filha precisa de mim, Magnum. Eu faço qualquer coisa que quiser, te dou dinheiro pra sumir do mapa, qualquer coisa. - começo a pedir com certo desespero vendo ele negar com cada palavra que sai da minha boca - Você a viu, ela não sabe nem amarrar o cadarço sozinha. Magnum - seguro seu braço quando este se vira para sair. - Disse que me ajudaria.

- Amelie, eu vou te dizer uma coisa e eu quero que preste atenção. - Magnum segura meu rosto com as duas e quando recuo ele mantém minha cabeça no lugar - Pode confiar em mim, querida. Mas não me comprometa.

Magnum me puxa pelo braço quando saímos do quarto, pelo menos não estou algemada de novo. Isso me lembra de todas as vezes que Leonard me guiava para algum lugar a força, principalmente nos primeiros meses que eu estava na organização.

Flashback

- Pra onde vai me levar?

Pergunto assustada para o homem que achava que de certa forma havia me ajudado me dando um emprego com 13 anos. Leonard se mantém calado, me guiando aos puxões pelo braço com seu terno sujo de cinzas. Havia acontecido uma explosão num dos prédios comerciais, justo quando ele me levou para a primeira negociação. Leonard está com os cabelos bagunçados, roupas rasgadas e eu, não estou muito diferente.

- Examinem ela, por favor - demorei uns segundos para assimilar que tínhamos entrado numa enfermaria. Duas enfermeiras concordaram já demonstrando trabalho, me fazendo sentar numa maca e começando a me examinar.

Leonard ficou parado com os braços cruzados observando cada movimento que as duas mulheres faziam. Um olhar selvagem, ameaçador, que as mataria no mesmo momento se fizessem algo errado. Não estava sentindo dor, mas precisei aceitar ser examinada e parece que não sofri nenhum dano a não ser uns arranhões, já que Leonard havia se jogado em cima de mim quando percebeu o que iria acontecer.

Flashback

Está uma movimentação diferente de quando entrei aqui na mansão ontem a tarde. As pessoas estavam na maior correria levando caixas grandes para dentro de alguns veículos. Caixas de armamentos para ser mais exata. Estão carregando uma quantidade enorme de armamentos.

- Pra quem são? - pergunto para Magnum, enquanto encaramos os carregamentos.

- Para o seu novo patrão - Magnum responde com a voz mais baixa - Sua mãe criou armas de última geração e as vendeu para Emmett. Bom, não foi bem uma venda. Depois que fizeram esse acordo em cima de você, tudo da organização Blake também pertence a ele.

- Podia me falar mais dele antes de me jogar na cova do leão. - minha fala parece divertir Magnum, que ri e olha envolta antes de abrir a boca.

- Emmett é jovem, mas experiente. - Magnum começa a contar ainda olhando para a frente, mas inclinando a cabeça em minha direção. - Era CEO de uma empresa de energia solar na Itália, herdou do avô, mas a empresa era só uma fachada para esconder o império que o avô havia criado.

- E o que eu tenho haver com um playboyzinho italiano de 25 anos?

- Na verdade, Emmett têm 39. E bom, muita coisa. - Magnum responde e o olho esperando a resposta convincente a minha pergunta. - Emmett é fascinado em você, Amelie. Ele quer uma arma e alguém que o ajude a firmar o império.

Ia abrir a boca para retrucar as palavras de Magnum, mas fomos interrompidos por Megan vindo até nós com a mesma pose autoritária que vi no dia da pista de patinação. Ela puxa Magnum para um canto e os dois conversam de costas para mim enquanto um dos seguranças fica do meu lado.

A próxima a entrar no meu campo de visão é Maya, que dá um sorriso leve para mim, mas ela está sendo seguida por um cara negro, o da cafeteria.

Magnum parece estar nervoso, discute com Megan movimentando bem os braços, fazendo gestos e a cada palavra que minha mãe dá é uma revirada nos olhos dele.

Quando Magnum se junta ao meu lado novamente, Megan dá um aceno e sou levada para fora da mansão.

SURVIVE - 3 TEMPORADA (EM ANDAMENTO)Onde histórias criam vida. Descubra agora