O tempo dentro dessa mansão parece passar lentamente cada vez que olho para o relógio da parede do meu quarto.
Minha conversa com Peter no telhado foi há duas semanas. Mas ainda sim, parece que foi ontem. Foi difícil deixá-lo ir e ficar sozinha novamente. Assim que nos despedimos, uma onda de ansiedade e medo me arrebentou. Acabei dando trabalho para eles me trazerem porque o que eu mais queria era ir embora com o meu primo para casa. O pior que isso colocou a vida dele em perigo por alguns segundos. Negan colocou uma arma na cabeça de Peter como uma ameaça para mim largar o motorista. Emmett só assistiu, vendo onde meu limite me levaria. E esse limite cedeu quando Negan puxou o gatilho de raspão no ouvido de Peter.
De lá pra cá, estou trancada no meu quarto de novo. Emagrecendo de novo, mesmo estando comendo duas refeições por dia e tomando uma vitamina que Magnum me dá todos os dias.
- Sua pressão está estabilizando - Magnum retira o medidor de pressão do meu braço. Segundo ele, hoje Emmett me tiraria do quarto e meu treinamento começaria. Não antes de ver o restante dos meus termos serem cumpridos.
Magnum me deixa sozinha tempo suficiente para que eu me trocasse. Parece que Emmett tem fetiches por roupas pretas, todo meu guarda-roupa se baseia em roupas pretas. Desde vestidos até pijamas.
- Emmett trouxe Ann para me ajudar. - Magnum e eu saímos do quarto dando de cara com homens armados por todo o andar. - Não sei o que você falou para convencê-lo, mas obrigado.
Magnum praticamente sussurrou o agradecimento. No fundo, ele sente algo especial por Ann, isso é notável na maneira que tenta protegê-la e na confiança que um tem pelo outro.
Quando chegamos no andar de baixo, o cabelo loiro com mechas rosas foi o primeiro a me ver. Ann veio correndo em minha direção, largando o curativo de um dos guardas no sofá e me abraçando. Não imaginei que diria isso, mas estava precisando desse abraço de novo. O último foi com Peter, antes de ficar trancada novamente.
Magnum dá uma leve advertida na garota quando o guarda resmunga algo sobre o ter deixado com a cabeça tombada sangrando. Ann me solta voltando a fazer seu trabalho e Magnum a olha com admiração. O que me leva a pensar se essa admiração é apenas sobre a profissional que ela se tornou ou algo mais que isso. Balanço minha cabeça afastando os piores pensamentos possíveis da minha cabeça.
Não esperava ver Emily depois do que aconteceu no beco, pensei que Emmett me privaria disso também, porém estou completamente enganada. Agora, nesse momento, estou em pé no canto de um quarto com Emily há alguns metros me encarando com curiosidade. Seu olhar? De Leonard, porém mais doce, completamente doce e inocente.
- Obrigada - Emily é a primeira a quebrar o silêncio - Por me tirar daquele lugar. Não costumo sair muito de lá. - Emily cruza os braços como um sinal de defesa. - Você é filha dele, não é? Se parece com ele.
- Se lembra do Leonard? - pergunto, lembrando-me da notícia que havia lido na folha do jornal colocada no caderno de Leonard. - Você era só uma bebê.
- Megan não se importava em mostrar fotos dele para mim. - Emily senta na beira da cama e me encara. - Ela também nunca poupou em dizer que talvez eu teria tido uma vida maravilhosa com ele. Só que.. - Emily faz uma pausa olhando para as mãos e dando uma leve fungada no nariz - Ele era meu heroí, Amelie. - Emily me olha com os olhos forrados de lagrimas que me fazem prender minha respiração. - Eu era só um bebê, mas eu sentia que o amor dele era verdadeiro. Só que depois das histórias que ouvi sobre você, me fazem duvidar disso. E eu não quero parar de acreditar nisso.
Leonard podia ter sido um filho da puta desgraçado, mas ao contrário de todas as ofensas disfarçadas em palavras amorosas quando escrevia sobre mim, aquilo que estava descrito nas folhas do seu diário sobre Emily tinham a mais pura verdade nelas.
Emily sim era a filha perfeita, a filha que Leonard não botaria esforços em proteger, mas acabou falhando e toda sua raiva acumulada era descontada na filha amaldiçoada. Na filha perfeita que eu nunca poderia ser comparada a Emily.
- Então não pare - quebro o silêncio me sentando ao lado da garota que estava trêmula. - Leonard te amava. E.. - umedeço meus labios pensando nas palavras certas com medo de machucar ainda mais a garota que eu acabara de ter proximidade. - Ele sofreu bastante quando você desapareceu. Se ele tivesse descobrido antes que você estava Megan, ele já teria te levado de volta.
- E como você sabe disso? - Emily me olha - Você o odeia, tanto ao ponto de tê-lo matado onde todos podiam ver e ainda nutre sentimentos de ódio, mesmo ele estando morto.
Tombo minha cabeça para trás respirando fundo e lembrando de cada momento daquele dia. Do cheiro de sangue emanando, de cada osso que eu sentia que se quebrava em cada soco que eu dava no rosto daquele filho da mãe. E o que fazer? Não posso julgar Emily. Ela não sabe a história por completo, muito menos o que aconteceu aquele dia para despertar minha raiva.
- Eu estava defendendo minha filha, Emily. - a olho, vendo-a arregalar os olhos. - Do mesmo jeito que talvez ele te defenderia se tivesse descoberto onde você estava. Eu o odeio sim. Mas ele é meu pai. Mesmo que um belo filho da puta. Só que ao contrário de você, e eu não te julgo por isso, ele nunca demonstrou sentimentos paternos comigo. Leonard era mais meu chefe do que meu pai. Só que pra você ele sempre vai ser seu pai, porque te amava.
- Acha mesmo isso?
- Eu tenho certeza. - respiro fundo dando um leve sorriso para Emily, que retribui limpando uma lagrima fina que desce pela sua bochecha - Pode me chamar de Mel.
- Em, pode me chamar de Em.
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SURVIVE - 3 TEMPORADA (EM ANDAMENTO)
Fanfiction𝐓𝐎𝐃𝐎𝐒 𝐎𝐒 𝐃𝐈𝐑𝐄𝐈𝐓𝐎𝐒 𝐃𝐄𝐒𝐓𝐀 𝐎𝐁𝐑𝐀 𝐄𝐒𝐓Ã𝐎 𝐑𝐄𝐒𝐄𝐑𝐕𝐀𝐃𝐎𝐒. 𝐏𝐋Á𝐆𝐈𝐎 É 𝐂𝐑𝐈𝐌𝐄! Livre do tribunal, mas tendo que viver com um julgamento pessoal as coisas parecem ir bem para Amelie. Ate certo ponto. Porém quando uma...