CAPÍTULO 4

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SEDRAK

A humana caminha devagar e arredia, e não gosto de imaginar o quanto deva estar sentindo frio. Apenas seus olhos brilhantes e bravos estão expostos, e mesmo assim, acho a pequena humana uma coisinha fofa.

Eu sei! Muito ridículo, porém, eu sinto. Ela parece um filhote fazendo birra, mesmo sabendo que é a única opção.

Não poderia deixá-la voltar a planície por dois motivos; o primeiro, ela é uma coisinha pequena faladeira, e que na primeira oportunidade entregaria tudo o que sabe sobre mim, e meu povo. Algo que não seria nem de longe uma boa ideia, porque destruiria nossas vidas, e também de Coldex e Luzia, que não precisei ao menos explicar, para que o casal me entendesse. Em segundo e não menos importante, está o fato de que ela tem aspectos e estrutura para ser a companheira de algum morador do centro. Não, não algum! Ela pode se adequar perfeitamente a mim, e eu a ela. Não gosto da ideia de achar uma coisinha estranha dessas e entregar ao primeiro interesseiro que aparecer. Dividir a carne é uma coisa, dividir a fêmea não existe nenhuma maldita chance.

— Já está pensando em desistir de me levar?! — indica com certo entusiasmo, me vendo provavelmente com uma carranca.

— Jamais. — Declaro com agrado, por ver sua irritação brilhar novamente. — E deveria comemorar por isso, porque se não a levar comigo, teria que fazê-la se manter em silêncio até a eternidade, e isso só seria possível, se por acaso. — Dou uma olhada para o desfiladeiro congelado, e vejo a fêmea arregalar seus belos olhos e tremer rapidamente.

— Você disse que não me mataria. — Acusou brava, e sorri deixando minha mão nas suas costas, querendo mandar calor.

— Se você cair no desfiladeiro, não serei eu a cometer o crime, e sim as rochas. — Assusto ainda mais a pequena fêmea, desejando que me tema o suficiente para não tentar nenhuma bobagem, porque conheço bem esse olhar de que está sempre procurando uma próxima oportunidade de fuga.

Me agrada o quanto ela é determinada e forte, mesmo assustada e em frente a uma novidade totalmente inesperada, a pequena fêmea mantém sua pose de durona e não desabou nem uma vez, mesmo cheia de braveza.

— Você é um gigante horrível. — Acusou chorosa, protegendo o rosto com as mãos enluvadas. — Disse aos traidores que não me mataria, e está me ameaçando.

— Não estou nada. — Oponho, sem interromper nossa caminhada.

Será uma breve distância, porque não levarei ela para o centro da caverna por enquanto. Soube o quanto meu primo sofreu quando levou sua humana para sua caverna, e ela estava desacordada, então não quero imaginar como agirão quando souberem da minha. Vanessa é faladeira e inquieta, não agradará nem um pouco as anciãs e isso seria uma dor de cabeça, porém, sua permanecia na caverna será inevitável.

— Aonde estamos indo?! — especula olhando para a quantidade que estamos entrando na caverna escura. — Aqui está ficando quentinho. — Observa, retirando sua toca.

— Pra nossa casa. — Chegamos aonde parece ser o fim da caverna, e trato de retirar as grandes rochas da entrada, e do espaço para que possamos prosseguir. — Nossa! — admira ao redor, enquanto eu volto a fechar a passagem.

Onde estamos na está alguma boa distância de onde se encontra os moradores, e sei que deixarei uma menina muito irritada com o que irei fazer, porém, será temporariamente necessário, até que tenha o aval do Hagar para poder levá-la até o centro. Caminhamos um pouco mais, e assisto com satisfação ela se impressionar com os primeiros rastros de vegetação.

— Como pode isso?! — ela gira em seus calcanhares, olhando ao redor com entusiasmo. — Isso é tão impossível.

A forma admirada que ela age olhando e tocando tudo ao seu redor, me deixa encantado. Vanessa combina com a natureza, as flores em plenas cores, parece ganhar sua atenção de forma curiosa e animada.

O SEGREDO DA MONTANHA 2 |+18| ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora