El huracán

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Era a primeira vez que entrava em seu apartamento, os cômodos eram divididos iguais aos meus. Sala e cozinha conjugadas.

Rafaella tira a jaqueta de couro e joga no sofá, se encaminha para a cozinha.

- Vou pegar o vinho, fique a vontade.

Sigo para a sala, ali tinha uma linda estante com porta retratos, em alguns continha uma menininha linda. Sorrio ao ver a mesma criança no colo de Rafaella, as duas eram parecidas. Ao lado desse porta retrato, vejo uma foto na qual a professora está abraçada à uma mulher dentro de uma piscina. Pego o objeto, analiso a imagem, os grandes sorrisos indicava o quanto estavam felizes.

- Essa é a Julia. - Rafaella rompe, levo um susto e deixo o porta retrato cair no chão.

- Me desculpa, não queria ser invasiva. - Digo recolhendo-o, o vidro havia se partido. - Droga, prometo que compro outro.

- Sem problemas, está tudo bem - Ela coloca as taças sobre a mesa no centro, vem até mim e estica a mão, entrego o porta retrato à ela. - Foi um dia especial - Vejo-a observar, logo ela o coloca dentro de uma gaveta. - Está com fome? Sei fazer um ótimo espaguete à carbonara.

- Sim, estou.

- Aqui está a sua taça, tenha bondade de me seguir mademoiselle.

Rafaella pega os ingredientes e inicia o preparo da comida, ela é ágil e delicada, parecia já ter realizado esse prato várias vezes.

Além de bebermos, mantemos uma conversa sobre amenidades, era fácil conduzir uma conversar, e o assunto sempre se estendia.

Depois de lavar a pouca louça que a mesma havia utilizado para o preparo do jantar, sigo para o balcão e involuntariamente fito a estante, não conseguindo evitar de fazer a próxima pergunta.

- Quem é a bela menininha nas fotos?

- Hm, minha filha.

- Eu não sabia que você tem uma filha.

- Tinha - Encosta no balcão ao meu lado -, ela se chamava Clara

- Rafa..

- Faz um tempão que não pronuncio o nome dela em voz alta, sinto saudade disso - Pego sua mão e afago. - Posso ser sincera? - Aceno em resposta - Nunca quis ter filhos, mas tê-la foi inexplicável... - Lágrimas silenciosas brotam em seus olhos - Todos os dias meu coração dói por não tê-la aqui - As lágrimas escorrem por sua face, puxo-a para os meus braços.

- Como ela era?

- Incrível, inteligente, afetuosa, tinha risos sinceros e contagiantes - A professora se afasta e volta-se para a panela - Você deve está se perguntando o que aconteceu.

- Não, não tenho direito de tal pergunta.

- As pessoas evitam em falar da Clara, como se fosse uma regra, uma proibição. - Diz em um fio de voz - Por um tempo também evitei, mas gostaria de falar para você. - Responde sucinta.

Concordo, não queria perguntar o que havia acontecido. Mas sentia a necessidade dela em falar, então questiono e me faço de ouvinte.

- Clara tinha dois anos quando ficou muito doente, no início reagiu bem aos medicamentos, mas depois tornou-se inviável, ele não fazia mais efeito...seus últimos momentos foi em um hospital - Rafaella fala enquanto finaliza o prato. - Lembro como se fosse hoje, Julia me ligou e eu não atendi - Para o que estava fazendo e me olha -, as ligações e mensagens foram ignoradas.

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