Tortura branca

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SINOPSE:
Após meses de isolamento social, pessoas comuns podem ser capazes das maiores atrocidades... E quando quatro amigos se reúnem em uma chamada de vídeo, apenas três saem vivos dela. As brigas passaram a fazer parte do dia a dia de Júlia e Guilherme. O casal já teria terminado se não fosse por um entrave: eles estão presos na mesma casa durante a pandemia. Quando Júlia perde a cabeça, Guilherme aproveita uma chamada de vídeo com os amigos para desabafar... pela última vez. O rapaz é encontrado esfaqueado, e todas as evidências apontam para Júlia. Enquanto a polícia foca seus esforços em incriminar a moça, o detetive Conrado Bardelli resolve ir mais a fundo na investigação. Mesmo a distância, ele está disposto a refazer os últimos passos da vítima na quarentena a fim de encontrar novos suspeitos, certo de que as angústias de um momento histórico tão desolador são capazes de corromper até as relações mais sólidas.

O QUE EU ACHEI?
Gente, eu comprei esse livro ano passado, porque a premissa é muito boa, mas no fundo no fundo, eu não dava nada por ele. E, por isso, é muito bom falar que as minhas expectativas foram superadíssimas!
Começando pela história: que enredo é esse, meu Deus do céu?? Esse é aquele tipo de thriller em que a gente não faz ideia de quem foi o assassino até o último capítulo (literalmente). Mesmo que angustiante por não estar na cara que era o assassino, foi uma delicia acompanhar cada página e criar minhas próprias teorias sobre todo o caso (ainda mais porque estou assistindo a série do Sherlock agora, então tô super no clima). Sério, nunca imaginei que poderia haver um livro sobre crime desse cunho em plena pandemia, mas Victor Bonini faz funcionar, e faz isso muito bem.
Os personagens, eu não diria exatamente que são tridimensionais, mas eles são muito humanos, e eu achei essa construção linda. Cada toque, detalhe, mania, medo, tudo muito verdadeiro em sua essência.
Uma coisa que achei curiosa foi a forma de escrever do autor. Esse foi o primeiro livro de Victor que li, meu primeiro contato com a escrita dele, e devo dizer que não faz bem o meu estilo (gosto de mais descrições de locais, sentimentos, pensamentos avulsos e fisionomias do que as que ele deu). Ainda sim tem alguma coisa na escrita de Bonini que é cativante. Além disso, tem um quê de roteiro nesse manuscrito, o que me faz refletir sobre como seria essa história nas telinhas (eu amaria).
Dei 4 ⭐ pro livro no final. Superou total minhas expectativas.

SOBRE A ADAPTAÇÃO:
Ainda não tem nada sobre nenhuma adaptação audiovisual desse livro, mas essa história num filme ou numa série seria perfeitaaaaa!

QUANTO TEMPO EU LEVEI PRA LER?
Seis dias. A narrativa é meio lenta, mas a história é muito boa.

RECOMENDO?
Sim! Apesar de ter sido um livro que meio que demorava pra passar, foi uma ótima leitura.

AS FRASES QUE EU MAIS GOSTEI:

"Se você não sabe viver em sociedade, leva inevitáveis patadas."- página 24.

"Nas redes sociais, a vida só existe se for publicada."- página 44.

"Hipocrisia é igual colesterol, Lyra decidiu. Quem não tem um pouquinho nas veias não está realmente vivo."- página 74.

"Anos de profissão e ele nunca se acostumava com essa parte. Falar com aqueles que mais amavam os mortos doía sempre. E Conrado, a bem da verdade, desejava que continuasse doendo até o fim de sua vida. Era a régua mais confiável para determinar que ele continuava são - que, apesar de tantos horrores que testemunhara, continuava humano."- página 93.

"Planejar crime é um privilégio de quem não precisa dar duro pra pagar as contas."- página 112

"O que esperar do psicológico de alguém que vê tamanha atrocidade enquanto teme pela própria vida?"- página 116.

"Conrado viu muito de Lara naquelas risadas: um girassol à procura da luz no meio da escuridão."- página 124.

"Tudo é mais complicado na cabeça de uma menina que vê o pai indo embora para outro estado ter outra família e amar outras filhas."- página 144.

"É difícil racionalizar as suas decisões quando a aprovação do seu pai tá em jogo."- página 144.

"Na fantasia da Júlia, contestar a própria realidade era preferível ao pesadelo de desapontar o pai."- página 145.

"— Às vezes, a gente precisa sair da nossa própria vida pra conseguir recuperar os sentidos. Senão, passa o resto dos dias vivendo na tortura."- página 211.

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