Capítulo 2

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⚠ GATILHO! ⚠


Maraisa

Fomos para uma boate e quando chegamos, senti meu estômago se revirar ao ver quanta gente tem aqui. Detesto lugares lotados, o que é irônico, já que isso faz parte do meu trabalho. Como não conhecemos nada por aqui, combinamos de ficar no campo de visão uma da outra pra não nos perdermos. Encontrei o balcão e pedi a bebida mais forte do lugar, só queria me embriagar pra esquecer de tudo.

O tempo foi passando e eu fui ficando entediada, não conheço ninguém e nem falo a língua deles, fazer amigos está fora de cogitação. Agitei o copo levemente e encarei o movimento da bebida quando de repente, sinto um toque quente na minha mão e me assusto, afastando a mesma.

Mara: quer me matar do coração, idiota?! ― encaro meu maquiador e amigo ―

Bru: desculpa, só fiquei preocupado quando vi você sentada aqui. Estamos numa boate em Vegas, tenta se divertir!

Mara: eu não quero me divertir, quero voltar pro hotel. E antes que me pergunte, não quero conversar e nem desabafar.

Bru: tá bom então, senhorita cantora ― mexe as mãos ―

Mara: me leva embora, por favor... ― olho pra ele ―

Bruno prontamente atende o meu pedido e saímos daquele lugar. A Maiara ficou com a Paulinha, provavelmente nem vai sentir minha falta de tão bêbada que deve estar. Espero que ela aproveite a noite por nós duas.

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Maiara

Cheguei no hotel e esperei impaciente o elevador subir. A Maraisa foi embora da boate sem avisar, eu não vou mais esperar ela me contar o que tá acontecendo. Entro no quarto como um furacão e vejo ela deitada na cama, fingindo que tá dormindo.

Mai: Carla Maraisa, senta. Precisamos conversar ― fecho a porta e cruzo os braços ―

Mara: sobre? ― senta e cruza as pernas ―

Mai: é sério? ― a encaro incrédula ― você tá mentindo pra mim e escondendo coisas de mim!

Mara: eu não tô mentindo e nem escondendo nada de você, irmã!

Mai: para de mentir, Maraisa! Nunca houve segredos entre a gente, por que isso agora? Confia em mim...

Mara: tem coisas que você não pode saber, Maiara. Não adianta insistir. ― evita me olhar nos olhos ―

Mai: Me conta o que tá acontecendo, Carla Maraisa! 

Em um movimento rápido, ela me empurra e pressiona meu corpo contra a parede, apertando meu pescoço.

Mara: eu disse pra parar insistir, Maiara Carla!

Maraisa

Os olhos da Maiara me encaram incrédulos, cheios de lágrimas. Caindo em mim, solto ela e sinto as lágrimas querendo transbordar. O que que eu fiz? Eu não sou um monstro, eu nunca machucaria ela...

Mara: meu deus... ― tapo a boca com as mãos ― me desculpa...me desculpa...eu não queria...

Mai: essa não é a Maraisa que eu conheço...o que aconteceu com você? ― se afasta de mim ― não encosta em mim!

Mara: Maiara, não...

Mai: eu não vou mais insistir pra você me contar a verdade, tá? ― me encara chorando ― vou dormir no quarto da Paulinha

Ela fecha a porta e vai embora. Com as bochechas já encharcadas, pego a lâmina na necessarie e corro pro banheiro. Encho a banheira com água gelada, fico apenas de langerie e encaro meu reflexo no espelho acima da pia.

Mara: parabéns, Maraisa, você perdeu a única coisa que te mantinha viva.

soluçando, aproximo a lâmina da pele machucada em meu pulso direito.

Mara: eu tô chegando, Lila... ― digo com a voz embargada ―

respiro fundo e faço dois cortes profundos, um em cada pulso. Entro na banheira e deixo meu corpo afundar, tingindo a água de vermelho sangue. Chega de sentir essa dor horrível, chega de sobreviver.

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Maiara

Entro no quarto da Paulinha e conto a ela o que aconteceu. Ficando tão surpresa quanto eu, ela bate na porta do quarto ao lado, que é o do Bruno.

Bru: o que foi?

Pau: cê sabe o que tá acontecendo com a Maraisa? ela surtou e machucou a Mai!

Mai: você sabe o que tem de errado com a minha irmã?

Bru: eu...

sinto um aperto no peito, me fazendo perder o equilíbrio e eu me apoio na Paulinha.

Pau: Maiara!

Mai: ai... 

Bru: você deixou ela sozinha no quarto?

Mai: sim, ai...ela tava com raiva de mim...

Bru: Puta merda!

Ele corre na direção do nosso quarto e eu vou atrás com a Paulinha. Ele entra quase arrancando a porta e eu vejo o vestido dela jogado no chão e a mochila revirada. Vendo a porta do banheiro aberta, entro e dou de cara com o corpo dela na banheira cheia de água tingida de vermelho. Com lágrimas nos olhos, corro até a banheira e tiro a Maraisa de lá. Ela tá gelada, com dois cortes profundos nos pulsos e várias marcas de cortes nos braços e coxas. Minha metade estava morrendo aos poucos diante dos meus olhos e eu fui burra de mais pra perceber isso.

Enquanto a Paulinha chama a ambulância, eu choro com a cabeça dela no meu colo. Acaricio sua bochecha gelada me xingando mentalmente por nunca ter notado isso.

Mai: me perdoa, eu fui uma péssima irmã e não percebi que você não tava bem. Eu fui muito burra, me perdoa... ― colo a testa na dela ― fica comigo, não me deixa... Eu prometo cuidar de você, prometo ser uma irmã melhor...


Only Human ● Carla MaraisaOnde histórias criam vida. Descubra agora