capítulo 4

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Cinco dias depois...

Maraisa

O médico fez alguns exames e me liberou, finalmente vou poder ir pra casa. A pedido meu, a Maiara não contou nada do que aconteceu pra nossa família, ela foi super compreensível, me deixou contar a eles quando estivesse pronta e, principalmente, se julgasse necessário.

Chegamos em Goiânia cansadas, indo direto pra casa. Eu tomei um banho, coloquei um dos meus pijamas da disney e me joguei na cama, começando a procurar uma série pra distrair a cabeça. Como dormi o vôo inteiro, não estava com tanto sono assim.

Ouço alguém bater na porta e enseguida por a cabeça dentro do quarto.

Mai: posso entrar?

Mara: claro, fecha porta

Ela obedece e eu dou batidinhas no lado vazio da cama, a convidando pra sentar. Com um sorriso leve, minha irmã senta e eu respiro fundo, abaixando a cabeça.

Mara: chega de esconder as coisas de você — arregaço as mangas do pijama, deixando as marcas de cortes amostra —

vejo ela estática, com os olhos fixos nos meus braços.

Mara: eu comecei a me cortar numa tentativa de aliviar a dor, a sensação era boa e eu não parei mais...

Mai: metade...

Mara: tem nas coxas também, é mais fácil de esconder... ― suspiro ― eu sei que você já viu todos eles, mas eu precisava mostrá-los, dessa ver do jeito certo.

Sem dizer nada, ela me abraça e assim ficamos por alguns minutos até que acabamos dormindo juntas.  Quando acordei, já era noite e eu tava morrendo de fome. Desci pra pegar alguma coisa na cozinha, sentei no sofá e fiquei pensando na vida enquanto mordia uma maçã.

Antes que eu pensasse demais, ouço passos descendo a escada e olho pra trás, a Maiara vem até mim e senta no sofá, encaixando a cabeça no vão do meu pescoço e apoiando o queixo no meu ombro logo em seguida. Seus braços me envolvem em um abraço quentinho e caloroso, afastando os pensamentos ruins.

Mara: irmã... ― fecho os olhos, deixando algumas lágrimas caírem ―

Mai: não chola, minha vida... ― faz vozinha de neném  ― a sua metade vai cuidar muito bem de você, viu? Eu tô aqui pra te escutar, conversar e te animar também...

Mara: ah Balala... ― sorrio levemente ― você é a única coisa que me faz feliz ultimamente...


Only Human ● Carla MaraisaOnde histórias criam vida. Descubra agora