Capítulo 5

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Maraisa

Os dias com a Mai têm sido ótimos, ela me faz um bem enorme. Mas, como tudo que é bom dura pouco, fui obrigada a comparecer numa festa chique com a minha irmã. Depois de passarmos horas nos arrumando, chegamos no local, um salão repleto de pessoas, muitas delas também do meio sertanejo e outras de outros meios artísticos. Que festa é essa? Bem, pelo que eu entendi, é um tipo de jantar beneficente bem importante.

Nos dirigimos a mesa vazia no canto do salão, pretendendo ter um pouco de espaço. Sabendo o quanto eu estou desconfortável por estar com os braços cobertos de base e me sentindo totalmente deslocada, minha irmã tenta me tranquilizar a todo momento.

 ⎯ podemos sentar com vocês? ― Lauana e uma outra mulher se aproximam ―

Mara: c-claro, claro ― aproximo a Maiara de mim ―

Lau: obrigada, meninas!

Mai: quem é a sua amiga?

Lau: ah, essa é a Bruna, uma amiga de longa data ― sorri ―

Bru: prazer!

forço um sorriso e concentro toda a minha atenção na bebida à minha frente. Tentando deixar a situação menos desconfortável, minha irmã tenta puxar assunto.

Mai: então...é lindo aqui, né?

Lau: uhum, verdade

Bru: Maiara, por que a sua irmã tá tão quieta?

Mai: é...Ela sempre foi assim quietinha ― mexe no cabelo ― Como dizem mesmo? Uma mulher de poucas palavras...

Bru: não é isso que aparentava ser no twitter

Mai: ela tem suas fases ― bebe um gole de sua água com limão ― podemos mudar de assunto?

Lau: ela só tá preocupada com a Isa, né? Ela mal tá tocando na bebida, logo ela que adora  beber e pegar os boys, né?

Mai: em primeiro lugar, é Maraisa pra vocês, e depois, eu já disse que ela é tímida e tem suas fases ― se aborrece ―

antes que a mesa virasse um campo de guerra comigo no meio do fogo cruzado, o bar man abre o balcão de drinks e os convidados são chamados a degustar algumas das bebidas que seriam preparadas. A Lauana e a amiguinha dela foram e pelo tamanho da fila, vão demorar pra voltar.

sem muito mais a fazer, voltei a observar meu copo com limonada quando vi Danilo, Bill e Fabrício jogando sinuca do outro lado do salão. Prece que o universo quer me testar hoje. A Maiara saiu pra ir ao banheiro e eu fiquei sozinha, mas não por muito tempo, pois a insuportável da Bruna voltou me olhando no fundo dos olhos.

Bru: Maraisa, vem cá, você não cansa não? É que sabe, eu ouvi você dizer na coletiva do seu dvd há uma semana atrás que ia tentar encontrar alguém, mas sendo bem sincera, se eu fosse você, eu desistiria. O mundo inteiro sabe dos seus relacionamentos desastrosos, tá bom que é passado, mas olhando você hoje... ― me olha de cima abaixo ― não acho que consiga algo que preste. E agora que você parou com os golpes, eu não duvido que fique sozinha pelo resto da vida...

Sinto as lágrimas querendo transbordar, meu coração palpitar e as mãos gelarem. As palavras dela me esfaqueiam como espadas afiadas, trazendo à tona cada lembrança que me fez escrever as músicas mais sofridas da minha vida. Sinto escorrer no meu rosto todas as vezes que me senti um lixo, sinto cada tapa que levei do Fabrício encharcar minhas bochechas, sinto tudo formar um nó na minha garganta, mas ao mesmo tempo eu tento me manter plena.

Olho de canto e vejo a Maiara vir correndo até mim, fuzilando a Bruna e a Lauana com os olhos. Ela me abraça de lado e seca minhas lágrimas com todo cuidado, como se eu fosse feita de porcelana pura.

Mai: vão embora, e seja o que for que tenham dito ou feito à ela, espero que não se repita, caso contrário, a Carla vai resolver, não a Maiara. ― fica séria ― fui clara?

Lau: como água ― se afasta, arrastando a amiga ―

Mai: sh...sh... ― me acalma ― tá tudo bem...

Mara: metade... ― a olho ― quem é a Carla?

Mai: um lado meu que nada passivo, mas que só aparece se alguém mexer com o meu bebê ― sorri ― vem, vamos embora

Mara: ― dou à mão pra ela ― vamos...







Only Human ● Carla MaraisaOnde histórias criam vida. Descubra agora