Capítulo 14

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3 meses depois...

Maraisa

com o quartinho pronto e na contagem regressiva pro nosso aniversário, eu e a Maiara estamos prontas pra chegada da Melissa, que pode nascer a qualquer momento. O parto não me assusta tanto, a médica me explicou direitinho como funciona, agora estou só curtindo meus últimos momentos com esse barrigão enorme.

Mai: irmã, a bolsa maternidade da Melzinha já tá pronta! ― sorri segurando a bolsa ―

Mara: obrigada, irmã... ― sorrio ― agora só falta eu arrumar a minha mochila, me ajuda? É bem difícil se movimentar com essa barriga enorme e pesada... ― sento na cama ―

Mai: fica tranquila que logo mais o seu abdômen de milhões vai tá de vota

Mara: boba

arrumamos a minha mochila e a Mai me ajudou a deitar pra descansar um pouco. Estava quase dormindo quando senti uma pontada no pé da barriga e com dificuldade, me sentei na cama, mas o esforço que fiz fez um líquido escorrer pelas minhas pernas, molhando a calça do pijama.

Mara: droga, Melissa... ― sinto outra pontada ―

A Maiara já dormia feito pedra, então eu joguei um travesseiro na cara dela pra acordá-la, e felizmente, deu certo.

Mai: ai, idiota! Isso é jeito de acordar uma pessoa?

Mara: minha bolsa estourou, imbecil! Eu tô sentindo contrações!

Mai: ai meu Deus! Vamo pro hospital! Vamo pro hospital! ― começa a andar de um lado pro outro ―

Mara: pega as coisas, estrupício! ANDA LOGO MAIARA CARLA!

Mai: tô indo! tô indo!

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Chegamos no hospital em 5 minutos, as enfermeiras me levaram pra sala de parto normal e eu coloquei a camisola de hospital. Medindo o intervalo entre as contrações, comecei a fazer os exercícios pra aumentar a dilatação.

Mara: Deus, me lembra de nunca mais ter outro filho ― me apoio na cabeceira da cama ―

Mai: não precisa de tanto drama, Maraisa ― senta na poltrona ―

Mara: você fala isso por que não tem um ser humano querendo sair de você!

Mai: eu já falei que você é uma grávida em trabalho de parto insuportável? 

Mara: eu já mandei você ir à merda? 

Mai: com esse mal humor todo você nunca vai relaxar pra dilatação aumentar

Mara: obrigada por falar o óbvio, doutora Maiara

Não demorou muito e eu cheguei nos 10 centímetros de dilatação, a minha obstetra e várias enfermeiras não tiravam os olhos de mim, aquilo já tava me sufocando. Minha irmã teve que colocar roupas especiais pra poder acompanhar tudo, e eu agradecia por ela estar aqui.

Maiara não saia do meu lado de jeito nenhum, parecia até um carrapato. A presença dela era o que estava me mantendo calma.

― Maraisa, quando sentir a contração, você tem que fazer força e empurrar, ok?

Mara: certo...

Mai: vai dar tudo certo, meu amor... ― beija minha testa ―

sinto a contração vir e faço o que a médica mandou. Fiz isso por mais três vezes e a dor não parava.

― mais uma vez, Maraisa!

Mara: não dá...eu não aguento mais... ― tento respirar, suada e sem forças ―

Mai: vamos, irmã, só mais uma vez...

Mara: eu não consigo... ― olho pra Maiara ― metade...

Ela olhou pra médica e subiu na cama, se colocando atrás de mim e apoiando meu corpo no seu, eu acho que minha irmã andou aprendendo sobre partos em Grey's Anatomy.

Mai: você consegue sim, Carla! Se apoia em mim, ok? Nós vamos botar essa criança no mundo nem que seja na força do ódio. Vamos fazer isso juntas, como tudo que fazemos na nossa vida.

Mara: ― olhei pra minha irmã e sorri levemente ―

outra contração veio. Reunindo todas as minhas forças, empurrei e dei um grito, jogando todo o peso do meu corpo sobre a minha irmã.

Um choro alto ecoou pelo pequena sala. No dia 13 de Dezembro, as 4 da tarde, pesando 3 quilos e medindo 46 centímetros, minha Melissa veio ao mundo. Maiara e eu nos olhamos e choramos emocionadas.

Maiara

depois dos procedimentos de pós parto, minha irmã foi encaminhada para um quarto e nossa filha foi levada pra tomar banho e fazer os primeiros exames de recém nascido.

Mara: eu nem acredito que eu consegui...

Mai: você foi incrível, irmã

Mara: eu não teria conseguido sem você do meu lado, nós trouxemos a Melissa ao mundo. 

a enfermeira entra no quarto e entrega nosso pacotinho pra minha irmã, se retirando após dar as instruções de como amamentar. Me aproximei da Maraisa e fiquei anestesiada admirando a Melissa mamar tão tranquilinha.

Mai: ela é perfeita, metade...

Mara: ainda bem que não tem nada dele...

Mai: pelo contrário, ela tem um pouquinho de nós duas, olha! ― sorrio ―

Melissa é uma mistura perfeita de nós duas. O Formato do rosto é da Maraisa, as bochechas são iguais as minhas assim como o nariz, porém, os olhinhos são da minha irmã e o cabelinho, embora ralinho, é negro como o dela.

Maraisa

quando olhei a minha filha pela primeira vez, senti o meu mundo parar. Enquanto a amamento, nem prestei atenção quando a Maiara falou que ela é a mistura de nós duas. Por que, depois de tanto tempo, eu encontrei o motivo pra ficar. Deixei algumas lágrimas cairem, chamando a atenção da minha metade.

Mai: que foi? Por que cê tá chorando?

Mara: é que agora eu tenho um, ou melhor, dois motivos pra continuar vivendo...

Mai: que motivos?

Mara: você e a Melissa, a minha família...






Only Human ● Carla MaraisaOnde histórias criam vida. Descubra agora