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Terê

Quem disse que a demonia quis embora? Saiu me arrastando pra fora do banheiro e pelo visto aquele copo de vodka já tinha dado um efeito nela, tava altinha já!

Voltei pra área do camarote grudado nela porque não ia dar mole também mais. BG já grudou com a dona dele e encostou perto de mim e da Scar. Malucao virando vodka também e eu já tava ligado que não ia prestar, ainda bem que a doida jogou o resto do copo dela fora.

Sei nem o que passou na minha cabeça quando vi ela de papo com o Dandan, surtei mermo e foda-se, fez um acordo comigo então vai ter que cumprir, sou bobão eu? Sou não pô!

Tô ligado que ela deu o bote porque me viu com a garota lá, mas eu não dei moral mesmo não. Deixei bem claro que tava suave e ela que ficou insistindo, mas se eu dei um papo, o papo é aquele e pronto pô, não tem quem mude.

Mas Scarlet é problema, cobra mermo essa aí, e hoje eu só tive mais certeza. Gosta do afronta, me peitou legal e só abaixou a crista quando eu enfiei ela no banheiro, se não tava me fazendo passar raiva até agora.

A mulher sabe jogar, deixa qualquer um doido só com os movimentos que ela dar, o olhar, tudo! Por isso eu digo, cobra, te engana e depois te dá o bote.

Virou de frente pra mim e encostou o rosto no meu pescoço enquanto eu descia a mão pelas costas nua e pousei minha mão na bunda dela. Ela deu uma mordidinha no meu pescoço e olhou pra mim com o olho pequeno, fumou certeza.

Scarlet: Quero whisky.- fez um biquinho, ih, tá loucona já. Neguei com a cabeça.- Por favor, Daddy?

Terê: Tá loucona já, pô.- neguei com a cabeça e ela fechou a cara ameacando sair dos meus braços e eu apertei mais ela.- Sossega mano, começa não!- olhei pra ela de cara fechada.- Quemdeu vodka pra ela?

A amiga dela apontou pro Borges e ela já esticou o bração apontando também. Fechei a cara pra ele que deu de ombros levantando as mãos em rendição.

BG: Foi ela que pediu pô, mas ela tá assim porque fumou antes, isso é onda de maconha!- falou e eu concordei ainda bolado.

Terê: Tu fumou Scarlet?- perguntei pra ela que revirou os olhos e riu.- Responde filha, se faz não!

Scarlet: Fala direito comigo em caralho!- apontou o dedo pra mim e eu abaixei na paz ainda.- Fumei, mas fumei um fino só! Tô assim por que bateu na hora do ódio.- olhou em volta do baile.- Ódio da sua cara, seu demônio, nossa namoral, sai de perto de mim.

Terê: Sai de perto de voce, vou sair o caralho!- virei ela pra guiar pro banheiro.- Bora lavar esse rosto.

Scarlet: Vai lavar nada não, tá maluco? Vai estragar minha maquiagem.- falou com o sotaque arrastado e a voz de bebada. Namoral, tô fudido.

Terê: Me faz raiva não Scarlet, vai logo!- falei apontando pro banheiro com a mão baixa ainda.

Duda: Vai amiga!- incentivou e ela negou com a cabeça.

Scarlet: Tô de boa, Mana, relaxa!- falou pra ela e foi no baldinho que tava numa mesa atrás sem nem saber de quem era e pegou uma garrafa de água, abriu e bebeu.

Terê: Sabe nem de quem é, maluca!- neguei pra ela que deu de ombros igual criança.

Scarlet: Tô nem aí!- balançou os ombros e encostou em mim de novo.- Vai deixar alguém me bater?- olhou de baixo pra cima encostando a testa no meu queixo e eu não respondi olhando pra ela e depois pra frente.- Vai, Teresópolis?- falou mais alto e eu fechei a cara pra ela.

Terê: Para com essa porra de Teresópolis, me dando nome de favela, tá é tirando com minha cara!- neguei com a cabeça e segurei a cintura dela.

Scarlet: Então responde, Vai deixar me bater?- neguei com a cabeça revirando os olhos.- Então tá ótimo, que se foda.- se balançou no ritmo da música na minha frente, mas em seguida começou as antigas.

Foi passando as músicas e eu já tinha animado com os crias da antiga que tinha subido pra cá hoje. Papo de anos conhecendo uma tropa e o que nós bagunçava nessa favela não era brincadeira.

Rogerin: Nossa profissão é profissão perigo!- abraçou meu ombro enchendo meu copo com o Old parr cantando alto.

BG: Não tô nessa sozinho, tem vários comigo!- gritou levantando o fuzil.

Terê: Quem não for vida louca, não pode colar nem vem!- embrazei com eles um pouco.- Se a chapa esquentar tu vai ter que remar também.

E foi assim pô,  é desses bailes que eu sinto falta. De quando era essas músicas e os cria eram de verdade, era todo mundo por todo mundo. Mas tu vai crescendo e a inveja encima de tu vai surgindo.

Grudei na mulher de novo já acalmando os ânimos porque tenho que me manter, porque se juntar com esses cara eu me perco e não tô disposto a passar por tudo de novo.

Tava toda quietinha ela, até tocar uma música que eu conhecia pra caralho. Ela já começou cantar olhando pra mim e eu ri de lado.

Scarlet: Só ficou lembranças dentro do seu celular, mas qualquer ladrao, pode vir roubar!- abraçou meu pescoço dançando lentinho e eu dei um selinho nela.

Terê: Sou linha de tempo estampado no teu face, na tela da vida sou teu papel de parede.- abracei a cintura dela e cantei no ouvido dela.- Caminhou comigo, como combinado...

Scarlet: Disse só a morte vai desfazer nosso laço.- riu jogando a cabeça pra trás- E me abanava vendo o circo pegar fogo, assistindo a graça do palhaço vira choro.

Cantou assim até chegar na melhor parte, e ali eu vi que tinha algo nela que não tinha em nenhuma outra. Por mais que a Scar seja desse jeito solto dela, eu botava fé que quando eu precisasse ela ia tá ali pra mim. Ela tinha o jeitinho de cobra dela, mas o que o olhar dela transmite pra mim é pura verdade.

Scarlet: Vai contar pro mundo que foi linda nossa história, pra eternidade eu sou o teu.- deu a pausa da música olhando nos meus olhos.- Cartão de memória.

Terê: Bandida.- cantei a parte da música fazendo ela rir.- quando eu fui bandido você foi minha bandida, eu fui o seu homem e você foi minha mulher, fui o seu menino e você foi minha menina, quando eu fui coringa você foi a minha arlequina!- ela levantou a cabeça mostrando toda confiança.

Essa é pra ser minha!

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