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Terê

O suor frio que corre pelo meu corpo enquanto eu ando de um lado para o outro dentro dessa porra de sala enquanto ninguém me deixa sair daqui pra ir atrás da minha filha e da minha mulher. O ódio que eu tô de tudo que aconteceu e de como aconteceu tá me consumindo cada vez mais me dando a certeza que eu vou fazer alguém pagar pelo o que aconteceu.

Não vou mentir, tive medo, medo pra caralho quando tudo começou acontecer, quando vi a Scarlet correndo com a Calena, mas bati de frente igual, corro nunca! Fui pego despreparado mesmo, não tava esperando nenhum ataque, muito menos em outro estado.

Tô me cobrando pelo erro de ter colocado minha filha em perigo e alguém que não tem nada haver com minha vida, que não tá no meio dessas paradas, mas o alívio por tá vivo é enorme.

Ataque dos vermes, foram prontos pra me matar e ninguém saber de nada. Eles tavam armados até os dentes, mas por sorte tinha gente por perto. Os crias entraram forte como se soubessem que algo ia acontecer e isso tá me intrigando.

Outra parada que tá martelando aqui é como eles sabiam onde eu tava. Só quem sabia desse lugar era eu e meu pai, mais ninguém! Papo de as paradas tá se encaixando agora é o sangue fervendo cada vez mais.

Escuto a porta abrir e olho vendo meu pai entrar por ela com minha mãe chorando e quando me acha vem até mim vendo se eu tô inteiro.

Inteiro eu até tô, mas que a porra do tiro de raspão no pescoço tá doendo, ele tá!

Selena: Eu fiquei tão preocupada, meu filho!- chora enquanto me abraça e eu abraço de volta passando conforto mesmo não esquecendo a discursão que tivemos antes da viagem.

Terê: Tô tranquilo, Selena!- afasto e olho pro meu pai esperando o sermão vim.

Pitu: Tu já sabe o que eu tenho pra falar né?- sento na minha cadeira e ele chega mais perto.- Você tá maluco de sair sem contenção moleque?- fala mais alto e eu fecho a cara.

Terê: Quer me dar sermão? Pode dar, mas abaixa o tom aí!- gesticulo com as mãos e ele passa a mão no rosto.

Pitu: Você tá achando que é quem nesse bagulho?- pergunta encostando na mesa.- Você é o chefe porra, o chefe! Sua ficha ainda não caiu que vai ter gente tentando te matar o tempo todo não?

Terê: Agora caiu né, quase morri!- encaro o chão pensando nessa porra toda.

Pitu: Entao entende que essa porra não é brincadeira mais né? Que viver nisso aqui é guerra o tempo todo, então fica ligado caralho, essa é sua vida!- solto uma risada baixa de raiva.

Terê: Vida que você escolheu pra mim né?- ele respira fundo.

Pitu: Tu é filho de bandido e mesmo assim te dei oportunidade quando era mais novo pra não entrar nisso aqui, mas tu quis curtir com os crias, não foi não?- encaro ele.- Então agora arca com sua responsabilidade, bate no peito malandrão, e assume seu posto!

Ele sai da minha frente parando enfrente a janela e minha mãe se senta no sofá mexendo no celular. Minha mente voa de volta pra minha filha e eu lembro que tenho que descobrir quem ajudou nessa porra toda.

Terê: Tenho que descobrir quem mandou os vermes pra lá!- ele coloca o cigarro de maconha na boca e acende enquanto puxa.

Pitu: Tenente Viana!- eu gargalho de ódio pela vigésima vez no dia.- Conhece né seu filho da puta?

Terê: Conheço, e se ele não morreu naquela porra, ele sabe bem o que vai acontecer com ele.- ele me passa o baseado mas antes que eu possa pegar ele puxa a mão.- Qual foi?

Pitu: Bola o seu!- nego com a cabeça.- Pois então, da teus pulos pra resolver com ele, tenho que resolver nada aqui não!

Terê: Antes de resolver com ele tenho que saber quem mandou ele pra lá né!- ele me olha esperando que eu continue.- Só quem sabia daquela casa era nós dois. E até agora não sei como os moleques daqui me acharam.

Pitu: Fui eu quem mandei eles! Mas eles não sabiam a localização, eu só mandei quando soube da movimentação.- senta na cadeira na minha frente.

Terê: E como soube da movimentação?- cruzo os braços.

Pitu: Tem câmeras em todo redor da casa e nos postes da ilha!- eu concordo com a cabeça olhando no seu olho.

A sala fica em silêncio com vários pensamentos na minha mente e a confusão que tá tudo isso aqui.

Selena: A puta que você se deita sabia onde vocês estavam!- eu olho pra minha mãe.- Ela pode ter entregado, ué!

A possibilidade dela ter feito isso surge na minha cabeça e eu paro uns segundos pra raciocinar sobre isso.

Terê: Já te falei que ela tem nome, e se não te falei, vou falar agora!- ela fecha a cara me encarando.- Não fala dela, não toca no nome dela ou se refira a ela desse jeito.

Selena: Se referir a ela a o que ela é?- levanto já puto.

Terê: Mete o pé, Selena, não era nem pra tu tá aqui pô!- ela levanta respirando ofegante.- Vaza, pô!- Ela sai da sala batendo a porta e meu pai me olha me repreendendo pelo meu ato.

Pitu: Selena tem passado do limite em certos pontos, mas ela continua sendo a mulher que te criou, e eu não vou aceitar você falar assim com a minha mulher.- eu me sento com o pescoço doendo por ter forçado e concordo com a cabeça.- Tem essa possibilidade mesmo, tem que pensar aberto, Juan, tu conhece muito pouco essa garota.

Respiro fundo jogando a cabeça pra trás pensando em qualquer coisa que me diga que não foi ela que entregou o local, mas ainda assim vinha as chances de ter sido ela. 

O rádio toca e eu pego esperando a frequência firmar e quem tá do outro lado da linha falar.

Xx: Carro do BG chegou com a filha do chefe!- levanto da cadeira sentindo o pescoço repuxar e sigo pra fora da sala pra ver minha filha o mais rápido possível.

Vejo o jetta preto parando enfrente a casa e logo a porta se abrindo mostrando a duda descer do carro com minha filha dormindo em seus braços. Ergo os braços pra pegar ela, mas a duda não deixa.

Duda: Tá cheio de ponto no pescoço, não pode pegar peso!- reviro os olhos e ela entra pra minha sala colocando a menina deitada no sofá que tem ali.

Olho de volta pro carro e vejo o cabelo bagunçado de alguém tentando descer e meu peito se aperta ao ver a faixa na perna e na barriga visível pela blusa curta. Meu peito se aperta mais na possibilidade da possível traição e ela desce do carro tentando se manter em pé. Quando me vê, tenta andar em minha direção e eu vou até ela pra ajudar ela andar, mas ela me abraça forte me fazendo retribuir.

Scarlet: Meu Deus, você tá vivo!- Ela chora passando a mão por todo meu rosto e eu encaro os olhos pretos que me deixa maluco cada dia mais.

Tere: Sai todo mundo daqui!- falo com os menor que tava ali e eles circulam descendo o morro abaixo.

Fico ali abraçado com ela ouvindo só a respiração acelerada e sentindo seu coração disparado encostado no meu peito. A vontade de ficar ali era grande, mas de saber a verdade é necessária.

Terê: Olha pra mim!- ela levanta a cabeça e olha pra minha boca.- Olha pra mim, Scarlet.- ela guia os seus olhos para os meus e com o coração apertado eu digo.- Foi você quem entregou onde a gente tava?

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