Scarlet
Sinto o ardor na minha perna enquanto eu corro na areia quente segurando a Calena nos meus braços. O peso faz a perna fraquejar pelo tiro que perfurou minha pele. O sangue escorre e sinto a dor de outro tiro na cintura.
Na minha mente o desespero toma conta. O medo de uma dessas balas acertar essa menina é maior do que a dor que eu tô sentindo nesse momento.
Abraço o corpo pequeno com mais força e saio da areia pisando no concreto que dá acesso à área da casa. Olho pra frente procurando o Juan, mas não encontro deduzindo que tá dentro da casa.
Calena: Tiaa!- chora mais se agarrando a mim.- eu tô com medo tia.
Scarlet: Calma amor, vai ficar tudo bem!- passo a mão em seus cabelos tentando passar a tranquilidade que eu não estou tendo no momento.
Entro na casa correndo sabendo que quem tá lá fora vai entrar. Subo os primeiros degraus sentindo a perna latejar e vejo Terê descendo.
Terê: Você vai sair daqui!- passa dois fuzil nas costas.- Vocês duas, tá chegando reforço e eu vou dar um jeito de aguentar até eles chegarem.
Scarlet: Você tá ficando maluco?- quase grito.- Você não vai bater de frente sozinho, você vai vim com a gente!- dou mais um passo pra ficar cara a cara com ele, mas a perna dói e eu solto um gritinho de dor.
Terê: Que que foi?- me olha preocupado.- tá machucada? Algum tiro acertou você?- vem na minha direção e pega a Calena do meu colo.
Scarlet: que eu tô sentindo foram só dois.- olho a cintura perfurada e o sangue escorrendo.- Mas não muda de assunto, você vai sair daqui com a gente.
Terê: Atravessa a ponte e pede ajuda pra alguém te levar pro hospital.- pega na minha mão e sai andando por uma parte da casa que eu não tinha visto.- Eu sei que tá doendo e logo você vai começar sentir frio, mas você tem que atravessar com Calena.
Scarlet: Não!- tento parar de andar mas ele me arrasta até a porta da frente dando a visão da ponte de uns 300 metros.
Terê: Por favor, Scarlet!- para na minha frente olhando nos meus olhos.- Só cuida da minha filha.- eu concordo sentindo minha pálpebra tremer e meu coração gritar que não é pra deixar ele sozinho.
Ele beija a testa da filha dele e coloca ela no chão enquanto limpa o rosto dela.
Terê: Você vai correr junto com a tia, vai obedecer ela e cuidar dela também, jaer?- ela concorda enquanto soluça.
Calena: Vem com a gente papai!- ele suspira e eu escuto os passos entrando na casa.
Terê: Vai agora!- eu pego na mão da pequena sentindo a lágrima descer e assim como ele não olha pra trás quando entra na casa, eu também não olho com medo de ver o que eu sei que vai me traumatizar.
Corro em direção a ponte e seguro a vontade de gritar de dor. A ponte bem movimentada não se dá mais pra ouvir os barulhos de tiros, mas vejo os 5 carros pretos atravessando em alta velocidade e um deles me mostrando o adesivo escrito "Calena" no vidro traseiro.
Solto um suspiro forte de alívio e começo a mancar pela dor na perna. Uma mulher me olha naquele estado e tenta se aproximar, mas continuo com meu trajeto. Sinto o suor gelado descendo sobe meu rosto e a saliva faltar em minha boca.
Xx: Moça?- escuto o casal me chamar e seguro mais forte a mão da minha filha.- Moça, você tá pálida!
Scarlet: Me ajuda!- peço sentindo meus olhos pesarem.- ajuda ela.
Xx: É sua filha?- as palavras me faltam e tudo começa a ficar preto.
Calena: É a minha mãe, ajuda ela, por favor.- escuto a voz dela antes de sentir meu corpo fraquejar e não ouvir mais nada.
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Luxúria
De TodoEntregou-se tanto ao vício da luxúria que em sua lei tornou lícito aquilo que desse prazer, para cancelar a censura que merecia.