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Terê

Passei a madrugada toda vendo a Scarlet e a Calena dormindo. A sensação de que alguma coisa ia acontecer não saia de mim e automaticamente eu não conseguia sair da posição que eu tô agora.

O que aconteceu hoje foi um bagulho que me deixou puto pra caralho. Primeiro que por eu ter perdido o controle e segundo pelo que a avó dela fez com ela. Não me arrependo de ter entrado no meio pra proteger a Scar, porque quando eu vi ela tomando aquele soco meu sangue ferveu e a minha vontade era de matar aquele filho da puta.

E eu ia matar.

Já não me descia ele querer crescer pra cima de mim quando eu assumi o comando da favela, e agora que não desce mesmo por ter encostando a mão nela.

É minha pô! Ninguém encosta, ninguém fala mal, ninguém olha enquanto tá passando. Essa porra tá indo rápido demais, mas que se foda também.

Vou viver pô, me permitir viver o que eu nunca mais tinha permitido pelos acontecimentos passados. Vou parar de negar que tô sentindo uma parada diferente por ela e vou dar minha cara a tapa.

Apoio meus braços nos meus joelhos e olho pra janela aberta mostrando a vista do mar abaixo das casas amontoadas me fazendo lembrar de vários bagulhos que eu já vivi aqui.

Quando eu era menor contava os dias pra comandar isso aqui. Sempre vi como meu pai fazia e ele sempre falou: "Você vai comandar isso aqui!" E eu almejava por isso. Gostava da sensação de trocar tiro, de invadir outras favelas pra ter mais e mais sempre, mas aí a Calena nasceu e tudo mudou.

Meu maior medo sempre foi acontecer algo com ela por culpa minha, culpa do que eu escolhi pra minha vida. E aí eu dei uma maneirada, e veio a pressão. Pressão dos que me conheciam de fora e sabia que eu ia assumir um dia.

O papo era "Vai assumir uma favela como se tem medo de trocar tiro".

Aí eu comecei com as drogas. No início era só maconha pra me acalmar e tals, depois foi chegando a cocaína pra me deixar ligado nos bailes juntos com os "parceiros". Aí chegou a LSD, famoso doce, colocava na língua e entrava na onda legal, até o dia que eu coloquei no olho e deu ruim.

Vi meu pai derretendo na minha frente e comecei a desesperar. Ele percebeu o que eu tava tendo e me levou pra casa, onde eu tremi a noite toda. 

Fui piorando e piorando até o dia que eu decidi que não queria aquilo pra minha vida e pra vida da minha filha. A vergonha foi imensa de um dia ter deixado passar pela cabeça dela que teria um pai viciado.

Vejo a minha diaba se mexer na cama e coçar o olho inchado do soco que levou na briga. Ela se senta na cama me procurando e quando não acha, me procura pelo quarto. Quando me vê, me olha confusa e se levanta andando na minha direção com a minha camisa batendo nos joelhos.

Scarlet: Tá acordado por que?- Pergunta se sentando no meu colo.

Desço minha mão pra sua bunda quando ela passa as pernas em volta de mim e se senta de frente.

Terê: Tô sem sono.- ela passa a mão no meu rosto e me dá um selinho demorado.- Volta dormir, bebê.

Scarlet: Já dormi demais, me deixa aqui.- eu concordo com a cabeça olhando pros seus olhos que estão vidrados nas minhas tatuagens.- Tem certeza que você tá bem?- eu concordo com a cabeça.- Você tá tenso, Daddy.

Terê: Tô tranquilo, deita aqui.- puxo ela pro meu peito.

Scarlet: Quer ir pro outro quarto pra eu tirar essa tensão?- beija meu pescoço e eu sinto meu pau endurecer dentro da bermuda.

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