Capítulo 1: A briga

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Helô estava extremamente irritada com Stenio. Não, irritada não era bem a palavra certa para definir aquele sentimento... Era mais como decepcionada.

Não tinha nenhuma dúvida da conduta do ex-marido em relação aos seus clientes e da índole destes, já que em muitas ocasiões, Stenio tinha defendido seus presos e ela sabia que sua equipe tinha feito investigações impecáveis, trabalhando incansavelmente para proteger os civis.

Sabia o que o ex-marido fazia, sabia que em muitas ocasiões ele era literalmente o advogado do diabo, mas ver Stenio cometer um crime para encobrir um cliente, tinha a feito questionar mais do que sua ética e moral como advogado, mas o seu caráter.

E ela odiava isso.

Odiava pensar que talvez não o conhecesse tão bem quanto achava que sim. Que Stenio podia não apenas tampar os olhos para os crimes dos clientes, como também cometer outros delitos em prol de seus clientes, que poderia já ter cometido.

Ela tinha medo.

Medo de não conhecer o homem que amou por mais de 30 anos, medo de que ele representasse tudo o que ela abominava.

E odiava Stenio por isso.

Odiava ainda mais saber que independente de tudo isso, ela continuava o amando.

— Delegada? — Ela piscou, dissipando os seus pensamentos sobre o seu ex-marido e olhando para sua detetive e amiga.

— Manda, Yone.

— Então, não encontraram mesmo o arquivo sobre o processo... Tentei entrar em contato com o delegado, mas ele nem quis responder nada.

— Então foi realmente queima de arquivo?

Yone assentiu. Sabia o que aquilo causava na delegada, podia ver em sua expressão a decepção estampada, mas não podia esconder isso dela.

— O que a doutora vai fazer?

Ela suspirou, se sentindo extremamente cansada. Parecia que aquela notícia tinha feito com que um peso se instaurasse em seus ombros e em seu coração.

— Vou falar com a Laís.

— Mas delegada...

— Quero saber se ela sabe das ações que Stenio tomou ou se ele fez isso sozinho.

— Você acha que ela vai entregar o sócio assim?

— Se for uma ação dele voltada para ajudar o Moretti, talvez. Eu sei que ele não é oficialmente cliente do escritório deles... Laís é sensata, talvez consiga dissoadir o Stenio dessa loucura.

— Por que você não fala com ele?

— Ele vai agir como sempre: se fazer de sonso e desconversar ou omitir. Não. Laís é a opção mais segura.

Para o seu coração também.

[...]

Helô tinha abordado Laís na hora do almoço e a feito abrir o bico sobre tudo o que sabia, dizendo que não iria compactuar com nenhum crime de Stenio. Ela tinha um dever ético de relatar aos seus superiores sobre o desaparecimento do inquérito e deixou bem claro que faria isso, afinal, prendeu o próprio genro, então também poderia prender o seu EX-marido.

Helô sabia da conexão de Moretti em tudo, mas após falar com Laís, descobriu outra peça do tabuleiro: Oto. Stenio tinha sumido com o processo pada ocultar o nome do Oto que o ligaria diretamente a empresa de Moretti, o qual poderia ser prejudicado se tivesse o envolvimento confirmado com alguém envolvido com a polícia.

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